Creches reabrem com medidas de segurança

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As creches e jardins de infância começaram a reabrir a 18 de Maio. A Gazeta das Caldas acompanhou a reabertura e conta-lhe as adaptações que foram feitas nos espaços e os procedimentos actuais para deixar e ir buscar as crianças. Nesta fase apenas regressam às creches as crianças cujos pais assim decidam (ou que estejam obrigados por motivos profissionais).

Pelas 7h30 da manhã no Colégio O Brinquinho já se prepara a chegada das crianças. O primeiro dia de creche depois do confinamento era ansiado e receado, mas o segundo já decorreu com maior normalidade. Durante uma hora a equipa trabalha à porta fechada e quando começam a chegar os pais, logo pelas 8h30, já uma funcionária os espera ao portão.
Os pais, de máscara e luvas, tiram as crianças do carro e, fazem fila, com o devido distanciamento assinalado. É o primeiro posto. A seguir, logo à entrada do portão, as mãos das crianças são desinfectadas pela funcionária, seguindo-se a roupa e a mochila. Tira-se a temperatura e trocam-se os sapatos (os pais levam aqueles que as crianças traziam calçadas de volta e calça-se um par que fica sempre na creche e que só ali é usado e apenas nas zonas comuns) e é a funcionária quem leva a criança à porta da creche, onde é recebida por outra funcionária.
Pode parecer muita coisa, mas é um processo que acontece em pouco mais de um minuto. E ninguém se cruza com ninguém, havendo uma entrada e uma saída.
Alguns fazem a birra durante dois minutos, outros vão curiosos e há os que chegam alegres, apesar das circunstâncias. No primeiro dia sentiu-se uma angústia grande”, revelou à Gazeta das Caldas a directora técnica Rita Oliveira, acrescentando que “é difícil para nós a falta da parte afectiva”.
Das 52 crianças regressaram apenas 15, estando divididas em três salas. Mas antes da reabertura muito já tinha sido feito, nomeadamente, as salas, os objectos e as carrinhas foram desinfectados (e são diariamente ou duas vezes ao dia) e os funcionários foram testados. O colégio tem uma sala de isolamento em caso de contágio.
No dia 1 de Junho haverá mais crianças a voltar, com o regresso do jardim-de-infância (que conta com cerca de meia centena de inscritos), “mas não vão voltar todos”, até porque alguns pais vão manter-se em tele-trabalho. Depois existe outra cerca de meia centena no 1ºciclo.
A mãe Ana Lopes, já depois de deixar o seu filho, disse à Gazeta que “para os pais era melhor estarem em casa, mas tem de ser assim, ainda que fiquemos sempre com receio”. Também Francisca Martins disse que “é sempre um bocado complicado para as crianças ver todas as pessoas de máscara, é tudo novo e vai ser precisa uma adaptação. Se nem para nós é fácil…”.
Apesar dos receios normais, elogia o trabalho feito na creche. “Traz segurança, mas eu fico sempre receosa, porque eles querem colo e nesta fase não é fácil”, disse.
A situação é semelhante no Centro Social Paroquial das Caldas. Aí apenas regressaram duas das cerca de 50 crianças. “São crianças do berçário, pelo que é mais fácil manter o distanciamento, com dois berços de intervalo”, contou Madalena Bernardo, directora-técnica da instituição. Este facto permite uma adaptação mais suave para o dia 1 de Junho, em que irão receber mais crianças, sendo que, também aqui, não deverão regressar todas.
Também no Centro Paroquial se criaram e vão criar circuitos distintos, foi tudo desinfectado e os funcionários foram testados. Este espaço “tem a vantagem de ter as salas do 1º ciclo que está em tele-escola, pelo que poderemos usar as salas”. Por outro lado, os espaços são muito amplos, permitindo o distanciamento. O procedimento de entrada é muito semelhante aqui e também nesta creche a máscara causou uma pequena estranheza nos primeiros momentos do primeiro dia, mas essa foi uma sensação que foi rapidamente ultrapassada.

LEGISLAÇÃO

Uma das maiores dificuldades é que existe “muita legislação e muitas alterações para fazer e é preciso um reajustamento constante”, contou a directora técnica, salientando ainda assim que o facto de não terem tido nenhum caso entre os funcionários e utentes tem dado a serenidade necessária para gerir a situação.
Já na ASC Paradense os procedimentos serão parecidos. Tudo foi preparado para receber as crianças, mas não houve crianças para já, ficando a reabertura adiada para 1 de Junho. No total das respostas, a instituição tem 106 crianças. Entre as medidas previstas está também que nas sestas as crianças sejam deitadas por forma a que fiquem com a cabeça para os pés do colega.
A directora técnica, Vanessa Sobreiro revelou “a preocupação em garantir a segurança e o bem-estar físico e emocional das crianças e dos profissionais, pois trata-se de um grande desafio fazer cumprir todas as normas” e fez notar a dificuldade na questão do distanciamento entre crianças e entre estas e o educador. “Isto porque é o toque, o colo, o olhar nos olhos, as carícias, o beijo, a partilha, entre tantos outros afectos e demonstração de empatia, que constroem a confiança e o vínculo entre si. A partir de agora, parece-nos injusto e insustentável ao nível também do desenvolvimento e segurança para a criança, artificiar estas manifestações de afecto, com máscaras e distância física”. Outra grande dificuldade neste processo são “os custos inerentes à aquisição de todo o material de protecção individual, bem como a implementação de todas as medidas, pois envolvem um grande investimento por parte da instituição, que não tinha sido orçamentado”.
Nos contactos com os encarregados de educação os principais receios partilhados por parte das famílias “prendem-se essencialmente com o facto de saberem de antemão que muitas das recomendações apresentadas pela Direção-Geral de Saúde são completamente impossíveis de ser aplicadas”.