Oitava edição dos “Presépios da Minha Aldeia” tem como mote a reciclagem, no âmbito do projeto da Eco-Freguesia.
Na freguesia dos Vidais já se prepara o próximo Natal. Pelas aldeias e lugares, mais de 200 habitantes reúnem-se em grupos de moradores ou no âmbito das associações para construir os presépios que estarão a concurso nesta oitava edição dos “Presépios da Minha Aldeia”, que inauguram no dia 8 de dezembro e que estão em exibição até ao Dia de Reis, 6 de janeiro, em formato de rota.
Este ano, são 14 os presépios a concurso, mais o da Junta dos Vidais, que não entra no certame. O vencedor será conhecido no dia 7 de janeiro, explicou Rui Henriques, presidente da Junta, que promove a iniciativa. Vence aquele que reunir o maior número de votos dos grupos participantes (um voto por grupo), que, ao “estilo do Festival da Canção”, devem votar no seu presépio preferido, excluindo-se a si.
A novidade desta edição é a introdução de uma temática: os participantes devem recriar o cenário do natividade com materiais reciclados, uma iniciativa alinhada com a pretendida elevação de Vidais a Eco-Freguesia, cuja candidatura se encontra “em apreciação”, partilhou Rui Henriques.
O resultado desta medida, que já é possível ir conhecendo com vários grupos num estado já avançado de trabalho, é o “índice de criatividade” ter “aumentado bastante”, contou o autarca.
Com efeito, os participantes da Associação Desportiva, Cultural e Recreativa dos Mosteiros estão, este ano, a conceber o presépio em ponto grande com figuras muito diferentes daquelas que têm usado habitualmente, apesar de manterem que preferem o presépio ao estilo tradicional.
O presépio vai ser feito à base da “reciclagem do barro”, deixou entrever Jorge Botelho, presidente da associação. No entanto, ainda é cedo para revelar mais pormenores, porque os outros grupos ainda estão a trabalhar, e para que haja um efeito surpresa aquando da inauguração dos presépios, ou mesmo logo ao badalar das doze.
“Quando acabamos de montar o presépio [na noite do dia 7/12], comemos umas bifanas [numa ceia que organizam, na associação, em que se juntam mais pessoas ao grupo de trabalho], agarramos todos e vamos ver os outros presépios” contou, risonha, Isabel Santos, que já participa no concurso, em conjunto com cerca de dez conterrâneos da “velha guarda” e um na ordem dos 40 anos, desde o início da iniciativa, em 2014, uma equipa que conta com pintores e carpinteiros, como Jorge Botelho, que oferecem “know-how”.
Carla Ferreira, do grupo dos moradores de Cortém – que pretendem formar uma “pequena associação”, aproveitando a “malta nova” que tem chegado, mas incluindo também os mais idosos – considerou o mote deste ano uma “ótima” ideia que o grupo que dinamiza procura adotar anualmente, como no caso da utilização de uma cobertura de piscina encontrada no lixo para a recriação de uma cascata, que “simbolizava a fonte de Cortém”, no presépio da quarta edição.
“Gostamos de variar todos os anos, há muitos anos para cá que fazemos sempre projetos novos”, explicou esta médica de família, cujo grupo, no ano passado, fez um presépio gigante em ponto de cruz, e que já recebeu um primeiro prémio, em 2018, atribuído pelo então júri externo da ESAD.CR, pelo seu presépio mais alternativo: três “imponentes” estruturas triangulares feitas de troncos de lenha , representando o menino Jesus, Nossa Senhora e S. José, e que deixou alguns concorrentes algo céticos.
“É bom nós darmos a nossa opinião, mas entendemos positivo haver uma opinião externa e imparcial”, comentou a moradora. Que, ainda assim, realça que o principal mote da atividade é o convívio que possibilita, agregando um “núcleo duro” de cerca de doze a quinze pessoas ao longo dos dois ou mais meses de trabalho, às quais se juntam o dobro, estrangeiros incluídos, no dia da montagem do presépio, que culmina com uma grande ceia-convívio, na qual se têm formado memórias inesquecíveis, como do “vinho quente” feito e trazido por um ou do “bolinho” que outra fez, partilhados com pessoas que vão partindo e que, assim, ficam gravadas na memória dos amigos naquele estado de alegria gerado pelo convívio e pelo dar dos seus serviços.
E, assim, com esta iniciativa, a Junta de Freguesia tem colocado no mapa o respetivo território, que tem vindo a crescer em número de habitantes graças à imigração oriunda das mais diversas latitudes, como sejam os países europeus, da América do Sul, África ou Oceânia, posicionando-se nos cerca de 1.500 habitantes.