O diálogo entre a sobremesa e o cocktail, que este ano deu o mote ao Festival Fusion e que junta numa mesma bancada alunos de pastelaria e de restauração e bebidas, foi um dos pontos altos do IV Festival de Cocktails do Oeste. Durante dois dias (24 e 25 de Março) a Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (EHTO) transformou-se num mega-bar, onde cerca de 40 barmen (jovens e veteranos) vindos de todo o país e de Angola, manusearam com mestria (e boa disposição) os seus shakers, pinças, coadores, raladores e colheres de bar, para criar originais bebidas.
A hora a que deveria ter começado o festival (17h00) motivou Rute Ferreira e Vítor Gonçalves, da Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, a compor um “Chá das Cinco”. Nos 15 minutos de prova, os jovens tentaram casar os sabores da sobremesa com os do cocktail, juntando elementos contemporâneos com outros mais clássicos, tanto nos ingredientes usados, como na decoração final, com a bebida a ser apresentada numa chávena de chá com motivos florais.
Uma originalidade que agradou particularmente ao júri (composto pelo formador e bartender Luca Ciaponni, pelo embaixador do Licor Beirão, João Pessoa, e pelo jornalista Francisco Gomes), tendo vencido o festival, entre as oito escolas participantes. A representar a EHTO estiveram Carla Ribeiro e Miguel Martins, que apresentaram o cocktail West Pie (inspirado nas maçãs do Oeste) e uma sobremesa que deixou os jurados de água na boca. Comum às duas confecções foi a utilização do Licor Beirão, bebida que patrocinou o Fusion e que era obrigatória em prova.
As receitas foram criadas e preparadas pelos próprios alunos. De acordo com Jorge Guilherme, coordenador de Técnicas de Restauração e Bebidas na EHTO e um dos mentores do festival, um dos objectivos deste evento é promover a criatividade e o trabalho de equipa.
Açores e Angola marcam presença
Cocktails, dos mais variados sabores e com as mais diversas apresentações, estiveram em destaque no segundo dia de festival, que contou com a presença de 25 jovens e 10 veteranos a concorrer, nas duas categorias.
Entre os jovens, a esmagadora maioria oriunda de escolas de hotelaria de todo o país, o vencedor foi João Pedro Costa, da Escola de Hotelaria e Turismo de Lamego, enquanto que Arlindo Duarte, da Escola D. Maria Pia, venceu na categoria de veteranos.
O evento contou este ano, pela primeira vez, com a participação de uma representação dos Açores. Maria Inês Vieira participou no festival de jovens, com um cocktail que, basicamente, consistiu numa apple pie (tarte de maçã), em que cozeu a maçã com canela e anis e fez uma polpa, juntou-lhe whisky Bushmills, uma clara de ovo, sumo de limão e xarope de baunilha caseiro. A apresentação da bebida foi feita numa caixa de madeira, decorada com maçã de Alcobaça, como se de uma tarte se tratasse.
Pedro Jerónimo, formador na Escola de Formação Turística e Hoteleira de Ponta Delgada (Açores), estava satisfeito com a participação da sua aluna e com o evento que decorreu nas Caldas. “É um festival e a palavra de ordem não é a competição mas sim a partilha”, disse, acrescentando que pretende voltar no próximo ano e até participar no festival Fusion.
De Angola veio Gustavo Maya para participar na categoria de veteranos. Foi a sua estreia, mas para o ano faz questão de voltar. O antigo formador nas escolas de Coimbra, Fundão e Lamego (e actualmente responsável pela Angola Bartenders School), criou de propósito uma bebida para o evento utilizando pêra Rocha e maçã de Alcobaça, que combinou com vários ingredientes, entre eles o vinho do Porto DR, que era obrigatório em prova.
Cocktails em livro
O festival, que nasceu de uma conversa de Facebook entre amigos, irá continuar no próximo ano e ainda com mais iniciativas, antevê Jorge Guilherme. Nesta edição participaram mais de 100 pessoas, entre concorrentes e organização, juntamente com os alunos da escola das Caldas, que estiveram envolvidos nas várias tarefas.
Eduardo Vicente (da EHT Coimbra), que co-organiza o evento, destacou que este tem melhorado qualitativamente a cada edição. “Chega-se a um ponto em que não se sabe quem é o profissional e o aluno, e isso é muito bom”, disse.
Presente na sessão de encerramento, o vereador Alberto Pereira, destacou o âmbito do evento, assim como a “qualidade e excelência da escola, que permite atrair tantos participantes”.
E, porque além de fazer bem é preciso comunicá-lo com o exterior, a EHTO pretende editar um livro com o resultado deste festival.