
Uma ponte romana, coberta por vegetação, na Feteira (Salir de Matos) e vários monumentos megalíticos (Carvalhal Benfeito, Santa Catarina e Foz do Arelho) são os achados mais relevantes que estão confirmados pela equipa que está a desenvolver a Carta Arqueológica das Caldas.
Em 2017 os arqueólogos inscreveram 23 sítios na Direcção-Geral do Património Cultural, quase dobrando os 30 que, à partida, constavam na base de dados.
Sítios arqueológicos não têm necessariamente de ser castelos ou monumentos. Nalguns casos tratam-se apenas de pedras. Mas são pedras que ajudam a reconstruir a nossa História.
Na calha, ainda por confirmar, a equipa já tem mais oito sítios. Entre esses que aguardam mais estudos, está a possível identificação de um povoado da Idade do Ferro em Salir do Porto.
Os arqueólogos acreditam ter identificado duas estruturas amuralhadas em pedra. No próximo Verão, no âmbito do programa Ciência Viva, haverá prospecções neste local com alunos do secundário.
Na sessão, que decorreu no Espaço Turismo no passado sábado, 21 de Abril, Ricardo Lopes, arqueólogo que tem acompanhado o projecto, salientou ainda que há registos de um naufrágio romano junto às chapas na Foz do Arelho, mas que está por identificar e estudar. Além disso, fez notar que “parte da estrutura da Alfândega de Salir do Porto ruiu há uns meses” e que querem perceber que embarcação está afundada em frente à duna. Isto porque em 2012 foi possível identificar um barco de madeira em frente ao passadiço. Pensava-se que seria um caíque inglês, mas há também a possibilidade de ser uma embarcação bem mais recente, que ali ficou no século passado.
O arqueólogo concluiu que devem continuar a ser procurados vestígios romanos no concelho e notou que a zona “entre a Foz do Arelho e Salir do Porto, passando pela Serra do Bouro, apresenta a existência de um número considerável de sítios arqueológicos de diversas cronologias, o que prova que terá sido uma área privilegiada para a fixação de comunidades no passado”.
Nem todos os novos locais foram descobertas desta equipa porque muitos já eram conhecidos. No entanto, não estavam inscritos na base de dados da DGPC. É o caso da Capela de Sant’Anna e da ponte romana em Salir de Matos. No seu livro “Salir d’ Outrora” (2007), Carlos Querido refere-se a esta última como a Ponte da Malasia, uma “passagem entre dois territórios separados por um rio, e este, chame-se de Tornada ou de Salir, consoante o caminho por onde passa ou o porto onde termina, separou durante séculos as terras dos coutos onde imperava a Abadia de Alcobaça, das do termo de Óbidos onde dominava o Rei”.
E questiona-se se foi esta ponte “travessia das populações do lado Sul do rio com destino à cidade de Eburobrittium”.
Também no âmbito do projecto da Carta Arqueológica, está a ser preparada uma publicação a ser lançada no próximo ano sobre os moinhos do concelho, que são perto de uma centena. Entre estes está o das Boisias, um exemplar de madeira que foi totalmente recuperado pela autarquia e que será inaugurado nas comemorações do 15 de Maio.
