– Seis metros… cinco metros, quatro metros. É por aqui…
– Deve ser ali na escada
– Não, para aí afasta-se. Nove metros, dez metros…
– Mas tem de ser por aqui
– É nesta direcção…
– Três metros, dois metros. É aqui, é aqui.
– Mas não vejo onde possa estar…
– Só se for ali debaixo.
– É mais longe
– Há sempre uma margem de erro das coordenadas.
– Está aqui!! Encontrei!
Entusiasmado o grupo aproxima-se. A cache (a tradução em português pode ser esconderijo), estava bem escondida (apesar de se encontrar num dos sítios de maior movimento de pessoas na praia da Foz do Arelho) e tem no seu interior um rolinho de papel onde os “descobridores” anteriores deixaram o seu rasto – nome, localidade e data em que a encontraram. A regra agora é voltar a colocar a cache no mesmo sítio e deixar tudo como estava. Quem quiser, pode ainda fazer depois um comentário na Internet sobre o grau de dificuldade em encontrá-la.
Este grupo anda a fazer geocaching, uma actividade lúdica que consiste em fazer uso de um GPS e de um site da Internet para procurar caches que estão escondidas em locais improváveis e às quais só se consegue aceder através das coordenadas geográficas. É uma espécie de caça ao tesouro, se bem que as caches nada têm de valioso a não ser o prazer da sua descoberta. Algumas têm pequenas prendas para os seus descobridores que, em contrapartida, devem nelas deixar, também, uma pequena recordação.
Por vezes, o verdadeiro tesouro é, graças à procura de caches, vir a conhecer locais muito interessantes do ponto de vista cultural ou paisagístico. Muitas contêm até um pequeno texto com factos ou curiosidades sobre o local.
Existiam na semana passada 1.173.915 caches espalhadas pelo mundo inteiro. O geocaching tem inúmeros seguidores e é particularmente apreciado por famílias (pais e filhos costumam procurar caches em conjunto, o que constitui uma actividade divertida) ou por jovens casais, embora também haja alguns jogadores solitários.
Em www.geocaching.com pode-se encontrar as caches de todo o mundo, podendo-se procurar por localidades. Mas para se obter as coordenadas é necessário registar-se.
Nas Caldas da Rainha existem 16 caches espalhadas pela cidade, das quais 11 são normais, uma é multi-cache (chega-se à cache através de outras que têm as respectivas coordenadas) e cinco são caches-mistério. Estas últimas, para serem encontradas, implicam um trabalho de casa prévio, pesquisando e investigando pistas, normalmente relacionadas com a história e as características da localidade ou do lugar.
Existem ainda as “Earth caches”, relacionadas com fenómenos da Natureza (na região existem caches destas no Penedo Furado e no Gronho), cujos conteúdos surpreendem com autênticas lições de Geologia. E existem também as “Event caches” que congregam passeios de bicicleta, geochurrascadas, escaladas e outras actividades.
As caches caldenses têm nomes originais. Uma chama-se Calheiros Viegas, outra Sentir Caldas, outra Ramalho Ortigão, mas há também a Cache Radical, a Simppetra, a Bowling, a Águas Santos, etc. Duas delas, porém (uma nas imediações da CimOeste e outra no Centro de Artes), estarão muito bem escondidas, ou as coordenadas não estão correctas, ou então alguém as levou porque não foram encontradas. Segundo informação do site, numa delas já houve oito pessoas que tentaram e não conseguiram.
Na Foz do Arelho podem ser procuradas quatro caches e no outro lado da lagoa, no Bom Sucesso, três. Em Óbidos há quatro caches: duas dentro da vila e três nos arredores. Mas obviamente que fora destas localidades há ainda dezenas de caches em toda a região.
A prática desta actividade já levou algumas entidades a colocar caches para atrair visitantes. É o caso do resort Noiva do Mar na Atalaia (Lourinhã).