Empresas familiares em destaque pela ACCCRO

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Experiência de quem possui empresas na família foi partilhada, a 25 de junho, no Céu de Vidro

A plateia no Céu de Vidro esteve cheia para assistir a mais uma tertúlia integrada nos 120 anos da ACCCRO. Ao todo 15 oradores, de diferentes gerações, partilharam a sua experiência do como é gerir uma empresa que se herda e que por vezes nem sequer está plano da geração seguinte poder dar continuidade ao negócio da família. Segundo Jorge Rodrigues, docente no IPL e no ISCAL que começou por explicar alguns dos conceitos ligados à família e às empresas, dando a conhecer que uma empresa familiar tem características específicas: a propriedade é detida por uma família empresária – na totalidade ou em parte – esta última influencia a gestão estratégica da empresa e os valores do negócio estão em consonância com os valores da família empresária e é esta última que vai também determinar o processo sucessório.
“Uma empresa só será familiar se já for gerida por uma segunda geração”, disse o académico acrescentando que se for passando por uma terceira ou quarta geração “passa a ser uma dinastia”.
A sessão contou depois com a partilha de vários empresários como Bernardo Cavalheiro – (Ginja Mariquinhas), Zélia Marques (Cervejaria O Litro), Francisco Vogado (Vogal Papelaria Técnica) Rui da Bernarda (Mercearia Pena), Margarida Varela (Casa Varela) Marisa Botelho (Restaurante Botellini), José Elói (Maratona), Susana Nogueira (Ourivesaria Amílcar Neves), Gonçalo Rabiais (Blowing Oceans) e André Nogueira (da Ourivesaria André Nogueira).A tertúlia, moderada pelo gestor Paulo Caiado, contou também com os testemunhos dos empresários Jorge Barosa (presidente da AIRO e empresário da Manuel Barosa, Lda) e do presidente da Câmara, Vítor Marques, também empresário da firma A. Marques. Vários dos participantes contaram como é que foi evoluindo cada um dos seus negócios mas nenhum dos presentes pretende “obrigar” os filhos a prosseguir com os negócios. Alguns já abriram os espaços com os filhos como sócios como contou Marisa Botelho, responsável pelo Restaurante Botellini enquanto que outras já são a terceira ou quarta geração na gestão das suas empresas, muitos fazendo-as crescer, abrindo novos espaços na cidade e noutras localidades, conforme deu a conhecer o ourives André Nogueira.
José Eloi contou que tem três irmãs mas acabou por ficar à frente do Café Maratona. Sentiu que foi “puxado” para o negócio quando o seu pai adoeceu. “Ele era um homem pragmático e de contas enquanto que eu sou mais da criatividade e de arriscar”, partilhou o empresário exemplificando que na altura do pai remodelar era “pintar paredes e mandar estofar cadeiras” enquanto que no seu “partiu-se tudo e construiu-se algo novo”. Ter suporte familiar nestes casos “é importante” sobretudo nos tempos pós-covid em que “é difícil ter gente de confiança ao nosso lado”, rematou. Rui da Bernarda também sucedeu no negócio de família nas Caldas. O responsável – que tem a Mercearia Pena, Capristanos e Pérola – partilha responsabilidades com o irmão e pais. “A minha experiência tem sido ótima mas, na verdade, não sei se os meus filhos quererão continuar”. A Casa Varela existe desde 1917 e já vai na terceira geração. É Margarida Varela que gere a empresa, depois dos pais lhe terem dito, no pós Covid que já não queriam trabalhar mais. Sendo “uma referência” no comércio das Caldas, a empresária pediu para que a sua e outras lojas congéneres possam ser incluídas na plataforma “Lojas com História”. E orgulha-se de ter clientes avós, filhas e netas. Também Bernardo Cavalheiro da Ginga Mariquinhas mostrou grande entusiasmo de já ser a quarta geração e foi com entusiasmo que explicou o negócio iniciado pelos trisavós. Susana Nogueira da Ourivesaria Amílcar Neves contou que só ingressou na empresa da família anos depois de ter exercido enfermagem. Luís Gomes da ACCCRO deixou algumas notas de preocupação relacionadas com a sucessão destas firmas e preocupa-se com o facto de não ser fácil “cativar jovens para trabalhar no comércio. “Creio que vivemos uma crise geracional à vista”, rematou o dirigente. ■

 

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