O estudo realizado por especialistas do Instituto Superior de Agronomia (ISA) refere que a recuperação do Parque D. Carlos I envolverá o abate, a substituição e a poda de árvores, mas que esta intervenção não deverá ter um carácter agressivo. O documento recomenda que duas das árvores existentes sejam retiradas e que mais de uma dezena que representam perigosidade elevada, para o público que por ali circula, sejam substituídas.
A Câmara irá analisar o estudo na próxima sessão de Câmara e, provavelmente, será depois remetido para apreciação dos deputados municipais.
Uma faia de grandes dimensões morta há algum tempo e um cipreste deverão ter abate imediato. Já 12 árvores, entre plátanos, alfarrobeiras, tílias, acácias e ciprestes, pela perigosidade que apresentam para o público em geral que ali circula, devem ser substituídas. Estas algumas das conclusões do levantamento fitossanitário e avaliação de risco de ruptura de árvores no parque D. Carlos I, feito pela engenheira silvicultora Maria Filomena Caetano e pelos engenheiros florestais Marta Rocha, Filipa Maia e Bruno Ferreira.
Os especialistas consideram que o estado sanitário das árvores é “razoável” para um Parque que “há muito tempo não tinha manutenção e no qual a falta de práticas correctas de arboricultura ao longo dos anos é evidente”. Os principais problemas fitossanitários resultam, fundamentalmente, da acção dos fungos, que causam podridões internas e cavidades no tronco. Foi também identificado um insecto (cinara cupressi) que ataca sobretudo as folhas jovens de algumas espécies, infestando os ramos e levando a que a parte interior da copa acabe por secar.
Estas infestações quando não são controladas, podem conduzir à morte de árvores adultas, se não forem tomadas medidas fitossanitárias, advertem.
Os especialistas concluem que é notória, na maioria das árvores do Parque, a “falta de práticas correctas” de arboricultura, com exemplares que apresentam a resistência mecânica diminuída e que podem quebrar ou mesmo cair. Por outro lado, há outras árvores que devem ser alvo de atenção, pelo seu porte e vigor. É o caso de uma tília de grande porte e de um acer negundo, que “tem uma protecção, salvaguardando assim que os utentes do Parque se coloquem sob a sua copa”.
Consideram que a intervenção a fazer não deve ter um carácter agressivo, pois as árvores há vários anos que não têm o devido acompanhamento no que respeita à sua “condução, podas, limpezas e tratamentos fitossanitários”.
A equipa que elaborou o estudo não deixa de salientar que uma árvore perigosa é, por definição, “uma árvore que perdeu o vigor vegetativo e a resistência mecânica, apresenta defeitos estruturais graves, pode quebrar ou cair e causar estragos face a determinados “alvos”, podendo ser pessoas ou bens. Destacam que nem todas as árvores que caracterizam de perigosidade elevada têm que ser abatidas, competindo essa decisão à autarquia.
A Câmara das Caldas irá apreciar este estudo na próxima reunião de Câmara e o presidente, Tinta Ferreira, diz que é provável que este seja depois remetido à Assembleia Municipal.
Vereador socialista contra abate de árvores na Mata
Foi com “perplexidade” que o vereador socialista, Jorge Sobral, teve conhecimento que os autarcas da Assembleia de Freguesia de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e S. Gregório, equacionaram a possibilidade de reconstrução do muro que delimita a Mata, na Rua Ernestina Pereira, recuando-o para alargar esta via. Na sessão de Câmara de 2 de Janeiro o vereador recorda que a autarquia sempre reclamou do Estado (Ministério da Saúde), a reparação daquele muro, pela sua perigosidade, dado que está demasiado inclinado para a estrada, provocado por árvores e raízes. “Nunca ao longo destes anos fomos ouvidos”, revela.
Jorge Sobral salienta que passam por ali muitos veículos, a sua maioria a transportar jovens e crianças para fazer desporto nos campos ali existentes, e entende que o alargamento da estrada deve ser feito negociando com o proprietário do terreno do outro lado da estrada. “Nunca passou pela cabeça dos vereadores do PS que esse alargamento pudesse ser feito como agora é surpreendentemente apresentado em reunião de Assembleia de Freguesia da Junta”, disse, referindo-se ao alargamento da estrada pelo lado da mata. E critica o presidente da Câmara por “não desmentir de imediato tal intenção”.
Jorge Sobral lamenta ainda que não tenha sido feito um estudo de avaliação para as árvores da Mata Rainha D. Leonor, tal como foi realizado para o Parque. Garante, contudo, que os vereadores do PS “não aceitarão qualquer tentativa de alargamento da Rua Ernestina Pereira, à custa do espaço Mata Rainha D. Leonor”.
De acordo com o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, ainda não foi tomada nenhuma decisão relativamente a esta questão. “A Câmara pediu à União de Freguesias para que estudasse as hipóteses de reparação do muro, o que pode implicar a remoção de terras”, disse, acrescentando que não há previsão do abate de árvores. Realça que ainda não foi estabelecido qualquer traçado e que, na hipótese de haver uma “solução um pouco mais evasiva”, esta terá que ter antes o consentimento do Instituto das Florestas.
O autarca acrescentou ainda à Gazeta das Caldas que “provavelmente, a solução final será a reparação do muro sem a ampliação da estrada”.