Um moinho situado na vila das Gaeiras e construído em 1920 vai voltar a moer em Outubro. As obras de recuperação começaram no início de Julho e a sua inauguração está prevista para o dia 4 de Outubro, altura em que se assinala o aniversário da freguesia.
O imóvel, que se encontrava em elevado estado de degradação, foi doado pelos seus proprietários, a família Quitério – que ainda hoje mantém uma fábrica de moagem nas Gaeiras – à Junta de Freguesia, juntamente com um lote de terreno de 400 metros quadrados. A Junta resolveu então recuperá-lo, mantendo-o fiel à finalidade para o qual foi construído – a moagem de farinha.
A obra, orçada em 50 mil euros, é comparticipada em 23 mil euros pelo PRODER, no âmbito de uma candidatura feita para recuperação do património em zonas rurais. O resultado da festa de Nossa Senhora da Ajuda em 2011, onde foi apurado um lucro de 17,7 mil euros também se destina a esta recuperação e o montante que falta, de perto de 10 mil euros, será suportado pela Junta de Freguesia.
Quando as empresas Carlos Clemente (construção civil) e Arte ao Vento (recuperação do engenho) acabarem os trabalhos, o moinho será convertido na Oficina da Semente e do Pão, onde os visitantes poderão ver como era feita antigamente a farinha. Ao lado será construído um forno comunitário para utilização da população mais carenciada, ou quem tiver interesse em cozer o seu próprio pão.
Houve algumas alterações ao projecto inicial, resultado do mau estado do imóvel. “Como o capelo rompeu acabou, por apodreceu todo o interior”, explicou Eduardo Silva, presidente da Junta de Freguesia, acrescentando que terão que ser colocados equipamentos novos. O mastro antigo e o fechal vão ser recuperados e colocados em exposição ao lado do moinho e toda a área envolvente será calcetada com calçada à portuguesa.
Os pisos já começam a ficar definidos. Em baixo será recuperado o aviadouro (sistema de limpeza dos cereais) e haverá também um peneiro, novo, que terá uma frente em vidro, permitindo aos visitantes verem como o equipamento trabalha. Num piso intermédio serão colocados outros objectos antigos em exposição e em cima será colocado o engenho.
O espaço envolvente contempla ainda sanitários e está livre de barreiras arquitectónicas.
“Não tenho dúvidas que será um pólo de atracção para muita gente”, diz o presidente da Junta das Gaeiras, Eduardo Silva, que já foi contactado por investigadores para visitar o moinho. O autarca salienta ainda que este equipamento é uma referência para a população, até porque a bandeira da freguesia inclui um moinho entre os seus símbolos, que dá nota da importância da actividade da moagem na região.
A Junta de Freguesia gostaria também de transformar a antiga escola primária (que actualmente funciona como ATL), situada a poucos metros do moinho, numa Oficina da Memória, que incluirá o espólio existente sobre actividades locais, como a carpintaria, marcenaria e vinicultura, oferecido pelas pessoas da terra.
Fátima Ferreira
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