Esta semana é notícia na Gazeta das Caldas uma “Convocatória Falsa” que conta que “durante a semana anterior foram distribuidas convocatórias por todos os Operários cerâmicos de “Barro Branco” da cidade, para uma reunião a decorrer na passada terça-feira às 21.30 horas no Sindicato Nacional dos Empregados de Escritório e Caixeiros do Distrito de Leiria, desta cidade. Esperançadas no citado encontro para uma provável resolução monetária e discussão de regalias a pedir ao Sindicato, compareceu cerca de meia centena de Operários no local e hora indicada na referida convocatória. Acontece porém que, eram 23 horas aproximadamente e os até então desconhecidos organizadores da “REUNIÃO DE OPERÁRIOS DE CERÂMICA” não apareceram. Perguntamos: Que seria isto? Brincamos às reuniões ou brincamos aos Operários de Cerâmica? Confirmado que nenhum dos falsos organizadores viria, o nosso bem conhecido caldense Senhor Furriel, levantou-se de entre os presentes dirigindo algumas palavras e apelando para que de ora em diante os operárias cerâmicos só comparecem em Reuniões anunciadas pelo respectivo Sindicato ou pelo seu Delegado nesta cidade, evitando assim que outros casos congéneres voltem a repetir-se”, lê-se, na peça assinada por Carlos Cravide.
VIDA SINDICAL
Na vida sindical destaque para a “repressão a trabalhadores”. É que “a cooperativa agrícola dos Produtores de Leite, em Caldas da Rainha, exerceu represálias sobre os trabalhadores que encabeçaram um movimento de reivindicações dentro da cooperativa. A direcção dessa cooperativa apresentou numa reunião anterior ao movimento dos trabalhadores uma proposta de aumento de vencimento, a qual foi rejeitada pela maioria. Os próprios trabalhadores apresentaram depois a sua proposta, a qual não foi aceite pela Direcção. Então, a Direcção da Cooperativa, em reunião do passado dia 27 de Maio, resolve fazer a actualização dos vencimentos. A sua segunda proposta é melhor do que a primeiramente apresentada excepto no que diz respeito aos três elementos mais activos entre os trabalhadores, especificamente os dois representantes sindicais e a esposa de um deles. Atitudes deste género só servem os interesses do Capitalismo, prejudicando todo um processo reivindicativo dos profissionais em geral”.
CERÂMICOS
“Os Cerâmicos e o Sindicato” é o título de um artigo interessante que nos conta que “os operários da indústria de cerâmica das Caldas da Rainha descontentes com a Direcção do seu Sindicato que não soube nunca corresponder aos seus justos anseios, resolveram fazer várias reuniões com vista à demissão da mesma. Os cerâmicos de Alcobaça, logo que tiveram conhecimento disso, quizeram associar-se, convidando os Caldenses, para discutirem o problema em conjunto, pelo que se efectuaram naquela Vila duas importantes reuniões, tendo da última já de nível Distrital, saído uma comissão que em 11 de Maio foi a Leiria pedir à Direcção do Sindicato antigo, a sua demissão, que foi aceite. Posteriormente foi convocada pela Direcção demissionária uma assembleia geral que decorreu em 25 de Maio, também em Leiria, para a nomeação duma comissão provisória que no prazo de 27 dias promoverá a eleição duma nova Direcção. Assim ficará satisfeita a grande aspiração de cerca de 4 mil cerâmicos de todo o Distrito, como ponto de partida para o estudo e a resolução dos problemas que os afectam. Para o bom êxito destes trabalhos muito tem contribuido a colaboração de um jovem capitão do Regimento de Infantaria 7 de Leiria”.
MESA REDONDA
“As greves no momento actual”, é o título de uma peça que diz que “a um jornal regional, como o nosso, parece-nos que devem interessar não só as informações de carácter exclusivamente regional, não só os problemas prementes da população do concelho, mas também um esclarecimento politico que ajude os nossos leitores a tomar uma posição consciente na reconstrução do nosso pais. Foi nesse sentido que realizámos no passado dia 30, uma mesa redonda sobre as greves e o momento actual. Participaram nessa mesa-redonda Marques Romão (M. R.) sindicalista, Arlindo Rosendo (A.R.) trabalhador, José Luis (J.L.) estudante, Dr. Mário de Carvalho (M. C.) representante do P. P. D., Eduardo Carvalho (E. C.) empresário. João Gameiro (J. G.) industrial, Esta mesa-redonda foi moderada por Adérito Amora (A. A.) representante da Gazeta.
A POLÉMICA DOS COMERCIANTES
Esta semana continuava a polémica relativa aos comerciantes na cidade das Caldas, com uma nova carta, agora de Hélder Constantino. “Com este rosto de publicação inseriu o jornal de que V. S.a é muito digno director, um escrito que mereceu a minha atenção, não só porque também sou comerciante, mas ainda e acima de tudo, um Português daqueles que sempre viveram de mordaça na boca e algemas nos pulsos; sou daqueles que sempre pugnaram e aprovaram o bem estar de todos e não de alguns; pertenço às fileiras daqueles que mesmo se sentindo materialmente prejudicados, bem se sentem recompensados moral e espiritualmente pelos benefícios auferidos pelos outros, logo que esses outros representam a maioria. Vamos procurar se eles têm razão? Não será isso necessário, mas, ainda. neste caso, se a buscarmos, encontrá-la-emos, 100%. Eu explico: No passado dia 24 de Maio, foram os comerciantes dos Concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos, assim como os das respectivas freguesias, chamados a tomar conhecimento de factos anomalos, que o mesmo é dizer-se o significado deste adjectivo está correcto – irregulares, anormais, passados ou decorridos entre os ex-membros da Direcção do ex-Grémio do Comércio. Isto não pode ter surpreendido ninguém. E. se assim o expresso, é porque quando da queda do regime fascista que em tão boa hora foi levado a cabo pelas Forças Armadas e pelo Povo, logo vimos fugir como ratos desde ministros, empresários, dirigentes, pides, patrões da mafia que nos governava, saqueando-nos por todos os meios, política, social, moral, economicamente, etc., comprometidos que estavam. Pois bem, proponho-me responder à carta acima referida e começo por fazê-lo deste modo: Como pode esse Senhor considerar tremenda surpresa, os resultados da reunião dos Comerciantes note que deixou de ser simples reunião como se propunha para passar a ser Assembleia e discordar de tudo ou quase tudo o que nela aconteceu? Eu, que também sou comerciante, só discordo do quase tudo, e nunca do tudo. Esclareço: concordo que hajam comparecido à dita Assembleia mais comerciantes do que aqueles que V. esperaria. (Não deve esquecer-se que o Governo é, agora, democrático!) Se ia abstraído disso, concordo, portanto, que o houvesse surpreendido; concordo que sendo aquele um organismo fascista, houvesse que ser extinta não só a sua Direcção, mas também o seu próprio nome, para que mais facilmente seja esquecido. E, porque haverá de ser esquecido? Porque nunca serviu os interesses da maioria da classe. E quem havemos de inculpar? Por certo que os seus dirigentes. Razões? Apresentá-las-ei publicamente, se me forem pedidos esclarecimentos. Alude e rotula de grosseria o facto de se haverem ignorado os outros três elementos de que se compunha a Direcção. Pois não vê o signatário que não havendo sido êles eleitos pela maioria dos comerciantes, estes nem sequer sabiam da da sua existência? E, mesmo sem vociferar, se o Senhor se sentiu lesado, porque não apresentou as suas razões,tal como nós o fizemos quando denunciámos a tal falcatrua daquela ilegal segunda votação sem a presença da maior parte dos sócios que, automaticamente, haviam votado no encerramento nas tardes de sábado, conforme constava nas convocatórias entregues? Confunde grosseria com democracia? Não esconderá esse adjectivo um pouco de vingança, de raiva, de discordância por ter vencido a vontade da maiorissima parte? Diz que os outros elementos que não se haviam demitido por nenhuma falta lhes pesar na consciência. Pergunto-lhe: havíamos de deixar impunes os pides só porque éles se propuzeram cumprir ordens que lhes eram superiormente transmitidas ou impostas? Se tinham consciência não seria mais honesto que nunca tais cargos aceitassem? Não será injusto sacrificarem-se 1000 em benefício de 30 ou 40? Não será isto fascismo? E quem os convidou para, ocupar tais posições? Acaso foram obrigados? Ou acaso eu terei dado o meu voto? E quem ou como nos garante que os comerciantes como na quelas linhas observa – neles sempre tenham depositado confiança? No que com o signatário concordo é quando diz que se não se lhe desejariam louvores, honrarias, discursos, elogios, banquetes e condecorações, pois isso só poderia acontecer nesse tempo. Com que então queria uma palavra de conforto por trabalho imperfeito e defeituoso segundo as suas próprias palavras. Dar-mo-lha-íamos com muito agrado, se tivessem pegado nessa obra imperfeita e defeituosa, e, com coragem, geito, honestidade e brio e que quando lutando por uma causa justa lhes fôssem as costas voltadas com uma recusa, tivessem coragem de dizer NÃO e que quando mais lhes não fosse permitido fazer, entregar, sim, nessa altura as chaves. Pergunto ainda, que nuas mãos serão capazes de pegar ferros em brasa sem que os mesmos lhes queimem as mãos? Como vê, a assistência terá ficado bem consciente do seu «rude» afastamento esquecendo-se deles. Pseudo- democrata anárquica, sim, será essa carta que extemporâneamente, veio agora com pretensões de criar anarquia, rebelião, discórdia. Quando se não tem razão, é bom que nos vamos habituando a aceitar a derrota. Não, homem! não voltámos nada à «barbárie», mas, antes pelo contrário, estamos a sair dela, visto que estamos empenhados em arrecadar e fazer justiça àqueles que nos torturaram, esses sim, barbaramente, durante quase meio século. Agora, e muito embora isso represente para o signatário uma tremenda surpresa, o homem Português, quando democrata, não é bárbaro. Ou será também, que não gostou de ouvir e aí é que a grande maioria gritou «O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO» após o resultado da votação? Nesse momento, sim! aí, lembro-me que o povo que são também os comerciantes gritou! E gritou de imensa alegria por ver que também a si se tinha reconhecido o direito de descançar mais umas horas como mundialmente tem vindo a ser reconhecido, não só ao operariado mas também ao patronato. As razões são tantas que para as enunciar aqui, nesta carta, torná-la-ia fastidiosa e prolixa. Não volte pois a comparar de bárbaro um povo a quem apesar de todos os processos mais desumanos de obscurantismo terem sido usados contra ele, jamais se comportou indignamente para com os seus agressores muito embora tivesse fortes razões para assim não proceder. E que éle ainda tem fé na justiça dos homens. (E NÃO É BARBARO). Compenetre-se da nova e justa política que o rege, A DEMOCRACIA que é o GOVERNO DO POVO. Conforme-se e console-se homem, pois agora que teve a coragem de falar de arbitrariedades que noutro tempo não terá tido – nem na Assembleia dos comerciantes pode orgulhar-se como eu me orgulho de pertencer ao se chame o nome que se chamar será uma casa onde a sua voz será ouvida. E se essa voz for a da maioria, eu lhe posso garantir que ela terá força e chegará ao seu destino. No entanto, e antes de terminar deixe-me que o felicite pelo àparte em que diz que não pôde vociferar, gritar, gesticular… e que preferiu ficar calado note que também isso não deveria fazer pois estava numa Assembleia de Comerciantes e aí quando se pretende dizer algo, põe-se um dos braços no ar”.
Na semana seguinte é publicada uma carta da comissão administrativa provisória da associação dos comerciantes, em resposta à carta de Luís Gomes. “Não está nos propósitos da Comissão Administrativa da Associação Livre dos Comerciantes dos Concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos rebater tribunariamente tomadas de posição de associados quando singularmente se apresentem a contestar vontades colectivas. Mas uma vez que a sua carta se endereçava aos comerciantes em geral, achamos que o esclarecimento público se impõe.
a) – Partindo do principio que a democracia é a expressão da vontade das maiorias (respeitando contudo a vontade e os direitos das minorias), segue-se que democraticamente, quando uma reunião compreende um número suficientemente de representativo cidadãos agrupados em classes ou unidos por interesses comuns, essa reunião, por vontade expressa dos mesmos pode ser transformada em Assembleia Geral Extraordinária com poder deliberativo. E para tal se constitui uma mesa de orientação de trabalhos, eleita pela Assembleia por via democrática. Por que razão estranha então não se ver incluído na Mesa da Assembleia?
b) Concorda que houve: “… Factos anómalos provocados sem dúvida irreflectida e precipitadamente por dois membros da Direcção…» – É dever de qualquer Direcção, sob qualquer regime, quando no seio desta exista algo de desagregador e atentório, disso dar conhecimento às Assembleias por convocação expressa. A não execução destes preliminares pressupõe uma atitude alienatória dos interesses comuns e, talvez uma cumplicidade, por omissão desses mesmos factos. Por isso uma reunião foi oportuna e justificadamente convocada. A partir daí, todas as decisões foram tomadas democrática e colectivamente pela Assembleia. No entanto houve oportunidade para esclarecimentos, informações, apresentação de propostas, debates e até de protestos. Porque a não utilizou livremente?
c) Uma vez destituída a antiga Direcção pelos motivos tornados públicos nessa Assembleia, parece dispensável e inadequado um «elogio fúnebre» a uma Direcção, que além do mais; não tinha qualquer existência democrática, o que podemos verificar pelos números extraídos das Actas das Assembleias do ex-Grémio:
8-2-66 – Eleição de Corpos Gerentes – 15 Presenças
27-12-71 – Eleição de Corpos Gerentes – 18 Presenças
28-12-72 – Alteração dos Estatutos – 69 Presenças
19-12-74 – Eleição de Corpos Gerentes (*) – 18 Presenças
24-5-74 – Assembleia Democrática – 182 Presenças
(*) – Eleição da extinta Direcção a que pertencia o signatário da Carta Aberta.
Pergunta-se: Onde está a demagogia?
d) «… Ficou toda a assistência sem saber qual ou quais os motivos que tão rudemente conduzia ao afastamento desses elementos…» (?) Amigo, onde estava você no dia 25 de Abril?
e) Acusa esta reunião de ser uma «… bem manejada pseudo-democrática-anárquica reunião…». As a), b), c) e d) respondem cabalmente a esta acusação.
f) “… Dialogar era impossível em tão tumultuosa anárquica reunião, à qual não pode ser reconhecida qualquer validade pelos comerciantes conscientes e responsáveis…” Com certeza que o Sr., como um dos comerciantes conscientes e responsáveis abrangidos por esta Associação, compreende de certo que a única culpa dé todos os outros é a falta de hábito e destas discussões. É natural que se atropelem ainda certas regras de estar numa assembleia, que se grite e gesticule aquilo que durante tanto tempo se teve de calar. É preciso reaprender a falar, o que virá com a prática. Esta Comissão propõe-se contribuir para isso, convocando reuniões frequentes para debate dos problemas específicos e mais fundamentais da classe. Nelas haverá oportunidade para todos exporem democraticamente as suas posições. Como vê amigo, “…nem tudo estava podre no Reino da Dinamarca…”
OS EXAMES
“Os alunos do Liceu perante os exames” dá título a um artigo que recorda que “este país que agora temos livre tem sido ultimamente agitado por manifestações de toda a espécie, reivindicações, ocupação de locais de trabalho, greves. É claro que se compreende esta impaciência de todos de ver satisfeitas as suas justas reivindicações depois de tantos anos de vozes silenciadas, de anseios reprimidos. Mas é claro também (e penso que muitos estão conscientes disso e portanto legitimamente preocupados com o evoluir dos acontecimentos) que o clima de agitação que se tem vindo a formar pode gerar um descontentamento que desuna os portugueses interessados na reconstrução dum país novo e não favorece senão as manobras dos que querem ver malograda essa reconstrução. Os estudantes pensaram na sua situação e nos seus problemas. Apresentaram as suas reivindicações ao MEC e, nalgumas escolas, fizeram greve. Noutras escolas, consideraram a greve inoportuna. Um grupo de alunos da Secção Liceal de Caldas da Rainha divulgou na sua escola o comunicado seguinte: “Colegas: Ao tomar conhecimento de que estudantes de alguns estabelecimentos de ensino secundário entraram em greve tendo como único objectivo a abolição dos exames, alguns alunos deste liceu reuniram e discutiram este problema, chegando às seguintes conclusões: Considerando que a greve é a arma mais poderosa que temos ao nosso dispor para defesa dos nossos interesses, pensamos que ela só deve ser utilizada como último recurso. Mais consideramos que uma greve só pode ter significado quando for expressão de uma força organizada, no nosso caso, uma associação. No momento actual uma greve com reivindicações exageradas, atendendo às transformações políticas que se estão a processar no país, só poderá criar um clima de confusão que beneficiará unicamente as forças adeptas do antigo regime. Mais do que nunca temos de consolidar as liberdades conquistadas, organizando associações que defendam efectivamente os nossos interesses, de modo que todas as acções desenvolvidas tenham um carácter colectivo, justo e amplo. Não queremos com isto afirmar que a greve em certas situações (mesmo no actual momento) não seja necessária e justa, mas condenando o seu uso indiscriminado e inconsciente.. Trancreve-se a seguir um comunicado dos estudantes trabalhadores de Lisboa, divulgado na imprensa no dia 27 do corrente, em que se faz um apelo aos estudantes para retomarem as aulas. E continua o comunicado dos estudantes do liceu dos estudantes do liceu de Caldas: «Verificando a péssima situação em que o ensino foi deixado pelo antigo regime, pensamos que essa situação não pode ser totalmente modificada num curto espaço de tempo. Embora concordemos com a abolição dos exames num futuro mais ou menos próximo, achamos que, para que essa abolição se concretize, tem de ser anteriormente revisto todo o sistema de ensino. Tendo em vista todos estes factos, consideramos que a exigência duma abolição de exames é prematura e condenada a fracassar, por isso fazemos nossa a proposta aceite em plenário no Liceu D Pedro V.» Transcreve-se a seguir a proposta, que foi já divulgada na imprensa e que entre outros pontos, preconiza a passagem imediata para os alunos do 5.° e 7º anos, que ao longo do ano lectivo tenham obtido média do 10 valores; a abolição imediata dos exames de aptidão; exames para os alunos domésticos e externos e para os que não tenham obtido média de 10 valores durante o ano lectivo (para estes alunos, a prova escrita não seria eliminatória, ficariam automaticamente aprovados os alunos que nela obtivessem 8,5 valores e seriam igualmente aprovados os alunos que obtivessem 8,5 valores na prova oral). Esta proposta foi aprovada pelos alunos reunidos no ginásio, em 28 do corrente”, lê-se na peça que termina com uma nota: “os estudantes da Secção Liceal de Caldas da Rainha não nos pediram para divulgarmos o comunicado; fomos nós que lhes pedimos autorização para o fazer, por o considerarmos oportuno e revelador do bom senso que a juventude também é capaz de ter”.
O AVENAL
“Daqui fala Rádio Emissor do Avenal zip zip zip… zig zig zig… e limpópó…”, começa mais uma crónica que expõe a situação que se vivia no Avenal. “Atendendo ao pedido feito pelas donas de casa, da Estrada do Avenal e arredores, convidamos a Edilidade da Câmara, a fazer-nos, uma visita, a pé, entre as 12 e as 15 horas, para «in loco» apreciar o sacrifício de quantos aqui vivem ou por cá têem de passar, a pé. O nosso emissor encontra–se, permanentemente, sujeito a interferências de ruídos: -os aspiradores, enceradoras e outras aparelhagens eléctricas, não têem descanso naquelas residências. As persianas têem de estar corridas. As janelas não se podem abrir. Nós chegamos a casa e em vez do beijo amigo e conjugal, é um não mais acabar de reprimendas e lamúrias. Gastamos as solas dos sapatos e os tapetes, mas não resulta. As nossas pégadas, como prova de acusado, ali ficam bem visíveis, nos soalhos ou nas alcatifas, tão carinhosa e sacrificadamente limpas. Não temos ordem, apesar desta LIBERDADE, de entrarmos em nossas casas, pela porta da frente; temos de ir pela «porta de cavalo» ou então tirar os sapatos, pois só assim, nos deixam andar dentro de casa, em LIBERDADE. Os aspiradores, por vezes, já cansados, aspiram-nos umas boas dezenas de escudos da carteira, em reparações, e aumento nos recibos de electricidade, pois que, os contadores não param. Quando chove é água e lama, pois os buracos continuam. Dias de sol é pó, ou lama uma vez a estrada regada, já sabemos que entramos em casa com meias solas de barro, e lá se vão outra vez as alcatifas, as carpetes ou os soalhos. Qualquer dia, até os «microfalas» do nosso emissor ficarão entupidos de tanto pó… Aos porquês e resoluções destes nossos breves comentários, poderão responder os técnicos da nossa Câmara. Ah!… aconselhamos os membros da Edilidade, que nos visitarem, para virem munidos de guarda-pós e escovas para calçado além das indispensáveis protecções oculares e capilares. Por hoje é tudo. PAZ e ALEGRIA NO TRABALHO são os votos do nosso radiotécnico”.
O DIA DA CRIANÇA
Destaque ainda para a comemoração, pela primeira vez, do dia mundial da criança, com a promoção, por parte do Movimento Democrático Português, de uma semana dedicada aos mais novos, com exposições de trabalhos, exibição de filmes e uma conversa com pais e educadores. Mais informa a Gazeta que “o Movimento Democrático das Mulheres planeia, ainda, promover regularmente, de futuro, atividade para crianças”.
Ficamos a saber que “no dia 8 de Junho corrente pelas 21 horas será levada a efeito a apresentação pública do Partido Popular Democrático, nesta cidade das Caldas da Rainha, a qual terá lugar no Cine-Teatro Pinheiro Chagas e será presidida pelo Dr. Magalhães Mota”, que o quinto acampamento da Casa do Benfica na Mata, seria entre os dias 8 e 10 de junho e que Rogério Paulo veio às Caldas no dia 2 de junho para ter “conversas sobre teatro”.
“E que tal uma noite por semana, BEM PASSADA? Então, todos os sábados, a partir do dia 1 de Junho, jante e ouça o Fado, no RESTAURANTE SAMAR, em S. Martinho do Porto Telef. 98277”, lê-se num anúncio.Esta semana a Gazeta apresenta mais um cartoon, também da autoria de Figueiredo Sobral.
Para a semana trazemos mais artigos escritos a chumbo, até lá.