
Em ano de celebração das Bodas de Prata, Mostra superou as expectativas quanto ao número de visitantes, entre os dias 16 e 19 de novembro
A 25.ª Mostra de Doces e Licores Conventuais foi visitada por mais de 50 mil pessoas, superando as expectativas e o número do ano passado, aproximadamente 30 mil, informou a Câmara Municipal de Alcobaça.
A abertura ficou marcada pela visita da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, que se mostrou muito satisfeita com a Mostra. “Vejo-a sempre cada vez com um maior profissionalismo, com mais ambição. E, enquanto governante, sinto-me muito orgulhosa que, quer a Câmara, quer a senhora diretora do Mosteiro (Ana Pagará), se associem a promover coesão e a mostrar o que de melhor os nossos territórios têm”, declarou à comunicação social.
A governante, que tem vindo a acompanhar a mostra ao longo dos anos, chamou ainda à atenção para a importância de “percebermos que o desenvolvimento económico das regiões só é sustentável se assentar naquilo que é a sua tradição, mesmo que se faça com mais tecnologia e mais inovação. E é isso que vemos em Alcobaça e que também eu defendo no planeamento e no desenvolvimento para as diferentes regiões do país”.

À entrada do recinto, ao longo do grande corredor em volta do Claustro D. Dinis, esteve patente a exposição “Esculturas de Pão”, de Nuno Pina, da confeitaria “A Lenda”. Tendo sido convidado pelo presidente Hermínio Rodrigues aquando da Festa do Pão, na Benedita, onde se estreou com as esculturas em massa morta, executou três quadros especialmente para a Mostra: um de S. Bernardo de Claraval, o outro alusivo aos 25 anos do evento e, por fim, o quadro “Alcobaça, Terra de Paixão”, com o logótipo do município. No total, apresentou 22 esculturas, entre as quais também estiveram as relativas à indústria da Benedita, como os produtos da cutelaria e dos curtumes, e as representativas dos objetos usados antigamente no fabrico do pão, como o forno, a masseira ou as tulhas dos cereais, por se tratar do setor em que trabalha, fazendo das esculturas em pão um “desporto”. Mas engane-se quem pensa que estas são comestíveis.
Logo a seguir esteve a exposição com os doces, licores e compotas, que venceram o primeiro prémio desde que o concurso teve início, em 2000. Os doces conventuais foram recriados pelas respetivas casas, ou já pelos descendentes, no caso de dois deles, tendo aguentado os quatro dias em exposição.
Numa visita em que nada ficou por ver ou provar, a primeira iguaria degustada pela ministra foi o licor de Singeverga, a que se seguiu o doce que a Alcôa criou para a mostra, o “Pecado dos Anjos”. Confecionado com abóbora-chila, pinhão, um praliné de amêndoas caramelizado e gemas, sem farinha, “como deve ser um doce conventual, bem feito”, foi a aposta para este ano da icónica casa, explicou a proprietária, Paula Alves. Mas a concurso colocou o ex-líbris da casa que gere há quase 40 anos, a cornucópia com doce de ovos, devido ao facto de, ao contrário do novo doce, ser bem conhecida do público em geral, num modelo de concurso que não obriga a vir à mostra para se votar.
Rumando ao Claustro do Cardeal, assistiu-se ao vídeo mapping, que teve como tema os 25 anos da Mostra, numa produção do Olho de Boi. No final da visita pelas seis salas do certame, decorreu a sessão solene, em que discursaram o edil alcobacense, Hermínio Rodrigues, a diretora do Mosteiro de Alcobaça, Ana Pagará, o presidente do conselho de administração da Visabeira Turismo, Fernando Nunes, a vice-presidente do Turismo do Centro, Anabela Freitas, e a ministra Ana Abrunhosa.
“Temos connosco carmelitas, irmãs clarissas, beneditinos, e temos também a presença das duas comunidades cistercienses, as duas únicas comunidades cistercienses, que são femininas, que existem em Portugal: as Irmãs Trapistas de Trás-os-Montes e as Monjas Cistercienses de Rio Caldo. Que, na verdade, são para nós um exemplo extraordinário daquilo que é a sustentabilidade destas comunidades, porque efetivamente têm de viver do seu trabalho. E a mostra de doces é uma montra muito importante para mostrarem os seus produtos, e, por isso, mais uma vez está cumprido o objetivo principal da preocupação social, da preocupação cultural, em associar todas estas comunidades a um evento extraordinário como é este e que decorre num espaço que é Património da Humanidade”, salientou Ana Pagará, dando nota positiva à colaboração entre o Mosteiro e a Câmara, tão necessária num evento desta dimensão.
Para terminar o dia em grande, ouviu-se Sofia Escobar, que veio atuar pela terceira vez a Alcobaça, e que encheu a tenda montada, pela primeira vez, no Claustro do Rachadouro, novamente cedido pelo Grupo Visabeira (que cedeu também a sala para os showcookings). Um espetáculo emocionante, em que se viajou por musicais que fazem parte da história da soprano, que atuou no West End, em Londres, tendo sido ainda interpretados dois originais do seu mais recente álbum, “Tanto Mais”.
Relativamente ao concurso, que este ano teve como júri o público, registaram-se 26 mil votos, que elegeram a Cornucópia de Amêndoa Caramelizada do Atelier do Doce como melhor doce, e a Ginjinha D’Alcobaça da Adega Lemos Figueiredo como melhor licor. O Atelier do Doce alcançou, assim, o primeiro 1.º prémio na Mostra de Doces e Licores Conventuais, tendo já obtido uma menção honrosa em 2018, ano em que apenas foi atribuída esta categoria de prémios. Já a Adega Lemos Figueiredo estreou-se como vencedora no concurso.

A Câmara ainda está em “fase de rescaldo” da presente edição, pelo que assegurou, à Gazeta, que “a seu tempo daremos conta do que estamos a planear para o próximo ano”, salientando que “estamos a trabalhar para continuar a dignificar o evento e o seu legado nos próximos 25 anos”. O investimento “superou os 150 mil euros”, revelou ainda.
Uma festa em que a História e as tradições continuam a ser vividas, celebradas e impulsionadas, e que tanto a organização como os participantes querem continuar a promover. “Participo neste evento há 25 anos e ainda não falhei nenhum. Porque venho para aqui como para a casa de uma família”, palavras da Irmã Maria Lúcia do Menino Jesus, de 85 anos, do Convento do Louriçal. “Devemos muito à Câmara, porque ela foi o princípio que nos fez ressuscitar para vendermos os bolos. Desde que começámos a vir para aqui tem havido muita publicidade, e agora temos muita venda no convento”, rematou a irmã, cuja casa recebeu o prémio para a melhor compota (Geleia de Maçã, Laranja e Fisalis) em 2017. ■