Ceboleiros são cada vez menos, mas cumpriram a tradição e valorizaram o produto caldense
A FRIMOR – Feira Nacional da Cebola decorreu no Pavilhão Multiusos de Rio Maior entre 29 de agosto e 1 de setembro. Este ano havia menos ceboleiros e menos cebola, mas a qualidade era, segundo os que estavam, melhor. Também com menos gente na feira, as vendas, dizem, foram boas.
A feira da cebola é também uma oportunidade de contactar com as diferentes gerações destas famílias, que produzem nos seus campos a cebola, ano após ano, para depois virem vender à feira em Rio Maior. A maioria vem de Alvorninha, no concelho das Caldas.
Já a finalizar a feira, falamos com Eduardo Caria que veio com a esposa, da Ribeira de Crastos, nos Vidais, onde produzem cebola. “Os pais da minha mulher já produziam e vendiam aqui na feira de Rio Maior há mais de 40 anos”, conta-nos Eduardo Caria, antes de fazer uma análise da edição deste ano. “Os primeiros dias este ano correram muito mal, mas hoje vendeu-se melhor”, detalhou, queixando-se ainda assim de uma baixa nas vendas. “Vendemos cerca de cinco toneladas das três variedades, mas é a normal aquela que sai mais”, diz-nos, enquanto aponta para uma trança de cebolas.

Andamos uns metros e encontramos Elisabete Martins a arrumar a banca. O sogro produz cebolas em Alvorninha há mais de 40 anos para vender na feira e é precisamente dessa freguesia que vem a maioria dos ceboleiros.
“Conseguimos vender tudo, mas a produção este ano também foi mais pequena”, explicou. Para a feira trouxeram cerca de 200 quilos de cebola normal e roxa.
Na FRIMOR deste ano viu “menos pessoas, mas o tempo à noite também não tem estado agradável”. Apesar de os primeiros dias terem sido menos movimentados, “o domingo correu bem”, nota.
Na inauguração, marcada pelas críticas ao poder central pela forma como tem tratado o setor agrícola, o presidente da Câmara de Rio Maior, Filipe Santana Dias, notou que o número de ceboleiros caiu para metade nos últimos sete anos. “A agricultura e os agricultores foram desprezados” e “vistos como profissionais de menor importância”, acusou o autarca, apontando o dedo aos sucessivos governos.

Antes, o edil riomaiorense havia recordado a história do evento, que já é realizado há mais de 300 anos e que recebeu esta denominação em 1983. O autarca abordou também as mudanças que têm sido feitas naquele que “é um dos eventos marcantes no calendário do concelho”.
Já anteriormente, a abrir a cerimónia, a presidente da Assembleia Municipal, Isaura Morais, havia recordado os carros de bois há 50 anos a carregar as cebolas e as transformaçoes na atividade agrícola e na feira. “É preciso incentivos para os jovens desempenharem a atividade agrícola”, alertou, tal como o presidente da Câmara das Caldas, Vítor Marques, que salientou ainda que a cebola une os dois territórios.
Presente na inauguração, Carlos Abreu de Amorim, secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, concordou com a análise e garantiu o compromisso do governo colocar a agricultura no topo das prioridades, fazendo “um corte com o passado, com o provincianismo deslocado que é julgar que a agricultura é uma coisa do passado e de segunda categoria”.

A FRIMOR contou ainda com um espaço gastronómico, com concertos (com milhares de pessoas) de Nena, GNR, entre outras bandas e DJ’s. Houve ainda um festival de bandas filarmónicas (com a Banda de Alvorninha), no último dia do certame.
No multiusos foi novamente montado um espaço para os mais novos brincarem, com dezenas de diversões, gratuitas, e uma mostra de artesananto e das atividades económicas do concelho. ■