Geoparque Oeste recebeu a chancela da UNESCO

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Região ganha mais uma distinção da UNESCO que veio reconhecer o Oeste e premiar o trabalho iniciado há seis anos

O Geoparque Oeste foi oficialmente reconhecido como Geoparque Mundial da UNESCO na tarde da passada quarta-feira, dia 27 de março.
“Esta chancela, é concedida pela Rede Global de Geoparques e validada pelo Conselho Executivo da UNESCO a este território que integra os municípios de Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Peniche e Torres Vedras”, explicam os responsáveis. Recorde-se que Óbidos fez parte dos fundadores, mas abandonou o projeto, tendo recentemente mostrado vontade de regressar.
O Geoparque Oeste, passa a ser o sexto Geoparque Mundial da UNESCO em Portugal, e um dos mais de 200 territórios com esta chancela em todo o mundo. São atualmente 213 em 48 países.
João Serra, representante do município da Lourinhã, na presidência da direção da AGEO – Associação Geoparque Oeste, afirma que “este é um momento histórico para a região Oeste, mas sobretudo para estes seis municípios que vêem agora todo o seu território e produtos reconhecidos pela UNESCO”. O mesmo responsável crê “que este não é apenas um momento importante, será certamente a primeira pedra de um legado para as futuras gerações, pois passarão a olhar para o seu património natural e local como algo de excecional e único”.
Já o coordenador executivo do Geoparque Oeste, Miguel Reis Silva, afirma que “este reconhecimento é fruto do trabalho, da vontade, da visão e ambição dos municípios que integram o Geoparque Oeste, pois sempre acreditaram que esta é a estratégia de desenvolvimento regional que devem preconizar, alicerçada na geologia, na biodiversidade, no respeito e promoção das tradições, dos costumes e das pessoas que são o rosto deste Oeste único”.
Miguel Reis Silva nota ainda que “o que a UNESCO hoje reconhece não é só o património, é acima de tudo a identidade de um território com história e com vontade de mostrar que é no pensar local que está a valorização do que é seu e no bem receber a quem nos visita”.
Note-se que os Geoparque têm que ter, na sua base, a geologia, mas o conceito vai muito além de ser um catálogo de geossítios, procurando uma abordagem holística, focada na relação entre as diferentes áreas e procurando garantir a sustentabilidade.

A linha do tempo
Recordemos todo o caminho percorrido nos últimos seis anos, desde a criação da Associação Geoparque Oeste – AGEO, em 2018.
No segundo ano de vida iniciou-se o processo de constituição da equipa técnica e científica, sendo nomeado como coordenador executivo Miguel Reis Silva e como coordenador científico o professor Nuno Pimentel.
Em 2020 a equipa técnica e científica deu início aos trabalhos de diagnóstico e pesquisa relacionados com os geossítios, mas também um conjunto de atividades que permitiram o desenvolvimento do mapa de geossítios, dos catálogos de programas educativos e programas turísticos, assim como a criação de redes de trabalho e parceria por todo o Geoparque Oeste.
Em 2022 foi submetida a candidatura à Rede Global de Geoparques, seguida da visita técnica ao território dos avaliadores desta rede, que ocorreu em julho do ano passado, já depois de ter sido inaugurado o Centro Interpretativo do Geoparque, no Bombarral.
Em setembro de 2023 a comissão executiva da Rede Global de Geoparques, reunida em Marraquexe (Marrocos) aprovava a candidatura que apresenta mais de 440 referências bibliográficas e 15 geossítios de reconhecimento internacional.
Agora, em março de 2024, atribuíram ao Oeste de Portugal a chancela de Geoparque Mundial da UNESCO.
“O Geoparque Oeste é assim reconhecido por mais de uma dezena de espécies únicas de dinossauros, pelos quatro ninhos de dinossauros, pelo reconhecimento de um dos pontos estratigráficos de referência mundial – a Ponta do Trovão, pelas suas áreas protegidas, mas também pela presença do Homem dos primórdios das civilizações, à sua história, costumes e tradições que remontam do início da constituição de Portugal como nação”, referem os responsáveis da AGEO.

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Dinossauros destacados
No anúncio da aprovação do Geoparque Oeste, que ocorreu junto com mais 17 novos Geoparques um pouco por todo o mundo, a UNESCO destacou os mais de 72 quilómetros de costa atlântica e as praias arenosas do Oeste, focando especialmente o “património paleontológico excepcionalmente rico”, com mais de 180 sítios com fósseis e vestígios de 12 espécies distintas. Os ninhos de dinossauros são um dos grandes atrativos desta região, tendo em conta que existem 12 a nível mundial e dois se localizam precisamente no Oeste de Portugal. A UNESCO destaca ainda as tradições existentes neste território.
Os novos Geoparques situam-se no Brasil (Uberaba), Croácia (Lagos Biokovo-Imostski), Dinamarca (Arquipélago de South Fyn), Finlândia (Lago Impact Crater Lappajarvi), Grécia (Meteora Pyli), Hungria (Bukk), Polónia (Terra dos Vulcões Extintos) e Espanha (Vulcões Calatrava), dois em França (Armorique e Normandie -Maine) e cinco na China (Enshi Grnd Canyon-Tenglongdong, Linxia, Longyan, Monte Changbaishan, Wugongshan e Xingyi), além de um transfonteiriço, que abrange os territórios da Bélgica e Países Baixos (Delta do Schelde).

Um território rico
Com a chancela de Geoparque Mundial da UNESCO, o território destes seis municípios passa a ter um total de três chancelas UNESCO, sendo as outras duas: as Berlengas – Reserva da Biosfera da UNESCO e Caldas da Rainha – Cidade Criativa UNESCO do Artesanato e Artes Populares.
Por outro lado, o território da Comunidade Intermunicipal do Oeste, que integra um total de doze municípios, incluindo os seis que compõem o Geoparque Oeste, passa a reunir agora cinco chancelas UNESCO, onde para além das já referidas conta-se ainda o Património Mundial da UNESCO, nomeadamente o Mosteiro de Alcobaça e Óbidos Cidade Criativa UNESCO da Literatura.
“Estes reconhecimentos demonstram que a região Oeste é efetivamente um território de exceção no panorama nacional e internacional com um património natural e cultural único”, notam os responsáveis do Geoparque Oeste. ■

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