Doces Conventuais atraíram milhares de pessoas a Alcobaça

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Gazeta das Caldas
O evento vai na sua 19ª edição e é uma aposta consolidada. O seu sucesso deve-se muito à qualidade dos expositores e ao espaço cénico em que se realiza.
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Todos os anos a Mostra Internacional de Doces e Licores Conventuais de Alcobaça atrai milhares de visitantes e a 19ª edição não foi diferente. Durante quatro dias o mosteiro tornou-se no local mais doce do país, com dezenas de receitas de doces, licores e compotas conventuais. Estiveram presentes cerca de 40 expositores, incluindo um licor francês, chocolate belga e doce de leite de Espanha.

Durante a passada semana os Doces e Licores Conventuais foram mostrados num dos maiores e mais bem preservados mosteiros da Ordem de Cister – o de Alcobaça. Em quatro dias, mais de 30 mil pessoas terão passado por aquele espaço, tendo o domingo sido o dia mais concorrido.

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Apesar de este ano não se ter realizado nenhum grande espectáculo, como os videomappings na fachada e no interior da igreja como nos últimos dois anos, muitos foram os que não perderam a oportunidade de ver o que de melhor se faz em termos de doçaria conventual.
À base dos ovos, açúcar e amêndoas, a diversidade é muita. Mas também já há muita inovação, por exemplo, com o caramelo ou os frutos vermelhos.
Em termos de expositores, marcaram presença cerca de 40. A maioria era proveniente de Alcobaça, mas houve quem tenha vindo de Guimarães, Vizela, Braga, Lorvão, Aveiro, Portimão, Ovar, Amarante, Évora, Reguengos de Monsaraz, Arouca, Coimbra, Tentúgal e Louriçal. E há até quem tenha vindo de França (Aubergenville com o seu licor Bénéditine), Espanha (o Dulce de Leche do Mosteiro do Sobrado) e Bélgica (Herkenrode e o seu chocolate de leite e chocolate negro).
Essa diversidade de produtos e de receitas é um dos grandes atractivos deste evento, que este ano contou com a apresentação de três livros, entre os quais a obra “Doçaria Conventual de Lorvão” que resulta de uma pesquisa de Nelson Correia Borges das receitas que saíram daquele convento para casas privadas aquando da extinção das ordens religiosas.

“Tenho muito respeito por esta mostra”

Maria Figueiredo Forte e o marido, Carlos Nogueira, vieram de propósito de Lisboa para ver pela primeira vez este evento. “Tenho muito respeito por esta mostra porque é das poucas em Portugal que mantém a autenticidade”, salientou Maria Figueiredo Forte. “Dentro da gastronomia portuguesa tenho estudado a doçaria conventual e é interessante ver a materialização de alguns conhecimentos”, acrescentou a albicastrense, elogiando a apresentação da mostra, a diversidade de produtos genuínos e a simpatia dos vendedores.
No primeiro dia da mostra foi inaugurada a obra do Parque Campismo de Alcobaça, um investimento de 318 mil euros (dos quais 212 mil euros provenientes de fundos comunitários). Nesse dia foi também estreada a pista de gelo em frente ao Mosteiro, que se irá manter até ao Natal.

Concurso sem surpresas

O concurso para o melhor doce voltou a ser ganho pela Pastelaria Alcôa, com a Coroa da Abadessa, uma receita feita de propósito para a vinda do Papa Francisco a Portugal (que lhe foi entregue).
As Nevadas da Pastelaria O Mosteiro e o Bolo S. Bernardo, da Escola Profissional Agrícola e Desenvolvimento Rural de Cister (EPADRC) receberam menções honrosas.
Nos licores o vencedor também não foi uma surpresa: o licor à base de especiarias e ervas aromáticas produzido no Mosteiro de Singeverga voltou a ser coroado, deixando as ginjas da Cisterdoce e Abbattiale da MLC Licores Conventuais, Lda., em segundo e terceiro lugares, respectivamente.
Em termos de compotas, este ano foi o Mosteiro de Louriçal o vencedor, com a Geleia de Maçã, Laranja e Fisalis. Em segundo ficou o Doce de Pêra Rocha do Oeste com Vinho do Porto da Cisterdoce, Lda.
Este ano não foi entregue nenhum prémio de inovação.

Recriar a tradição

Nesta edição foi apresentado o Pão-de-Ló de Coz, uma novidade que pretende recriar a receita original do Pão-de-Ló. Esta nova iguaria resulta de uma parceria entre a Coz’Art, o Centro de Bem-Estar Social de Coz, a Câmara de Alcobaça e a Casa do Pão-de-Ló de Alfeizerão (cuja receita original, diz-se, provinha do Mosteiro de Coz).
Como há sete séculos atrás não havia açúcar refinado, este foi retirado da receita e substituído por açúcar louro e mel. Ao contrário do Pão-de-Ló de Alfeizerão, este não tem recheio, o que permite um maior tempo de conservação.
A embalagem recria as grades do Mosteiro e o bolo é embrulhado num papel que remete para os azulejos do monumento. A parte gráfica foi concebida pelos caldenses MiniDesigners – Andreia Querido e Ricardo Fonseca -, que são também os autores das embalagens do Pão-de-Ló de Alfeizerão e do Atelier do Doce.

I.V.

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