Rosalinda Chaves e Diana Almeida são duas jovens caldenses que decidiram apostar em projectos de cariz social. A primeira é psicóloga e trabalha com seniores de Óbidos. Quer que estes documentem o seu quotidiano usando máquinas fotográficas e assim se expressem sobre o que mais e o que menos gostam.
Diana Almeida é da área da comunicação e do marketing e quer auxiliar artesãos vendendo os seus produtos numa plataforma online. Pretende ajudar sobretudo aqueles que têm reformas baixas. A Fazenda também pretende salvaguardar algum saber-fazer em relação a antigas técnicas que podem originar propostas que agradem ao público contemporâneo. As duas empreendedoras obtiveram apoio financeiro para estas iniciativas. Rosalinda Chaves conta com 11 mil euros de apoio da Fundação Altice para o PhotoVoice e Diana Almeida com 10 mil euros do Empreende Já, do Portugal 2020.
Projecto Fazenda – uma causa social na era digital
Diana Almeida, 29 anos, formou-se em Marketing e Publicidade e depois fez o mestrado em Gestão de Marcas. Começou a trabalhar como consultora em agências de publicidade e, mais tarde, foi implementar um projecto de comunicação interna no Colégio Valsassina, em Lisboa. Foi ainda voluntária da Refood e foi “aí que percebi que eram os projectos sociais que mais me motivavam”, disse a jovem caldense, que resolveu tirar um ano sabático para trabalhar melhor a ideia de trabalhar em projectos sociais.
Viajou pela Ásia (Tailândia e Vietname) e quando regressou foi tirar cursos de costura e de aguarelas. “Fiz tudo aquilo que o mundo da consultadoria não permite pois entra-se às 9h00 e sai-se à meia-noite”, disse Diana Almeida. Os seus pais venderam uma casa que tinham no Avenal e deram-lhe parte do recheio para fazer com ele o que quisesse. A jovem começou a fazer feiras de velharias onde vendia louças, móveis, rendas e toalhas. “Adorei a experiência de vender nas feiras”, contou a jovem que contactou com vários artesãos que criavam produtos interessantes, mas que “não são apelativos para os dias de hoje”, disse.
Vendo que existia ali uma oportunidade de mercado, Diana Almeida candidatou-se ao Empreende Já e ganhou um apoio de 10 mil euros do programa Portugal 2020 para implementar o seu projecto. Começou há um mês a trabalhar em parceria com o Espaço Ó, da Câmara de Óbidos, e já se encontra a laborar em parceria com alguns artesãos do Centro de Dia da Capeleira.
O nome Fazenda advém do facto de sempre ter ouvido os seus avós dizerem que passaram a juventude “a trabalhar na fazenda”, isto é, a trabalhar no campo. Como todos os artesãos com quem tem falado iam para a fazenda, a jovem propôs-se recriar a palavra agora adaptada à era digital.
Aos artesãos que fazem parte do projecto, Diana Almeida chama-lhes fazendeiros. “É o caso do senhor Lima que faz cestos e de Maria do Rosário, que já tem 91 anos e ainda continua a bordar em tecido”, disse. Há ainda à venda no Projecto um fogão de madeira para brincar, que possui duas panelas e que é feito com os desperdícios de madeira. Podem também ser adquiridas peças em rendas e em cerâmica.
Uma Fazenda da era digital
Diana Almeida quer que os conhecimentos dos artesãos possam ser trabalhados por designers e artistas da ESAD e em co-criação, desenvolverem novos produtos. Neste caso, os autores são apelidados de vizinhos. “Todos têm aceite o desafio”, contou a responsável, explicando que desta lista fazem já parte Eneida Tavares, Samuel Reis, João Margarido, Constança Bettencourt, Francisca Branco, Ruben Silva, Filipe Ribeiro, Francisco Correia, entre outros.
Diana Almeida, que também é responsável por leccionar workshops de macramé (uma arte de tecelagem manual) no âmbito deste projecto, actualmente dá Actividades Lúdico-Expressivas nas AEC’s nas escolas caldenses do 1ª ciclo. Acumula com o facto de ser assistente de produção num estúdio de fotografia em Lisboa.
Numa primeira fase, a caldense que chegar à dezena de autores que até podem também já ter as suas marcas criadas e vender através da Fazenda.
No portal de vendas on-line, aqueles que são designados fazendeiros “são pessoas que sabem executar peças, que têm a técnicas, mas que vivem em situações sociais mais frágeis como, por exemplo, ter uma reforma muito baixa”. Ao resultado das vendas serão retirados 5% para ajudar os fazendeiros, consubstanciando a vertente social da Fazenda.
Com este projecto, a jovem empreendedora consegue juntar tudo o que mais gosta: “o artesanato, as pessoas e as suas histórias”.