Área ardida é a menor dos últimos anos, assim como o número de acendimentos e até de incêndios em habitação reduziram. Em ano de pandemia, há mais cuidados e as ocorrências registam mínimos, mas nem tudo é positivo…
O ano de 2020 foi calmo no que diz respeito ao dispositivo de incêndios, que terminou a 30 de setembro. Em Portugal, este foi o terceiro ano consecutivo abaixo da média da última década. No concelho das Caldas da Rainha, os resultados vão ainda mais longe. O concelho registou um total 2,5 hectares de área ardida – o equivalente a 2,5 campos de futebol –, que comparam com os 6,8 do ano passado, em 77 ignições, menos 36 do que em 2019.
Para se estabelecer uma comparação de grandeza, em 2017, considerado o ano negro dos incêndios em Portugal, o concelho teve uma área ardida de 400 hectares em 125 ignições.
“Foi um ano calmo, houve algumas situações de negligência que resolvemos, e só uma ocorrência no Casal do Rodo (Alvorninha), que se não tivesse sido atacada rapidamente podia ter sido mais problemática”, explica à Gazeta das Caldas o comandante dos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha, Nelson Cruz.
O responsável diz que, além de ter sido um ano especialmente calmo no que a incêndios florestais o que pode, ou não, ter ligação a um maior confinamento devido à pandemia de covid-19, o trabalho de limpeza que tem sido realizado, sobretudo nas faixas junto às estradas, tem tornado o concelho mais seguro a este nível.
“No ano passado os 7 hectares já tinham sido bons, será mais ou menos dentro desses valores o que se pode considerar para um concelho como o nosso”, afirma o comandante.
Além dos incêndios florestais no concelho, a corporação caldense saiu para 72 intervenções fora do concelho, o que significa que houve quase acorreram a quase tantas chamadas fora como no concelho.
Nelson Cruz realça que, mesmo ao nível dos incêndios em habitações se verificou uma diminuição, de 69 para 42 ocorrências. “As pessoas estavam mais em casa, houve menos descuidos, como sair e deixar eletrodomésticos ligados”, aponta.
Um ano diferente
Se em relação aos incêndios florestais Nelson Cruz não pode estabelecer uma relação entre a diminuição dos números, em relação à restante atividade da corporação o comandante não tem dúvidas quanto à “responsabilidade” da redução.
“Foi um ano completamente diferente, na generalidade, tivemos uma redução significativa em todos os serviços”, adianta. No ano passado, em finais de outubro os soldados da paz caldenses tinham recebido 11.500 alertas, este ano cifram-se nas 9.944, uma redução de 15,5%.
No concelho das Caldas da Rainha, os despistes reduziram de 62 para 58, os atropelamentos passaram de 32 para 6 e as colisões de 98 para 43. “É uma redução forte, mas infelizmente aconteceu por causa da pandemia, porque as pessoas estavam em casa”, refere Nelson Cruz.
O comandante acrescenta que em setembro e outubro, com a normalização da comunidade, voltou a haver maior afluência das chamadas de 112, o que levanta algumas preocupações.
É que a saturação das urgências do hospital das Caldas tem obrigado a que muitos doentes sejam reencaminhados para outros hospitais. Além disso, a falta de resposta do hospital na ortopedia e na cirurgia tem obrigado os bombeiros a fazer um grande número de transportes para Santa Maria, entre outras unidades, ao abrigo do protocolo com o INEM, o que limita a capacidade de resposta do 112.
“Temos a viatura para fazer emergência pré-hospitalar, mas se ela está a fazer transferências de doentes, o que envolve três ou quatro elementos, são recursos que deixam de estar ao serviço da população, quando há empresas privadas que o podem fazer”, adverte Nelson Cruz.

Vice-presidente da direção
dos Bombeiros das Caldas
Ao longo dos seus 125 anos, a Associação dos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha sempre contou com o apoio de toda a população e entidades oficiais do concelho.
Para todos nós, cidadãos, este ano tem sido particularmente difícil e para a nossa Associação as dificuldades foram acrescidas com o falecimento do Presidente Abílio Camacho.
Tentámos adaptar-nos às novas circunstâncias, para que a população continuasse a poder contar com os nossos Bombeiros, nas habituais solicitações e no socorro a esta nova pandemia. Para isso unimo-nos ainda mais, Comando, Corpo de Bombeiros e Direção, para nos apetrecharmos com todos os equipamentos de proteção, de modo que as nossas equipas pudessem com toda a segurança, prestar o socorro pedido, o que até hoje felizmente temos conseguido.
Aproxima-se mais um Cortejo de Oferendas, claro que diferente dos anteriores devido à situação que atravessamos. Precisamos da ajuda de todos, mas temos noção que estes tempos são difíceis para muitas famílias, por isso apelamos para que a vossa contribuição seja feita dentro das possibilidades de cada um, com a certeza que podem sempre continuar a contar com a nossa ajuda.
Agradeço em nome da Associação todo o apoio que os Caldenses nos têm sempre demonstrado nas mais diversas formas.
Obrigado e votos de muita saúde para todos.