Cristina Brito lidera investigação da exploração dos oceanos no passado

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A investigadora Cristina Brito visita frequentemente a região, onde passa fins-de-semana e parte das suas férias | DR
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A investigadora, que passou a infância no Bombarral, lidera projeto financiado com 10,4 milhões de euros para estudar impacto da vida marinha nas sociedades humanas. É a primeira vez que um português da área das Humanidades recebe esta bolsa

A historiadora do ambiente e docente universitária, Cristina Brito, em parceria com três investigadores de Dublin e Cambridge, ganhou um financiamento europeu de 10,4 milhões de euros para produzir um atlas da exploração histórica dos recursos marinhos.
De acesso aberto, aquele documento “será relevante para todos os temas académicos que se relacionam com o passado e o presente dos oceanos”, refere a cientista.
O projeto, denominado 4 – Oceans, tem por objetivo compreender a história da vida marinha nos dois milénios anteriores à época industrial e analisar o papel e importância da vida marinha para as sociedades humanas.
O estudo, verdadeiramente interdisciplinar, pretende “perceber o passado dos oceanos e a história das relações humanas com o mundo não-humano (do meio marinho)” e contribuir para a produção de conhecimento e para a ciência dos oceanos do ponto de vista das humanidades, como é o caso da história marítima (zoo), arqueologia, história ambiental, climatologia histórica.

Projeto permitirá produzir um atlas da exploração histórica dos recursos marinhos

Com início previsto para meados de 2021, terá uma duração de seis anos. “É um grande projeto em termos da sua duração, mas também em termos da equipa envolvida e das várias disciplinas científicas e dos objetivos que pretendem ser globais e de larga cronologia”, concretiza Cristina Brito.
A vencedora da primeira bolsa atribuída pelo Conselho Europeu de Investigação (ERC) a Portugal numa área das humanidades acredita que os resultados do projeto irão influenciar todas as disciplinas científicas (humanas e naturais) relacionadas com o estudo dos oceanos.
“Este trabalho vai contribuir para a literacia do oceano, num mundo que depende dos seus animais para a subsistência e segurança alimentar, e para reforçar o papel das humanidades para o estudo e conhecimento dos oceanos”, explica a também docente universitária.

Estudo tem início previsto para meados de 2021 e tem uma duração de seis anos

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Elvira Fortunato, vice-reitora da Universidade Nova de Lisboa, realça que a atribuição desta bolsa é um reconhecimento do “trabalho de excelência” que esta instituição do ensino superior desenvolve e que vem reforçar a importância da sustentabilidade e da interdisciplinaridade. Também João Sàágua, reitor da Nova, e Francisco Caramelo, diretor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, acentuam “a satisfação pela bolsa agora atribuída a Cristina Brito, a quem deve ser reconhecido todo o mérito e prestado todo o apoio por parte da instituição”.

Infância no Bombarral
Cristina Brito, de 45 anos, nasceu em Lisboa, mas cresceu numa aldeia perto do Bombarral, em A-dos-Ruivos, onde residiu entre os 5 e os 16 anos.
“Estudei na pequena escola da aldeia, numa sala que juntava todos os anos escolares, e depois fiz o todo ensino até ao secundário no Bombarral”, recordou à Gazeta das Caldas.
Vários familiares ainda moram em A-dos-Ruivos, onde tem a residência de família. A investigadora visita frequentemente a região, onde passa fins-de-semana e parte das férias. “Crescer no campo, em verdadeira ligação com a natureza, a brincar na rua e no campo, moldou a minha forma de me relacionar com o outros e com o meio ambiente”, salienta.
Da mesma forma, a proximidade ao litoral da zona Oeste, onde passava os três meses de férias de verão, marcaram a sua relação e perceção com o mar, os oceanos, os seus animais, e a zona de contato entre o ambiente marinho e a zona costeira. E também com a sua história. “Foi uma felicidade ter uma infância como a minha, da minha irmã e meus amigos de A-dos-Ruivos, e ainda recordamos com alegria e saudade esses tempos”, partilha a investigadora, acrescentando que tentam, sempre que possível, transmitir os mesmos valores e experiências aos filhos.

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