Secretário de Estado da Educação reconhece peso da digitalização e dos professores, no futuro
Na escola do futuro o digital terá um papel importante mas “vão continuar a ser precisos professores, escolas e será também necessário continuar a usar a memória”. Quem o garantiu foi António Leite, o secretário de Estado da Educação – e um dos convidados da conferência “Comunidades de Aprendizagem”, organizada por este semanário. A educação do futuro deverá ser vista “com os olhos do presente e do passado”, referiu o governante, em entrevista à Gazeta das Caldas. António Leite afirmou que, por vezes, podemos ser tentados a acreditar que podemos prever o futuro quando, na verdade, o que se consegue apenas “é preparar as crianças, os jovens e os adultos para o que pensamos que será o futuro”. E sublinhou o facto de que quando fazemos projeções “é sempre com conhecimento do presente. O que é uma falha para todos nós”. Sobretudo porque vivemos numa era de grande aceleração dos tempos e de aceleração da mudança. É uma era “como não tinha ainda acontecido na história”. Para o governante, a sucessão quase continuada de acontecimentos, “que se atropelam e que, às vezes, ainda não chegámos ao fim de um e já estamos assoberbados com outro, nunca tinha acontecido na história da Humanidade e também coloca questões às escolas”. O secretário de Estado considera que as escolas precisam de algo essencial, que é de tempo, e, se faz parte do plano curricular que os alunos têm que ter cinco horas de Português, é porque esse é o tempo necessário para que aprendam e para que possam adquirir um conjunto de competências específicas. Aparentemente, o futuro “pressiona-nos muito para caminharmos depressa”, mas para António Leite “temos que preparar os alunos para o que a escola sempre preparou, que é a vontade de querer aprender e de querer saber mais”, sublinhou.
Em relação à escola de amanhã, o governante considera que a digitalização terá “um grande peso, pois é algo que sentimos no nosso dia a dia”. É algo que está a acontecer não só na Educação mas também noutros setores da vida em sociedade. “É possível constatar que a digitalização invadiu verdadeiramente as nossas vidas”, disse António Leite. Na sua opinião, o grande desafio em relação à educação é garantir que crianças, jovens e adultos (que também devem ser associados à escola) “possam adquirir as competências digitais que serão essenciais, tal como foram as competências de literacia ou de alfabetização no passado”, sublinhou.
Para o governante, o digital tem que ser uma ferramenta de aprendizagem e “trazer-nos mais valias no ensino e na aprendizagem”. Se for apenas para ser usado tal como hoje usamos o papel, talvez seja preferível (tirando as questões ecológicas) continuar a usar o lápis e papel. “Temos que ver quais são as outras possibilidade e melhorias que o digital nos pode trazer”. O secretário de Estado também referiu que o digital – tal como qualquer outra tecnologia – “não é um fim em si mesmo e não tem um valor em si próprio pois ou se enquadra num conjunto de valores e de ética ou poderá dar mau resultado”, disse.
Considera que “temos um ano letivo que abriu – não direi com normalidade – mas em que todos estão a trabalhar para que este anos seja e decorra o melhor possível”, referindo-se aos professores, funcionários, autarquias, organizações não governamentais. E afirmou também e o Ministério da Educação “está disponível para ouvir e negociar com todos”.
António Leite ainda sublinhou que “a Educação existe porque há alunos e, como tal, o nosso foco deverá ser sempre neles”, rematou.■