
Iniciativa, que envolveu cerca de 100 participantes, decorreu ao longo de dois dias, no CCC, com debates e workshops
Os primeiros encontros para a inclusão nas Caldas decorreram nos dias 4 e 5 de junho, no Centro Cultural e de Congressos.
A iniciativa, que partiu do município caldense e que contou com a parceria de várias entidades, abordou os diferentes eixos da inclusão, com workshops, debates e mesas redondas, envolvendo cerca de uma centena de participantes, sendo destinado, fundamentalmente, a profissionais e dirigentes, mas aberto à comunidade.
A “Infância e Juventude” foi o grande tema da manhã do primeiro dia, com painéis dedicados à saúde mental, as competências socioemocionais, a parentalidade, entre outras temáticas. Durante a tarde do primeiro dia tratou-se dos “Idosos/as”, com painéis sobre o envelhecimento ativo e saudável e as respostas sociais. Para a manhã do segundo dia estava guardada a temática da “Família e Comunidade”, abordando o atendimento e acompanhamento social de proximidade e integrado, a rede social, a pobreza e exclusão social. Foram apresentados diversos projetos de intervenção social, nas diferentes áreas, numa perspetiva de partilha de boas práticas. Especialistas e investigadores apresentaram conclusões dos seus trabalhos e houve um clima de reflexão e de diálogo entre os profissionais, numa temática que envolve tantas e tão diversas áreas, como a vertente social, a vertente da saúde, a vertente educativa e a cultural, entre outras.
Durante a tarde falava-se das “Pessoas em Situação de Vulnerabilidade Social”, com painéis sobre a integração na diferença e a vulnerabilidade.
Num dos painéis, Paula Domingos, da Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental, alertou que “ainda temos um conjunto de pessoas com doença mental institucionalizadas em hospitais, é uma questão que Portugal tem que resolver”. Paula Domingos esclareceu que existem 500 pessoas sinalizadas a nível nacional nesta situação e defendeu que “não é aceitável que continuem a residir em hospitais”.

Também durante a tarde decorreram três workshops em simultâneo com uma mesa-redonda, com os participantes a dividirem-se consoante as temáticas que mais lhes interessavam. “As pessoas em situação de sem-abrigo. Integrar em Rede” era uma das opções de workshop existentes e contava com Fábio Simões do projeto LEGOS como orador. “Os desafos na intervenção com vítimas de violência doméstica”, com Elisabele Brasil, investigadora do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais – CISC.NOVA, era outra. “Os desafios atuais da migração”, com Paula Ferreira (da Agência para a Integração, Migrações e Asilo), Yara Pernay (da Comunidade Local de Refugiados Ucranianos) e Joseph Poon (da Oeste International Community Volunteers), complementava a oferta.
Os desafios das migrações
Nesta fase, optamos por assistir ao workshop sobre as migrações. Durante a sessão, com menos de uma dezena de participantes, Paula Ferreira explicou que a AIMA surge da extinção do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteira) e do Alto Comissariado para as Migrações, dando a conhecer o trabalho que ali é feito e o seu funcionamento. “Estamos a tentar junto da tutela facilitar o processo de reconhecimento das qualificações”, revelou a coordenadora da unidade de Qualificações e Competências da divisão dos Serviços de

Promoção de Emprego Digno e Desenvolvimento Pessoal da AIMA, notando que atualmente os migrantes investem muito dinheiro nesse processo sem a garantia de que consigam ver as qualificações que tinham a serem reconhecidas. “Temos tido uma procura elevadíssima de pessoas à procura de emprego, mais irregulares do que regulares”, revelou a mesma oradora, explicando que optaram por criar sessões de empregabilidade que unem patrões e trabalhadores, mas também os cursos para a criação de negócios.
Joseph Poon começou por apresentar o trabalho da associação na região na missão de apoiar os estrangeiros que escolheram o Oeste para viver e dando conta dos projetos (entre os quais a colaboração com a Gazeta, com uma página quinzenal, em inglês, com conteúdos dedicados aos estrangeiros que vivem na região). Apontou como desafio o aumento do número de pessoas a vir para Portugal, que cria uma maior pressão sobre a estrutura social (nos vários níveis, como a educação, a saúde entre outros). Alertou também para a necessidade de não se falar sobre o nós e o eles, uma vez que estamos todos na mesma comunidade.
Por sua vez, Yara Pernay contou um pouco da sua história de emigração (ela que veio em 2001 da Ucrânia para Portugal) e falou sobre a necessidade de integração e a importância para os migrantes de aprenderem a língua do país. “Só se pode ajudar quem quer ser ajudado”, frisou. ■