Carina Magalhães dedica-se aos produtos paleo na Benedita

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Carina Magalhães apreciando algumas das bolachas que faz, seguindo algumas regras da dieta Paleo

Carina Magalhães, da Benedita, dedica-se à comida Paleo, um regime alimentar que defende o tipo de alimentação que se fazia há 10 mil anos atrás, numa era pré-agricultura. Gazeta das Caldas conversou com esta cozinheira que faz produtos com base nalguns princípios daquela dieta e que são tão procurados que, em breve, está a pensar em abrir o seu próprio negócio.

Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt

Carina Magalhães tem 34 anos e é natural de Turquel (Benedita). É cozinheira, formada pela Escola Profissional de Leiria e trabalhou 13 anos no Marriott da Praia D’el Rey. Diz que a cozinha é a sua paixão e acabou por regressar à gastronomia, depois de ter tentado uma mudança de rumo profissional no ramo da saúde e bem-estar.
Houve uma altura em que experimentou fazer a dieta Paleo e aprendeu a confeccionar vários produtos com as regras que ditam aquele regime alimentar. “Mais do que uma dieta, a Paleo é sobretudo um estilo de vida”, comentou a cozinheira, explicando que aquele regime defende uma alimentação baseada em produtos frescos, livres de glúten e sem lacticínios.
Quem segue esta dieta (que se inspira na era do Paleolítico) à risca, só deve comer o que o homem era capaz de caçar ou colectar (carnes, frutos do mar, frutas e verduras, nozes, sementes e tubérculos). O regime Paleo também defende a actividade física regular e oito horas de sono por noite. “Quando fiz a dieta, senti-me muito bem”, contou Carina Magalhães, que segue alguns dos princípios Paleo, mas tinha dificuldade em cortar no pão. Como tal, decidiu passar a fazê-lo, mas de outra maneira, com farinhas sem glúten.
Carina começou a fazer estes alimentos para familiares e amigos e agora os pedidos já são muitos.
Além do pão, também confecciona refeições e várias bolachas de forma Paleo. Entre quem lhe pede estes produtos estão várias pessoas que precisam deste tipo de alimentação mais natural porque pretendem perder peso ou porque sofrem de doenças e de intolerâncias alimentares.

INGREDIENTES ESCONDIDOS

A cozinheira que também consume produtos Paleo (apesar de não fazer a dieta a 100%), recordou a importância de ler os rótulos dos alimentos pois, no que diz respeito ao consumo tradicional, “alguns possuem ingredientes escondidos e que nós nem damos por isso”. Carina deu como exemplo que a conservação do presunto inclui açúcar.

“A dieta Paleo defende que devemos consumir os produtos da forma mais natural possível”, disse a responsável acrescentando que o trigo tem glúten, “mas se for sarraceno já não tem”. Nos seus produtos substitui o açúcar branco por açúcar de coco, de mel, mascavado ou xilitol (adoçante natural encontrado nas fibras dos vegetais). Nalguns dos seus bolos elimina por completo o açúcar, substituindo-o por tâmaras.

Ensinar os pais a comer

Carina Magalhães faz vários tipos de pão, hambúrguer de curgete, lasanha e bacalhau com natas. As refeições são pré-cozinhadas e podem ser compradas frescas ou congeladas. Confecciona vários tipos de bolachas com farinha de coco, de amêndoa, de beterraba, de cenoura e de espinafre. Estas farinhas especiais têm preços por quilo que variam entre os 20 e 30 euros.
Para confeccionar os seus bolos, Carina Magalhães utiliza uma mistura de farinhas, sem glúten e que são consumidos por celíacos (pessoas que sofrem de uma doença autoimune do intestino, causada por uma sensibilidade permanente ao glúten). Usa manteiga nos seus pratos e prefere as marcas dos Açores. Quanto ao sal, usa o das Salinas de Rio Maior ou o dos Himalaias.
O amendoim, a aveia e a grande maioria das leguminosas estão numa zona cinzenta da dieta Paleo para quem leva as regras mesmo à risca. “Eu não sou radical. Sigo algumas premissas, mas não prescindo de coisas boas como da sopa de feijão da minha mãe!”, disse Carina Magalhães.
O seu marido e o filho, de sete anos, também comem os produtos Paleo que ela faz.
Em breve, Carina Magalhães gostaria de ter o seu próprio negócio e vender para clientes individuais e também para revenda. Para se ter uma ideia, um pão de 500 gramas pode custar entre os quatro e os cinco euros enquanto que um pacote de 160 gramas de bolachas fica a 3,50 euros.
“Creio que no futuro seremos nós a ensinar os nossos pais a comer”, disse a cozinheira, que nota que há nas novas gerações uma maior preocupação com a alimentação que se faz.