
A entrada para o mercado do peixe, na Rua Capitão Filipe de Sousa, foi reaberta no passado dia 5 de Julho e irá manter-se até a que a obra no prédio ao lado, para a criação do Edifício de Promoção e Divulgação de Produtos Regionais, recomece.
Este abrandamento na construção deve-se ao facto do empreiteiro (empresa José Coutinho) estar à espera de material para continuar a obra. A intervenção no Edifício de Promoção e Divulgação de Produtos Regionais tem um custo de 560 mil euros e deverá estar pronta até ao final do ano. O vereador responsável pela regeneração urbana, Hugo Oliveira diz estar “preocupado com o andamento da obra, de modo a cumprir os prazos”, pelo que pretende reunir em breve com o empreiteiro.
Os vendedores do mercado do peixe não escondem a sua satisfação com a reabertura da porta que dá acesso ao centro da cidade e por onde entram muitos dos seus clientes.
“Foram três meses horríveis”, desabafa Elvira Santos, da Nazaré, lembrando que muitas pessoas deixaram de ir àquela praça porque não conseguem subir as escadas, que liga o mercado à Rua Leonel Sotto Mayor. A vendedora diz que tem clientes que foram pedir à Câmara para abrir a passagem porque gostam do peixe da praça e não conseguem dar a volta e entrar do outro lado, sobretudo os mais idosos. “Quantas vezes vou-lhes levar o carrinho, pois não conseguem descer, ou levar-lhes o peixe ao cimo das escadas”, exemplifica.
Desde a passada quinta-feira que nota a diferença, realçando que não se reflecte só na venda do peixe como no comércio das proximidades porque as pessoas aproveitam o facto de se deslocar aquela zona e fazem diversas compras.
Elvira Santos acrescenta ainda que quando recomeçar a obra terão que resolver o problema da passagem para o mercado, porque os vendedores não podem ser mais prejudicados.

Também Dora Remigio sente a diferença com a abertura da passagem que dá acesso à Rua Capitão Filipe de Sousa. A vendedora de peixe da Nazaré demonstrou por diversas vezes o desagrado à Câmara com esta situação, justificando que “era a nossa vida que estava em jogo”. Há mais de 15 anos que vende peixe no mercado e considera que esta situação foi a “gota de água” para os vendedores. “Tínhamos dias de não fazer para as despesas”, disse, acrescentando que muitos dos clientes deixaram de ir ao mercado.
Ao sábado, o maior dia de vendas, notava-se muito a quebra, regista Dora Remigio, que espera que a situação agora melhore um pouco. A vendedora destaca ainda que no verão são muitos os estrangeiros que ali procuram peixe fresco e que, com a porta fechada e desconhecendo a existência de outra entrada, acabavam por ir embora.
A vendedora conta que a justificação para o fecho da porta eram questões de segurança, mas considera que “as escadas da outra passagem, que mais parecem uma rampa de sky, ainda oferecem mais perigo”.
Os protestos dos vendedores já tinham sido abordados, na Assembleia Municipal de 26 de Junho, pela deputada socialista Catarina Paramos. Também o vice-presidente e vereador com o pelouro dos mercados disse ter conhecimento deste descontentamento e reconheceu que a obra não se está a desenvolver à velocidade que a Câmara gostaria.
Para o rés-do-chão do Edifício de Promoção e Divulgação de Produtos Regionais está previsto o Espaço Cria, onde se pretende fazer a ligação com a incubação de empresas existentes nos Silos e na AIRO, com a ESAD e o centro da cidade. No primeiro piso irão ficar algumas associações e entidades, como a Marca Caldas e a Qualificação dos Produtos Regionais e, no último piso estará instalada a loja da reabilitação urbana, um espaço onde as pessoas poderão obter informação sobre o tipo de intervenção que podem fazer nos seus prédios, assim como os apoios a que se podem candidatar.
O edifício, que busca a eficiência energética, terá ainda um jardim na parte traseira e cobertura vegetal.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt