Desporto traz cada vez mais jovens estrangeiros para a região

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Aos quatro anos Patrick Schoen quis experimentar o ténis nos courts das Caldas e aos 18 tornou-se campeão europeu
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O suíço Patrick Schoen, de 19 anos, e o brasileiro Pietro Garroux, de 16 anos, têm uma coisa em comum, ambos são estrangeiros e desportistas que encontraram no concelho das Caldas da Rainha o melhor de dois mundos: qualidade de vida e condições de excelência para praticarem desporto de alta competição, respetivamente no ténis e no surf

Ondas do Oeste atraíram a família Garroux

Família do jovem surfista mudou-se para Portugal e encontrou em São Gregório o local pacato que procurava para viver

As manobras aéreas são as preferidas do jovem surfista brasileiro

Pietro Garroux. Fixe este nome. É um jovem brasileiro, de 16 anos, que está a dar passos decididos no surf e escolheu, com a sua família, as Caldas da Rainha para viver, nomeadamente São Gregório.
Deslizar numa prancha foi algo que atraiu Pietro Garroux desde pequeno. A paixão até começou com o skate, mas o pai, surfista, tirou-lhe as rodas e levou-o para deslizar sobre a água, ainda aos quatro anos.
A família estava, então, na Costa Rica, país que escolheram para viver por garantir bom clima, boas ondas e uma vida pacata. Foi neste país da América Central que o surf começou a crescer em Pietro. “Com seis anos, comecei a querer mesmo o surf, a competir e a surfar ondas grandes”, conta à Gazeta.
O surf de Pietro trouxe resultados e exposição nas redes sociais. Mas a família também sentiu o reverso da medalha. “Sentimos que ele estava a surfar bem, mas os resultados não estavam a aparecer, porque ele era um brasileiro a competir com costa-riquenhos, e isso não estava a fazer bem à mente”, recorda. Fez, então, uma pausa na competição, mas não no surf. Aos oito anos surfou, pela primeira vez, ondas gigantes, no México, e até foi motivo de reportagem na televisão brasileira.
Aos 12, após mais duas viagens à Indonésia e uma a Portugal, sempre com o surf como pretexto, preparava-se para voltar à competição na Costa Rica quando chegou a pandemia e toda a atividade parou durante ano e meio. Quando a quarentena acabou e as provas retomaram, “começámos a competir de novo e a ganhar campeonatos”, diz Marcelo Garroux, até que houve uma mudança de paradigma para a família. A irmã mais velha de Pietro veio para a Europa estudar, mais precisamente para Espanha, e a família acompanhou. Mas era preciso encontrar um local que desse para conciliar isso com o surf de Pietro, e esse local foi… o Oeste de Portugal.

Pietro Garroux em Óbidos, pouco tempo depois de ter chegado a Portugal
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Peniche era referência, até por ser albergue para aquela que é, atualmente, a única etapa do Campeonato do Mundo (Championship Tour) disputada na Europa. E Caldas da Rainha foi o destino. “Não queríamos estar junto à praia, queríamos estar num lugar que gostássemos e que fosse parecido com onde estávamos, pacato, isolado, mas suficientemente perto do mar e de uma cidade. E aqui encontrámos isso tudo”, conta Marcelo Garroux, que se sente bem com a opção tomada há cerca de dois anos. “Tem sido muito bom porque acabamos unindo trabalho com diversão e vamos conhecendo Portugal e a Europa”, acrescenta.
E depois a região oferece uma grande coleção de ondas e locais para surfar, o que é um grande ponto a favor. A onda preferida de Pietro é Supertubos, mas tem como senão ter uma janela temporal pequena de boas ondas. “Surfo muito no meio da baía, no Baleal, que é muito boa para fazer aéreos, surfamos muito aí e nos Belgas, e quando está bom, na Consolação também”, conta. E a Foz do Arelho também é uma opção, embora menos regular. “Por vezes a remada não acaba nunca, a ondulação é mais forte e ele cai em sítios onde está sozinho e eu não gosto muito disso”, diz o pai.
Em competição, Pietro faz de tudo, desde o campeonato regional do Centro até ao Qualifying Series (a competição de acesso ao CT), passando pelos circuitos júnior nacionais, europeu e mundial.
Os objetivos estão bem definidos, mas são para cumprir passo a passo. “Continuamos a ser estrangeiros num outro país e tudo tem o seu tempo, ele tem que surfar bem, as pessoas têm que o conhecer, até para buscar patrocinadores. Perde-se mais do que se ganha, mas temos um plano e estamos a ir bem”, afirma Marcelo.
Os objetivos para este ano são estar entre os 12 melhores do Pro Junior nacional, para poder intergrar no próximo ano a Liga Meo, este ano abdicou do regional para poder treinar na Indonésia, mas em 2025 quer estar nos três primeiros. No Pro Junior QS a meta é estar entre os 20 primeiros, “o que é difícil”, sublinha, e entre os 80 no QS. Outro objetivo é “completar um aéreo 360 completo aterrando de frente na bateria”, conta Pietro.
Reservado fora da água, é dentro dela e em cima da prancha que o jovem surfista se solta. “É estar sincronizado com o mar. Quando entro no mar entro num modo de concentração, vem a música e fico a pensar na manobra que vou fazer a seguir, nos movimentos que tenho que fazer. É a melhor coisa do mundo!”.
Os aéreos e os tubos são as manobras que mais gosta e as referências são brasileiras: Ítalo Ferreira, Filipe Toledo e Gabriel Medina, com quem já teve oportunidade de tirar fotografias. “Um dia gostava de chegar ao nível deles”, conclui. ■

 

Férias nas Caldas levaram Patrick Schoen para o ténis

Verões passados nas Caldas passaram a ter passagens obrigatórias na academia de ténis, onde o talento do jovem suíço se desenvolveu

O jovem suíço treina na Felner Tennis Academy com Pedro Felner e tem regularmente como parceiro de treino o caldense Pedro Libório

Chama-se Patrick Schoen, é um jovem suíço de 19 anos e estreou-se esta semana no top 1000 do ranking mundial de ténis, logo com uma subida de mais de 200 lugares para a posição 894. O leitor estará a perguntar-se nesta altura porque está nas páginas da Gazeta! Bem, é que ele aprendeu a jogar nas Caldas da Rainha e, no ano passado, a família mudou-se em definitivo para o concelho, para residir na Foz do Arelho. É pupilo do treinador Pedro Felner e, depois de no ano passado se ter sagrado campeão europeu de Sub19, é um tenista em ascensão.
Esta história começou há cerca de 15 anos, em mais umas férias de verão da família Schoen nas Caldas da Rainha. Na altura, era a irmã mais velha de Patrick que jogava, já na Felner Tennis Academy. “Um dia eu estava muito entusiasmado a ver o treino dela e disse à minha mãe: quero tentar jogar. Deixaram-me jogar por alguns minutos e eu gostei muito, comecei logo a ter aulas”, conta Patrick Schoen.
As primeiras pancadas foram dadas nessa altura, aos quatro anos de idade. O percurso na modalidade não foi imediatamente óbvio. “Eu costumava praticar dois desportos: jogava hóquei no gelo, que é muito popular na Suíça, e ténis”, recorda Patrick. Mas o talento com uma raquete na mão superiorizou-se claramente ao stick, “por isso concentrei-me completamente no ténis”. “Foi então que a minha jornada começou. Sempre a viajar, a jogar torneios e a treinar”, continua.
A família manteve a base na Suíça e nos meses de verão rumava às Caldas da Rainha para passar as férias, durante as quais Patrick treinava na academia de Pedro Felner. Foi assim até ao ano passado.
“Os meus pais perguntaram-me: porque não mudarmo-nos para Portugal? Em parte, o ténis teve um papel nessa decisão, porque para mim era melhor, tinha a academia onde pratiquei ténis toda a minha vida, mas os meus pais também gostam mais de estar aqui do que na Suíça, então mudámo-nos para cá no ano passado e adoramos”, conta.
Mudar de academia foi algo que Patrick Schoen nunca equacionou. “Aqui é como uma família. Entras e dizes olá a toda a gente, todos são próximos uns dos outros e isso é provavelmente algo de único. Além disso, conheço o Pedro [Felner] desde os meus cinco ou seis anos, cresci com ele e, além de ser meu treinador, é um amigo da família. Então, nunca mudaria”, garante.
Nas Caldas tem tudo o que precisa para evoluir o seu jogo. “Temos os campos de piso duro aqui e depois os de terra batida no Parque, tenho todos os recursos de que preciso, tenho os meus amigos a ajudar-me e a treinar comigo, é perfeito!”.
A isso junta-se a qualidade de vida que ele e a família encontraram no Oeste. Do que Patrick mais gosta? “Definitivamente a praia e o bom tempo, e também a boa comida e as pessoas, todos são muito simpáticos, é um ambiente muito agradável”, responde.
Foi já com residência fixa na Foz do Arelho que Patrick Schoen conquistou o mais relevante título na sua ainda curta carreira, no Campeonato da Europa de Sub19, em dezembro. “Foi uma vitória muito grande e foi muito, muito agradável”, afirma. É que, além de tudo, a prova decorreu… na Suíça. “Foi incrível!”.
O título europeu veio, sobretudo, dar mais confiança, até porque significou subir a número 1 de juniores do seu país, em singulares e pares. “É um sentimento especial de carregar”, diz, acrescentando, no entanto, que a conquista não o mudou enquanto pessoa, “só me deu mais confiança”.
Este ano, o jovem suíço radicado nas Caldas da Rainha está agora a iniciar o seu percurso no circuito profissional, tendo somado bons resultados nas últimas semanas em torneios da categoria Futures, o que está a fazer na pausa do ano escolar. É que Patrick Schoen continua de “casa às costas”. Agora não entre as Caldas e o seu país natal, mas em direção aos Estados Unidos da América, onde está a estudar e a competir no circuito universitário. “Por um lado, é muito bom, porque estudo e treino ténis, mas, por outro, reduz um pouco as minhas oportunidades de jogar no circuito profissional”, refere. Depois só voltará no final do ano, nas férias de Natal.
Mas o objetivo é tornar-se profissional quando terminar os estudos. “No curto prazo, definitivamente quero jogar Futures e melhorar no ranking ATP, e espero conseguir. A longo prazo, definitivamente quero ser profissional a tempo inteiro, é algo que gostaria de fazer um dia”, garante. ■

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