
A promoção da acessibilidade à saúde mental torna-se mais relevante em situação de recessão económica, defendeu o psicólogo Osvaldo Castro numa sessão sobre o tema que decorreu a 27 de Junho no Cadaval.
“O social da Saúde Mental: do mito à realidade” foi o tema desta acção, promovida pela Câmara do Cadaval, durante a qual o palestrante referiu que, “se os dados europeus apontam para que a recessão económica promova o aumento da perturbação mental, também é verdade que se reduzirmos os indicadores de perturbação de saúde mental provavelmente capacitará as pessoas para produzirem mais”.
Segundo Osvaldo Santos, para combater o estigma associado às doenças do foro psíquico, é necessário promover a literacia em termos de saúde mental, para que a acessibilidade ao tratamento seja melhorada, mas também uma literacia funcional, de modo a saber-se procurar, no sistema de saúde, a ajuda necessária.
Para o psicólogo, é também importante “devolver às pessoas mais confiança”, bem como informações mais concretas sobre o que se está a fazer, no combate à crise.
António Leuschmer, chefe do serviço de Psiquiatria do Hospital Magalhães Lemos (Porto) e presidente do Conselho Nacional de Saúde Mental, defendeu que a saúde mental não é apenas a ausência de doença e, por isso, não diz apenas respeito a pessoas que tenham tido uma doença clinicamente identificável.
“Ninguém, por muito que se sinta fisicamente saudável e não se sinta bem consigo próprio e com os outros, pode dizer que tem saúde mental”, reforçou o médico.
António Leuschmer salientou a importância de se identificarem os factores ou características que provocam uma alteração positiva ou negativa da saúde, seja das pessoas, seja das populações. Na sua opinião, sobretudo em época de crise económico-financeira, importa analisar os determinantes sociais, devendo constituir uma preocupação para os governantes a avaliação do impacto das medidas que tomam na vida das pessoas.
No entanto, o orador desmistifica que, à luz das estatísticas, não é linear dizer-se que uma boa saúde financeira é sinónimo de saúde mental. “Não se trata de encontrar a ‘poção mágica’, mas sim criar condições para que as pessoas se sintam bem consigo próprias e com os outros”, acrescentou o responsável.
Também presente nesta acção, Teresa Duarte, presidente da Associação para o Estudo e Integração Psicossocial, explicou o trabalho que esta entidade realiza ao nível da reintegração comunitária das pessoas com doença mental.
P.A.