A direcção do Colégio Rainha D. Leonor lançou este ano um regulamento do uso de telemóveis, consolas e tablets, que proíbe o seu uso no recinto escolar. Esta é uma medida que pretende trazer a dinâmica e as brincadeiras para os recreios da escola, combatendo a dependência das novas tecnologias e fortalecendo as relações interpessoais. Sem estes pequenos aparelhos, torna-se também mais fácil controlar situações de bullying e modas de desafios em rede.
Os alunos do 5º ao 8º ano do Colégio Rainha D. Leonor estão proibidos de utilizar o telemóvel ou outros dispositivos de comunicação móvel no recinto escolar durante o período de aulas e intervalos. Já os do 9º ao 12º ano podem utilizá-lo apenas nos intervalos.
Esta é a principal medida do novo regulamento, que entrou este ano em vigor e que, conforme pode ler-se no documento, pretende que os jovens “cresçam num ambiente mais saudável do ponto de vista social e até individual, porque as redes sociais e alguns jogos, nomeadamente em rede, estão a criar comportamentos inquietantes”.
A ideia do regulamento vem devido à percepção de que os alunos não conversavam à refeição e não brincavam no exterior. A direcção do Colégio nota que o Estatuto do Aluno veio impedir a utilização destes aparelhos. “No entanto, na prática, esse impedimento não coibiu os alunos de trazerem, usarem e abusarem do uso do telemóvel em contexto escolar”, lê-se no documento.
Caso os dispositivos sejam levados para a escola, devem ser desligados e colocados à entrada da sala de aula, numa bolsa correspondente a cada aluno. No refeitório a utilização também é proibida.
As comunicações do e com o exterior devem ser feitas através da secretaria da escola.
O regulamento prevê, obviamente, que o docente responsável pela sala de aula e demais locais onde se desenvolva o trabalho escolar pode autorizar a utilização dos referidos equipamentos, com finalidade didática e pedagógica, até porque “o telemóvel passou a ser encarado como uma ferramenta, considerada por muitos essencial e indispensável, mas que divide opiniões, pois, embora traga inegáveis vantagens, também pode transformar de forma negativa o contexto da sala de aula e a relação entre alunos e entre professores e alunos, fragilizando o desenvolvimento social das crianças e dos jovens”.
As infracções ao regulamento levarão à aplicação de uma advertência e comunicação ao director de turma do aluno ou à apreensão imediata do equipamento, que será entregue na direcção pedagógica e depois devolvido ao encarregado de educação. “A recusa da entrega do equipamento, em sala de aula, implica a ordem de saída da mesma e demais locais onde se desenvolva o trabalho escolar, com marcação de falta disciplinar e participação escrita, com conhecimento ao director de turma”.
Já em momentos de avaliação, uma infração deste tipo pode determinar ainda a anulação da prova.
RESULTADOS FORAM IMEDIATOS
A directora do Colégio, Sandra Santos, revelou à Gazeta das Caldas que os primeiros tempos têm sido positivos, ainda que este seja um desafio para todos (até porque os próprios professores não podem utilizar estes aparelhos no refeitório). “Alguns alunos estranharam ao início e na semana passada tivemos que controlar um bocadinho mais, mas cumpriram bem e perceberam os objectivos”, contou.
Já em relação à maioria dos pais, esses “receberam muito bem a ideia, porque é uma dificuldade que também sentem em casa”.
Os resultados desta medida foram imediatos: “os intervalos são mais dinâmicos e os alunos descobriram espaços na sua escola que se calhar nem conheciam”, disse Sandra Santos, acrescentando que o campo de jogos tem estado sempre ocupado.