Secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território justifica opção com coesão territorial
“Sempre defendi que o Bombarral era o sítio ideal [para a localização do novo Hospital], até porque não posso esquecer que faço parte do ministério da Coesão Territorial e, se queremos coesão territorial, não podemos colocar os equipamentos todos nos grandes centros”. A opinião é de Carlos Miguel, secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, defendendo que a coesão territorial faz-se de forma equilibrada. “O Bombarral é um território que há 20 anos perde população e tem a A8 ali encostada. A coesão territorial também se faz com isso, com equipamentos de referência lá instalados”, disse o governante à Gazeta das Caldas.
Questionado sobre o facto dos planos de ordenamento do território defenderem que um equipamento desta dimensão deve ser localizado junto a uma cidade, o governante diz que os “PROTs são indicativos” e que, seguindo esse raciocínio, “então a localização seria em Torres Vedras porque tem muito mais população, do que a solução a Norte”. O torriense Carlos Miguel não defende um novo hospital na sua terra, mas “para toda a região, que seja equidistante”, diz, acrescentando que prefere fazer vários quilómetros e ter um equipamento que o sirva.
Entende que a discussão “está enviesada” e reiterando que a localização Bombarral é a que serve o Oeste, o governante considera que a preocupação dos autarcas deve ser a de começar a dialogar já com o ministério da Saúde para saber o que vai acontecer aos hospitais de Torres, Caldas e Peniche. Para Carlos Miguel há que lutar pela permanência destas unidades em funcionamento, com “uma urgência básica, que funcione como reta- guarda deste grande hospital, com cuidados continuados e cuidados paliativos, e se calhar, algumas consultas externas”.
Carlos Miguel já foi presidente da Câmara de Torres Vedras e da OesteCIM. “Fui daqueles que lutei, a dada altura, por termos dois polos hospitalares, um nas Caldas e outro em Torres Vedras”, lembrou, mas que, com o tempo, percebeu que era materialmente impossível manter os equipamentos e os profissionais a trabalhar nos três hospitais. “Ao falar com especialistas, todos foram unânimes em dizer que nesta justifica-se ter apenas um hospital de qualidade, para dar resposta à população da região”, explicou, acrescentando que este não pode ficar “nas extremidades” da região. O secretário de Estado acredita que este será uma realidade e diz mesmo que está a fazer conta de ir à sua inauguração.
O governante esteve no concelho de Óbidos, no passado dia 14 de julho, numa visita à Quinta do Furadouro e Centro de Investigação e Desenvolvimento da Altri Florestal, no Olho Marinho. Pela primeira vez que no último século não têm sido criadas matas nem bosques, só espaços verdes, “que também são importantes mas não têm o mesmo impacto e têm mais gastos”. Gostaria de envolver as juntas de freguesia na criação de uma mata em cada freguesia. “Temos 3091 freguesias, se cada freguesia, em média, conseguis- se fazer dois hectares de mata, em 20 anos tínhamos seis mil hectares de mata”, sintetiza, referindo-se à criação de espaços lúdicos, onde as pessoas possam fazer piqueniques e atividade física. Por outro lado, poderão tirar alguma rentabilidade da poda das árvores.
O governante reconhece que não será possível fazer apenas num mandato, mas entende que os autarcas “têm de olhar também para o futuro”. ■