A Arte hoje em dia mais não é que um negócio
O Vandalismo, embora seja considerado um acto proto terrorista, leva-nos a reflectir sobre o espaço inexistente no meio urbano, para o indivíduo comum se poder afirmar e partilhar estados de espírito e de opinião dentro de uma sociedade que, por vezes parecendo liberal, mais não é que uma organização ainda repressora da natureza e identidade humana.
As estruturas criadas dentro da sociedade para a manifestação da expressão artística e opinativa sobre a mesma, ainda se mostram demasiado elitistas, conservadoras e jogam dentro de um estratagema sobre o que deve ou não ser socialmente aceite, financeiramente e ideologicamente de acordo com as modas em voga. A Arte hoje em dia mais não é que um negócio. A Política mais não é que um jogo de marionetas onde impera a lógica do capital, falta de ética e o abuso de poder sobre os mais fracos.
As estéticas artísticas sempre foram consideradas marginais quando rompem com pressupostos. Todas as correntes Artísticas o fizeram. O Futurismo, o Dadaísmo, o Expressionismo Abstracto, a Literatura da geração Beatnick, o Situacionismo ou a Street Art provocaram um choque no ambiente envolvente, reflexo dos novos paradigmas em que os seus intervenientes se propuseram a explorar e logo partilhar com a comunidade em que se inseriam. Primeiramente, essas intervenções nunca foram bem aceites. Os seus actores sempre foram considerados ignorantes, marginais, loucos, selvagens, liberais ou mesmo imorais. Foram culpados, ostracizados e só depois de ultrapassarem o seu auge criativo é que foram “reciclados” por essa sociedade do espectáculo e do consumo. As barreiras que queriam romper, foram as mesmas que enquadram a sua produção dentro de uma lógica de mercado para suposto benefício de toda a sociedade.
Aquilo que nos é diariamente oferecido pelos mass media e outros órgãos institucionais de informação mais não é que uma informação, muitas vezes dada em tom sensacionalista e ansiosa, destinada ao rápido e fácil consumo pela nossa intelectualidade hoje embrutecida pela falta de verdadeiros espaços de discussão humana, livres de preconceitos , controlo, hipocrisia e julgamento perante a expressão da natureza individual de cada pessoa.
A Arte de Rua foi uma tomada de poder por parte dos estudantes, desempregados e operários. Pessoas de todas as idades e backgrounds culturais, munidas de tintas e aerossóis para colorirem, desconstruírem e expressarem o seu imaginário, sem terem sob si o jugo da avaliação da sua estética por galerias, museus ou outros institutos ditos criados para serem um espaço de reflexão artística, logo humana. Esses espaços são administrados por indivíduos sem qualquer interesse no real potencial cultural humano, mas sim no estatuto do seu cargo, respectivas remunerações e manutenção de rede de influências.
A Arte de Rua, que a olhos de uns mais não é que violência, sujidade e ignorância, aos olhos de outros será uma partilha de opiniões, ainda que por vezes abstracta, perante o estado actual da civilização. É preciso sujar as mãos! É preciso também saber lavá-las, tinta é tinta. Exploração é exploração. Violência é violência. As crianças que morrem de fome e nas guerras por esse mundo fora não voltarão a renascer. Uma mancha de tinta lava-se… Devemo-nos concentrar no que verdadeiramente importa. Agradeço por este espaço de expressão. No entanto, parece-me realmente ignorante a importância dada a uma mancha de tinta. Devíamos dirigir o nosso olhar para o que verdadeiramente importa.
A corrupção, a pobreza, a violência e o abuso de poder continuam e sob várias formas camufladas no nosso quotidiano. Todos os dias. Quando vamos ao supermercado e somos surpreendidos pela quantidade de comida, essencial à vida, que é desperdiçada e explorada a peso de ouro. O nosso lixo pode ser a comida de muita gente. Pelo menos cá, nesta civilização da abundância e do excesso e ao mesmo tempo da decadência e de uma pseudo permissividade que mais não é que puro desinteresse pelas condições que todos nós vivemos hoje em dia. Uns com tudo e outros sem nada. A que custo? A custo do indivíduo que continua ser julgado e escravizado pelo sonho de uma sociedade mais justa, digna e aberta. O Fascismo do Capital e esta Moral Hipócrita em que vivemos todos os dias deverão ser repensados! A Revolução de Abril é todos os dias e é a revolução do povo que mesmo amordaçado se faz ouvir e sentir o grito do seu inconformismo e idealismo! Uma nódoa de tinta sai rapidamente com água e sabão…
Renato Rodrigues
Ainda a associação “De Volta a Casa”
Sou colaborador do sr. Joaquim de Sá há já quase 20 anos ou talvez mais.
Quando lhe foi cedido pela Câmara Municipal, o edifício onde passou a funcionar a associação “De Volta a Casa”, continuei a colaborar. Mas por força das circunstâncias tornei-me também utente.
Nesta condição, sinto-me na obrigação de elucidar as pessoas que leram na Gazeta das Caldas e no Jornal das Caldas, as desculpas esfarrapadas da senhora Vereadora Maria da Conceição.
Começo por dizer que naquela casa há vários anos que não entram arrumadores de carros e toxicodependentes muito poucos. E inclusivamente esses, na medida do possível, têm sido encaminhados para centros de tratamento, pelo Joaquim de Sá.
Para além disto, afirmo com plena convicção que a Senhora Vereadora faltou à verdade quando disse que aquela casa era frequentada por marginais e que a policia se queixava de ter que intervir com frequência.
É mentira! Porque a policia apenas foi chamada a intervir para evitar desacatos três ou quatro vezes. Sendo a última vez, já por volta de 2005 ou 2006.
O que significa que o Joaquim conseguiu criar um ambiente de tranquilidade nestes últimos anos.
É realmente verdade que os polícias voltaram mais algumas vezes nos últimos anos. Mas apenas para entregar algumas notificações ou procurar alguém, que erradamente pensavam que poderiam encontrar naquele local.
A Senhora Vereadora afirmou que ali existia falta de higiene. Essa foi muito baixa pois sabe perfeitamente que na altura em que visitou ou mandou visitar o local, este se encontrava em obras. E também deveria saber que as obras só ficam completamente limpas depois de acabadas.
Quanto ao serviço de cozinha, desde a confecção dos alimentos, à limpeza de loiça, talheres e até das instalações onde se serviam as refeições, sempre estiveram à altura de qualquer restaurante da cidade. E nem houve nunca qualquer problema de saúde. Ao contrário de outros locais onde se servem refeições em que as pessoas têm tido problemas, até de intoxicações alimentares.
Alem disso, a ASAE visitou as instalações há pouco de mais de um ano e nada encontrou de reprovável. (…)
Ainda em relação a afirmação que a Senhora fez, dizendo que as assistentes sociais foram maltratadas, quando foram espiar as pessoas que continuam a usufruir das refeições fornecidas pelo Joaquim, na altura na Mata, ou mentiu ou foi mal informada.
É verdade que o Sr. Joaquim de Sá pediu para ninguém dar o nome. Mas apenas eu próprio me dirigi a uma delas e lhe perguntei o que faziam ali e para que queriam os nossos nomes, tendo elas respondido que não tinham explicações a dar a ninguém.
Foi por isto que eu lhes disse que tínhamos direito a uma explicação por que eram coisas que nos diziam respeito e não vivíamos num país fascista ou monárquico, onde imperava o lema do quero posso e mando.
Não houve qualquer falta de respeito para com as senhoras. (…)
José Manuel Almeida
N. R. – Gazeta das Caldas contactou a Câmara Municipal que respondeu que “não pretende acrescentar mais nada em relação a este assunto”.
Como o presidente de Alcobaça vê S. Martinho do Porto
Gostaríamos de dar a conhecer à população de Alcobaça e principalmente à de S. Martinho do Porto mais uma da Câmara Municipal de Alcobaça.
A Câmara Municipal de Alcobaça (CMA), na sequência do que vêm sendo as suas práticas face aos interesses reais da população da Freguesia de São Martinho, tomou mais uma atitude que, se não fosse real, não dava para acreditar.
Por solicitação do Grupo Desportivo Concha Azul (GDCA), emblema histórico e de utilidade pública da Freguesia, o presidente da CMA foi convidado a visitar as suas instalações para, no local, analisar a possibilidade de apoiar obras de melhoramento e requalificação do seu parque desportivo (as infra-estruturas existentes foram obra de entidades e população locais). A autarquia alcobacense marcou uma primeira visita, que de seguida anulou, tendo ficado acordada nova data, visita que incluía um almoço por sugestão da Câmara e a presença do executivo da Junta de Freguesia. Os corpos directivos do GDCA pediram dispensa das suas actividades profissionais, preparam o repasto e, no dia e hora estipulados, aguardaram todos, pacientemente, a chegada do presidente da Câmara.
Esperou-se, esperou-se e esperou-se. Desesperou-se! Estranhando-se tal atraso, sem se ter recebido qualquer informação ou justificação, tomou-se a iniciativa de contactar a CMA, o que causou nítido embaraço. Perante tal situação, pôs-se ao caminho um senhor Vereador que, chegado ao local, procurou justificar o injustificável. Almoçou, caminhou pelo pelado e, sem que nada se resolvesse, foi-se embora.
É incrível a forma como se tratam institucionalmente entidades e pessoas, com responsabilidades sociais, culturais e desportivas a nível local. É confrangedor a ignorância que se presta a uma instituição que procura ocupar os tempos livres dos mais jovens, com todos os benefícios que daí advêm, ao mesmo tempo que divulga e prestigia o nome de São Martinho do Porto.
Mais uma vez, fica provado o desprezo que a CMA revela pelo Clube, em particular, e pelos interesses da Freguesia, em geral.
No passado dia 19 Janeiro de 2011 voltou a Direcção do GDCA, via email, a solicitar novamente data para a referida reunião com o presidente da CMA. Ficámos na mesma e até à data de hoje nem resposta obtivemos. É desta maneira que a CMA e o seu presidente olha para a freguesia, jovens e população de São Martinho do Porto.
António José Ribeiro Moreno
Grupo Desportivo Concha Azul
N. R. – Gazeta das Caldas contactou a Câmara Municipal de Alcobaça e até ao fecho desta edição não obteve qualquer resposta.