Há cada vez mais crianças nas estâncias termais

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Gazeta das Caldas
As doenças do foro respiratório são aquelas que podem usufruir de maiores benefícios com os tratamentos termais em idade precoce
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As termas não são só para os “velhos” e embora o termalismo infantil não seja uma novidade – existe há décadas – nos últimos anos tem-se verificado um crescimento exponencial desta prática. Há cada vez mais crianças a frequentarem estâncias termais não só para o tratamento precoce de diversas patologias mas também porque há o reconhecimento que as águas medicinais promovem o bem-estar e a saúde dos mais novos, melhorando a sua qualidade de vida. Quem o diz é Ana Zão, médica do Centro Hospitalar do Porto, que esteve nas Caldas da Rainha a propósito do Congresso de Hidrologia Médica e falou das Termas de São Jorge (Santa Maria da Feira) como um exemplo de sucesso do termalismo pediátrico.

As principais doenças que podem ser combatidas com os tratamentos termais na infância são as do foro respiratório e otorrinolaringológico, seguindo-se as patologias dermatológicas, em particular a dermatite atópica (pele muito irritada e seca).
“Segundo vários investigadores, três em cada quatro crianças que recebe tratamento termal, este é dirigido ao tratamento de patologias respiratórias, sobretudo rinite, sinusite, asma e bronquiolite”, refere Ana Zão, médica do Centro Hospitalar do Porto, acrescentando que embora haja poucos estudos sobre a eficácia das águas termais em doenças musculoesqueléticas nas crianças, “há evidências que os tratamentos também melhoram a dor, défices de força muscular e funcionalidade, o padrão de marcha e a sensação de bem-estar”.
Os benefícios da utilização das termas durante infância estendem-se ao efeito imunomodulador da água mineral natural, cujas propriedades físicas, biológicas e químicas actuam no sistema imunológico da criança, aumentando a sua capacidade de resposta a determinados microorganismos como vírus e bactérias. Mas as termas são também um exemplo da medicina preventiva e da promoção da salutogénese (prática científica que procura factores que geram saúde em vez das causa das doenças).
“Por exemplo, no caso da rinossinusite,  os tratamentos termais têm diminuído não só a necessidade de recorrer a fármacos, mas também o número de hospitalizações, o absentismo escolar e, consequentemente, acarretam melhoria significativa da qualidade de vida das crianças”, ilustra Ana Zão, realçando que se tem verificado um crescimento do termalismo infantil precisamente porque há evidências científicas que comprovam as mais valias, a segurança e a relação vantajosa custo-eficácia destes tratamentos.

O exemplo de São Jorge

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Na sua intervenção no X Congresso de Hidrologia Médica, realizado nas Caldas da Rainha entre 18 e 20 de Maio, Ana Zão abordou o exemplo das termas de São Jorge, localizadas em Santa Maria da Feira, como um caso de sucesso no que respeita ao investimento no termalismo infantil.
A médica realçou que esta estância termal soube tornar-se atractiva às crianças, implementando medidas como a criação de uma mascote infantil  (o “Gotinhas”), de um boletim termal específico para os mais novos e do “TermaKids”, um conceito lúdico, educativo e social de tratamento. Souberam também adaptar o espaço físico onde são tratadas as crianças, apostar em formação específica dos funcionários nesta área e desenvolver projectos de investigação e actividades em conjunto com hospitais e centros de saúde. O trabalho de promoção do termalismo infantil nas Termas de São Jorge já foi inclusive reconhecido internacionalmente o ano passado, com a atribuição do prémio ESPA Innovation Awards pela European Spas Association.
De 1998 a 2016 foram tratadas 4051 crianças nestas termas, o que corresponde a 7%  do total dos tratamentos ali realizados, sendo que a maioria dos doentes pediátricos observados encontrava-se na faixa etária dos cinco aos nove anos (32%), seguindo-se as crianças entre os 10 e 14 anos (28%).

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