Frutos recebeu 85 mil pessoas em cinco dias de feira

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Foram vendidos cerca de 20 mil bilhetes para os concertos

A Frutos terminou, mas ainda terá umas jornadas técnicas, com o COTHN e a Coopsteco, no próximo ano. Autarquia revelou pretensão de ter um espaço de experimentação e de investigação frutícola

Foi sem grandes novidades, mas com algumas melhorias que se realizou mais uma Feira dos Frutos, no Parque D. Carlos I, nas Caldas, entre 21 e 25 de agosto. A Feira manteve o formato dos últimos anos, com entradas gratuitas e, segundo a organização, terá recebido mais de 85 mil visitantes. Para os concertos, que tinham entrada paga (seis euros por dia ou 22 euros pelo passe), foram vendidos cerca de 20 mil ingressos.
No rescaldo da feira falamos com Regina Carreira, que com o marido, João Martinho, já participam na Frutos desde o primeiro ano. Produtores e vendedores na Praça da Fruta, têm gosto em participar no evento. “Correu bem, houve gente a comprar, foi um bocadinho melhor do que o ano passado em vendas, com menos pessoas a andar, mas mais movimento”, analisa.
No início, recorda, “éramos muitos, mas depois foi reduzindo e este ano só participámos dois da Praça da Fruta”. Durante o evento, o casal conta com a ajuda dos filhos e dos netos (uma das quais que se dedicou ao design do stand). Esta foi a localização que Regina mais gostou das várias que experimentou. “Gostei de todas, o parque é todo lindo, mas esta foi a que gostei mais, talvez por estarmos debaixo das árvores e próximo do café e da entrada”, refere.
Por outro lado, Pedro Silva, do Cabaz do Pomar, participou na Frutos pela primeira vez este ano. “Correu muito bem, foi muito proveitoso, a nível de divulgação, principalmente, do nosso projeto correu muito bem e foi uma boa oportunidade”, afirma. O negócio nasceu em fevereiro e passa pela entrega de cabazes de fruta e legumes ao domicílio. Sedeado nas Caldas, tem, por agora, apenas loja online. “Gostámos muito”, afirmou.
Já a nazarena Rita Vicente, que assumiu o negócio da Praça em Casa há cerca de um ano, participou pela segunda vez neste certame, mas achou que “este ano estavam menos pessoas, a feira estava um bocadinho mais pobre a nível de público, principalmente nos dois primeiros dias, não sei se foi de estar a decorrer ao mesmo tempo com a Feira de São Bernardo, que tem entradas livres e aqui não”. Ainda assim, refere, em termos de exposição houve melhorias, notando-se ainda algumas arestas a limar. “Eu adoro a feira, criam-se amizades e companheirismo entre os expositores e tenho muito orgulho em fazer aqui a feira, a maioria dos meus clientes são das Caldas”, disse.
A Frutos contou com 160 expositores. Do programa fizeram parte showcookings, a Rota do Livro e uma pequena quinta dinamizada pela ACPSLO. Ao longo dos cinco dias de feira passaram pelo palco principal 14 bandas e pelo palco da restauração sete.
No primeiro dia realizou-se um concerto entre a Banda Filarmónica de Alvorninha e Os Azeitonas. Para o maestro da banda, Renato Tomás, esta “foi uma partilha genial, com músicos fantásticos, com uma componente humana extraordinária”. Explicou que o pianista João Salcedo fez os arranjos, a banda fez ensaios sem os Azeitonas e depois esta semana fizeram quatro ensaios conjuntos e o sound check, antes “deste concerto maravilhoso, que foi para nós enriquecedor”.
O maestro destacou “uma caraterística muito similar à nossa banda, eles não são só músicos que se encontram em palco, partilham a vida e a amizade e a Banda Filarmónica de Alvorninha tem uma componente de amizade e de grupo muito forte também”. Este reportório “foi único, foi uma experiência única para quem assistiu”. Em palco estavam 60 músicos, com uma particularidade: o mais novo, de 11 anos, é neto do mais experiente elemento da banda, a sua avó, de 65, que vem da Escola de Música para Adultos da banda.
Os Azeitonas elogiaram o cenário, a banda e o público caldense. “Este foi um trabalho mais conjunto com o maestro, estivemos a preparar todo um espetáculo diferente, nunca tínhamos feito nada desta envergadura” neste género. Marlon Brandão partilhou que visitou o Museu José Malhoa e gostou bastante. “Gosto muito desta terra, somos sempre muito bem recebidos aqui”, frisou. “É um formato diferente do que estamos habituados, mas bonito também”, analisou Luísa Nena Barbosa, descrevendo o local como “mágico”.
David Carreira, Ivandro, Julinho KSD e Diogo Piçarra foram os cabeças de cartaz nos restantes dias.
Durante a inauguração do evento, Anabela Freitas, vice-presidente do Turismo Centro de Portugal, salientou a importância da feira “não só para as Caldas, mas também para a região”. Já no rescaldo, o presidente da Câmara, Vítor Marques, explicou que se entendeu que não era oportuna a realização das jornadas técnicas nesta data, mas que já existem ideias “programadas para 2025 com o COTHN e com a Coopsteco”.
Revelou também que estão “a desenvolver com 10 parceiros a possibilidade de virem a ter um espaço para experimentação, investigação e também para a promoção de uma feira, de dois em dois anos, ligada à agricultura”.
O edil caldense mostrou-se satisfeito “de termos mais expositores do que nos anos anteriores, com 160 expositores, dos quais cerca de 20% ligados diretamente à hortofruticultura”.
Em relação às críticas de pouca fruta, que são comuns ano após ano, o autarca frisou que houve um aumento nesta edição, mas que “é um trabalho que nunca está feito”. Realça que os que estiveram “estão felizes, fizeram o seu negócio” e que “estamos felizes por ter mais expositores, mas não vamos baixar os braços porque queremos ter mais expositores ligados à fruta”. Na área da restauração foi feita uma ampliação, porque “sentimos que era necessária e cumpriu”, fez notar o autarca, que destacou o muito público na feira desde o primeiro dia. “Estimamos entre 85 e 90 mil pessoas que visitaram o evento”, revelou. Já ao nível dos concertos, registaram-se cerca de 20 mil bilhetes vendidos.
“Cumpre com o nosso objetivo de ter uma feira com mais expositores, mais fruta e mais público”, disse, admitindo que esperavam uma afluência a rondar os 25 mil nos espetáculos e que tal se deveu à coincidência com outros grandes eventos, aproveitando para revelar que a Frutos “no próximo ano deverá realizar-se mais tarde, tal como as tasquinhas, que serão entre 8 e 17 de agosto, com a Frutos no último fim-de-semana” desse mês. O objetivo é fugir à sobreposição de eventos, como ocorreu já com o Mercado Medieval de Óbidos e, este ano, com a Feira de São Bernardo em Alcobaça.
A Frutos resultou de um investimento de cerca de 400 mil euros, com uma receita acima dos 100 mil euros. “O setor primário tem vindo a crescer de uma forma bastante significativa no nosso concelho e na região e portanto temos que promover esse sector e o resultado da sua exploração, nomeadamente, os frutos e toda a economia envolvente”, afirmou Vítor Marques, esclarecendo que os custos associados à realização dos eventos subiram 50% nos últimos cinco anos. “Só em licenças, por exemplo, pagámos 30 mil euros”.
A manuntenção dos “compromissos da acessibilidade e inclusão” foi outra das notas de Vítor Marques, que, no próximo ano, pretende um sistema de contagem nas entradas.
A responsável pelo departamento dos eventos da Câmara, Vânia Ferreira, frisou que a Frutos já começa a ser reconhecida, o que é importante na atração de novos expositores. à qual acresce a publicidade de quem participa e “a mudança da feira para menos dias”. Contaram este ano com 300 inscrições, mas “não tínhamos capacidade de espaço”, explicou, frisando que há “a prioridade para o sector primário”. ■