Fenómeno da Pandora ajudou alguns namorados na escolha da prenda

0
1568
- publicidade -
notícias das Caldas
Paulo Caiado numa visita a uma das fábricas da Pandora na Tailândia

É um caldense que está à frente de um grupo que tem sido responsável pela felicidade de milhares de portuguesas e de sensação de alívio para namorados e maridos aflitos para comprar uma prenda às suas companheiras.
Paulo Caiado é, há 12 anos, o director geral do grupo Cronos – Visão do Tempo, uma empresa que responsável pela importação dos produtos da  marca Pandora.
A marca é mais conhecida pelas suas pulseiras, às quais vão sendo acrescentadas contas (pequenas peças que custam a partir dos 22 euros) que representam, cada uma delas, momentos especiais. São actualmente um dos produtos de ourivesaria com maior taxa de sucesso em Portugal.
“Só para se ter uma ideia, este Verão efectuámos uns cálculos: se colocássemos em fila todas as pulseiras já vendidas cobriríamos a distância entre Lisboa e Sintra. Por esta altura, já vamos a caminho de Mafra”, comentou Paulo Caiado à Gazeta das Caldas.
Na passada segunda-feira, Dia dos Namorados, terão sido vários os caldenses que escolheram a marca Pandora – ou de outras marcas similares que têm sido lançadas para responder ao mesmo tipo de procura – para presentear as suas mulheres e namoradas.
Segundo Paulo Caiado, datas como o Dia dos Namorados, o Dia da Mãe, as épocas do Verão e do Natal “geram picos de vendas astronómicos que obriga a um enorme esforço nas áreas da gestão de produto e de logística”.
Por exemplo, nas Caldas da Rainha, a Pandora só é vendida nas ourivesarias Fernandes e Amílcar Neves, porque faz parte da estratégia do grupo só vender em algumas lojas.

No dia dos Namorados há uma procura acrescida

No dia 14, a Gazeta encontrou alguns caldenses a fazerem compras para o Dia dos Namorados nestas lojas. Um deles, Paulo Vasques acha que, embora seja mais fácil desta forma escolher uma prenda, acaba por se tornar mais caro, por causa da quantidade de peças que uma pulseira leva até ficar cheia. “Já devo ter comprado umas dez contas para a pulseira da minha mulher”, referiu, acrescentando que torna-se interessante porque cada uma das peças tem um significado.
Outro marido que encontrámos à porta de uma ourivesaria com o saco personalizado da Pandora foi José Silva, que comprou, pela primeira vez, um produto destes para oferecer à sua mulher. Há cerca de um ano os filhos ofereceram a pulseira e desde essa altura a mulher de José Silva tornou-se fã. “Vim à ourivesaria comprar, mas nem sabia bem o que era, tive que explicar o que queria”.
Fernando Oliveira Fernandes, proprietário da Ourivesaria Fernandes, destacou que este é um produto que tem tido cada vez mais aceitação por parte dos seus clientes. “Há senhoras que compram para si e muitos senhores que compram para oferecer às esposas. Há sempre uma peça para uma ocasião especial”, comentou.
Embora haja procura dos vários produtos da marca, “são principalmente as pulseiras e as contas que são vendidas” nestes dias festivos.
Amílcar Neves, proprietário da ourivesaria com o mesmo nome, também tem notado que cada vez mais nas datas especiais aparecem clientes a comprar as contas da Pandora para oferecerem. “É uma prenda acessível e dá sempre para trocar por outra conta, se a senhora a quem for oferecida não gostar”, explicou, sublinhando que são peças com muita qualidade e atenção aos pequenos pormenores.

Fenómeno tem crescido ano após ano

“Descobrimos a Pandora, então uma marca desconhecida no sul da Europa e sem a notoriedade internacional de que agora goza, no inicio de 2005”, contou Paulo Caiado.
“De imediato vimos que o seu conceito se adaptaria como uma luva aos gostos e hábitos das consumidoras portuguesas e ao momento económico que iríamos viver”, explicou.
O contrato foi assinado em Setembro de 2005, mas por incapacidade de abastecimento da marca, que começava a expandir-se em novos mercados (Estados Unidos e Austrália), só foi possível iniciar a sua comercialização em Portugal em Maio de 2006.
De início a introdução da marca foi muito difícil, “apesar de que, sendo um dos maiores grupos nacionais do sector, gozarmos de um enorme capital de confiança em novos projectos pela parte dos nossos clientes”.
Havia desconfiança por parte de alguns comerciantes. “Diziam-nos que a linha de charmes (beads) iria conduzir à diminuição drástica da venda média, pois os consumidores passariam a pagar 20 euros por um presente (uma conta) em vez de 80 ou 100 euros por um anel ou brinco”, explicou Paulo Caiado.
Só que o segredo do sucesso da Pandora é que normalmente quem adquire a pulseira “não descansa até ter a pulseira completa com contas que representam momentos importantes da sua vida”.
Está em causa o “fenómeno do coleccionismo”, porque a taxa de recompra da Pandora “é esmagadora, pelo menos 2000%”.
Para os comerciantes é como vender uma pulseira a prestações, “só que o dinheiro está sempre do seu lado”, salienta o director-geral da Cronos, e para os consumidores é uma forma de construir uma jóia, pagando de acordo com as suas possibilidades.

- publicidade -

Criada por dinamarqueses e com fabrico na Tailândia

Paulo Caiado salienta que a Pandora “é hoje uma das maiores e mais completas marcas de joalharia do mundo e o seu portfolio está longe de se esgotar nas contas para pulseiras”. Existem também colecções de anéis e brincos, que também podem ser personalizados ao gosto de cada mulher. No Natal passado começaram a apresentar nas lojas Pandora a primeira colecção de relógios de senhora, cuja comercialização “será tornada efectiva muito em breve”.
A Pandora foi criada por um casal dinamarquês que abriu uma pequena joalharia na cidade de Copenhaga em 1982. Após um período em que adquiriam os seus artigos a importadores e fabricantes locais para revender na sua loja começaram a viajar para o extremo oriente tentando encontrar peças de joalharia mais baratas e originais em diversos mercados. Destas viagens nasceu a ideia da marca e do conceito Pandora, que lançaram ainda na sua loja em 1999.
Criaram então uma pequena equipa de vendas para comercializar as peças noutras lojas dinamarquesas. A primeira pulseira Pandora foi comercializada nesse ano de 1999. Hoje a marca Pandora é a terceira marca de joalharia a nível mundial e “o seu peso como comprador de prata no mercado mundial poderá influenciar a cotação deste metal num futuro próximo”, referiu Paulo Caiado.
Todas as peças são feitas manualmente em fábricas na Tailândia, com certificação ISO9001. As áreas de design e marketing localizam-se na Dinamarca e os diferentes departamentos de pesquisa, investigação e desenvolvimento trabalham em simultâneo nos dois países “indiferentes aos fusos horários e utilizando em permanência o Skype para se comunicarem”.
Embora esta marca não seja a única com este conceito e nem sequer tenha sido a primeira a lançá-lo, “foi a mais dinâmica e a que criou um sistema patenteado de enroscamento e de fecho que são únicos”.
Segundo Paulo Caiado, o significado das contas não era tão generalizado no início da comercialização internacional. “De facto só conheceu um maior impacto após o departamento de marketing da Visão do Tempo começar a atribuir significados a cada nova conta”, contou o caldense.
“Por exemplo na primeira pulseira anunciada em publicidade no Verão de 2007, o menino surgia com o nome de Francisco e a menina com o nome de Maria, os nomes dos meus filhos mais novos”, recordou. Também foi incorporada uma tartaruga na pulseira de Verão, com a indicação de ‘Lua de Mel nas Maldivas’, “pois todos nos lembrávamos do Dr. Mário Soares montando uma tartaruga numa viagem presidencial que fez aquele arquipélago do Indico”.

Duzentos quilómetros diariamente para manter residência nas Caldas

Embora a sede do grupo Cronos seja em Carnaxide (Lisboa), Paulo Caiado faz questão de manter residência nas Caldas da Rainha. “Não abdico de viver e de aqui manter a minha família preservando a sua qualidade de vida que seria impossível de encontrar em Lisboa”, revelou à Gazeta das Caldas.
“O meu amor pela minha cidade é tão grande que me disponho a fazer 200 quilómetros diários entre Caldas da Rainha e Carnaxide para poder manter residência cá”, explicou.
Até porque, o facto de passar o dia em Lisboa e de fazer constantes deslocações ao estrangeiro, por motivos profissionais, permite-lhe tomar contacto com diferentes realidades urbanas e culturais “e poder fazer de forma mais objectiva, distante mas não menos apaixonada, uma avaliação do que é feito na nossa cidade e de como ainda é bom viver em Caldas da Rainha”. Mas deixa o aviso: “não sei por quanto tempo mais!”.
Paulo Caiado tem um blogue na Internet cheio de memórias caldenses.  Intitulado “Eu gozei a minha adolescência nos anos 70 e 80” (adolescenciacaldas anos70e80.blogspot.com que está cheio de histórias daquelas duas décadas contadas na primeira pessoa, com referências a muitos caldenses.
O blogue surgiu depois de ter sido criado um grupo no Facebook, com o mesmo nome, onde também são partilhadas fotografias, textos e vídeos sobre as memórias caldenses.

Apoio à Liga Portuguesa Contra o Cancro

O grupo Cronos tem colaborado activamente com a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC). Actualmente existem uma dezena as peças cujas receitas revertem para a LPCC.
Segundo Paulo Caiado, a Pandora Internacional já tinha desenvolvido um projecto de responsabilidade social que pretendia ver aplicado em outros países.
O grupo Cronos, que já apoiava, de forma avulsa, vários projectos de solidariedade, decidiu envolver a marca num projecto de rastreio, diagnóstico precoce e prevenção do Cancro da Mama, nomeadamente pelo fomento de unidades móveis que pudessem ir às escolas e aos centros urbanos.
“A ideia começou a matutar quando um grupo de cidadãos, do qual eu fazia parte, organizou o programa Um Dia Pela Vida com o apoio da LPCC e do Movimento Vencer e Viver”, contou Paulo Caiado.

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

- publicidade -