Um imigrante brasileiro de 27 anos foi assassinado na madrugada de 14 de Novembro, nas traseiras dos Pimpões, depois de um desentendimento com outro homem que, à hora de fecho desta edição, ainda não tinha sido identificado.
Segundo o relato da companheira, Luciano da Silva estaria a urinar na rua, quando foi abordado por outro indivíduo que teria cerca de 40 anos de idade e que o terá insultado pelo seu acto. Durante a altercação entre os dois, foi desferido um golpe fatal com uma navalha no peito do imigrante.
A polícia foi chamada ao local cerca das 3h15 e ainda tentou encontrar o agressor com base nas informações da esposa da vítima, mas sem sucesso.
Embora tivesse sido transportado com vida para o hospital das Caldas da Rainha pela ambulância do INEM, Luciano da Silva não resistiu aos ferimentos e acabou por falecer.
O caso está agora a ser investigado pela Polícia Judiciária de Leiria, cujo coordenador, Carlos do Carmo, não quis prestar quaisquer informações sobre este assunto.
A morte foi notícia também no Brasil, onde é dado destaque às afirmações xenófobas que o assassino, alegadamente português, terá proferido contra a vítima. O jornalista Jair Rattner, correspondente em Lisboa da BBC Brasil, socorre-se do relato do Correio da Manhã para contar a história.
A notícia daquele órgão internacional, ilustrada por uma foto dos pavilhões do Parque, refere que Andressa Valeria, companheira de Luciano Silva, afirmou que o agressor tinha “sotaque português”.
Ao portal de notícias da Globo, Andressa Valéria contou que viviam juntos, apesar de não serem casados no papel, e estavam a planear voltar para o Brasil ainda este ano.
“As condições estão muito difíceis em Portugal, não queríamos mais nada aqui, o país está em crise”, disse ao telefone Andressa Valéria.
Aos seus conterrâneos, a imigrante brasileira queixou-se de haver muito preconceito em Portugal. “Uma vez entrei no banco e fui ofendida, me chamaram de puta brasileira”, contou.
Na sua opinião, o assassinato do seu companheiro também foi motivado por preconceito.
“O homem não matou ele porque ele estava fazendo xixi, foi por preconceito, entende? Tem muitos portugueses bons aqui, muitas pessoas boas. Mas tem muito preconceito também”, lamentou.
O jornal brasileiro conta também que Andressa Valéria quer agora que a ajudem a pagar a transladação do corpo de Luciano Correia para o Brasil.
Bairro da Ponte com problemas de insegurança
Uma moradora na rua Fialho de Almeida, onde o imigrante foi esfaqueado, acordou com o barulho de algumas pessoas a gritar, mas já só viu a vítima estendida no chão. “Estava uma senhora de joelhos em frente à ambulância e a gritar”, contou. No local, junto a uma porta dos Pimpões, ficou uma poça de sangue. A arma do crime ainda não foi encontrada.
O falecido e a mulher teriam estado até aquela hora num bar na rua Dr. Augusto Saudade e Silva. Os moradores dessa rua (que liga a ponte de pedra sobre a linha do Oeste e o largo Frederico Pinto Basto) dizem que é habitual haver conflitos naquela artéria. “Às vezes vejo drogados a fumarem charros à porta de minha casa, é uma barulheira infernal e até sangue barrado nas paredes já vi”, queixou-se uma moradora. “Desde que a esquadra saiu daqui de Santo Onofre não se vê um polícia a passar”, queixou-se.
Outro morador referiu que quando recentemente caiu uma viatura para a linha do comboio (ver caixa) até apareceu a carrinha de intervenção em marcha de urgência com vários polícias e os escudos de protecção, “mas para resolver estes problemas ninguém aparece”.
O comandante da PSP das Caldas, Cardoso Silva, não quis comentar estas afirmações dos moradores, mas adiantou que a polícia já esteve naquele bar por diversas vezes. “As coisas até têm estado mais calmas ultimamente”, referiu.
Recentemente o presidente da Junta da Freguesia de Santo Onofre, Abílio Camacho, denunciou a existência de brigas graves em alguns bares na sua freguesia.
Rixa com 50 pessoas
Também na madrugada de 14 de Novembro, pelas 2h30, a PSP foi chamada à rua Luís de Camões por causa de um conflito que envolvia cerca de 50 pessoas “de várias etnias”, como refere um comunicado daquela força policial.
Devido ao elevado número de cidadãos e “porque estes não acataram as ordens policiais para cessarem com os conflitos”, foi necessário recorrer ao gás pimenta.
Como a polícia entendeu que não estavam reunidas as condições de segurança necessárias, não foi possível identificar os autores do conflito.
O caso está agora a ser investigado, para que se possa apurar a identificação dos culpados. O comandante da PSP das Caldas disse não haver suspeitas que este caso esteja relacionado com o assassinato no bairro da Ponte.
Moedas roubadas em igrejas da região
Três igrejas (em Geraldes, Sancheira Grande e Gaeiras) foram assaltadas a 8 e 9 de Novembro, tendo sido furtadas várias moedas das caixas de esmolas.
No dia 8 foi apresentada na GNR uma queixa pelo furto de suínos na Torre (Formigal). No mesmo dia houve outra queixa por um assalto a um estabelecimento no Pó. A 9 de Novembro foi assaltada uma obra em Casais de Mestre Mendo (Peniche).
Duas viaturas que estavam num parque de estacionamento de um restaurante em Tornada foram assaltadas a 10 de Novembro. No Bombarral roubaram bilhas de gás.
A 11 de Novembro assaltaram um armazém nas Caldas da Rainha, três residências em Tornada, Cabreiros (Salir de Matos) e São Martinho do Porto, e ainda um veículo em Óbidos.
No dia seguinte houve furtos a dois veículos na Foz do Arelho e a uma viatura no Baleal. Na Portela (Bombarral) assaltaram um armazém.
Nos Casais de Santa Teresa (Alcobaça) a GNR deteve dois homens, de 24 e 39 anos, por furto de ferro velho numa pecuária. No dia 13 foi apresentada uma queixa pelo furto de gasóleo do depósito de dois camiões na Atouguia da Baleia. Na Delgada (Bombarral) assaltaram uma casa.
Uma mulher de 21 anos foi detida pela GNR de S. Martinho por estar na posse de um bastão extensível, considerado uma arma ilegal.
No dia 14 de Novembro assaltaram um carro em Geraldes. Um veículo roubado na Benedita foi recuperado pela GNR de Óbidos.
Recuperados artigos roubados
A GNR das Caldas conseguiu recuperar vários artigos que tinham sido furtados de uma casa nas Caldas da Rainha em Maio.
Entre os artigos estavam três pulseiras em ouro, um fio de ouro, um par de brincos, um computador portátil e um LCD. No âmbito da investigação que deu origem a esta recuperação de artigos, foi constituída arguida uma mulher de 41 anos.
Um homem de 38 anos foi detido na Benedita a 11 de Novembro por se recusar a efectuar o teste de álcool. No mesmo dia a GNR da Benedita deteve outro indivíduo que conduzia um veículo apreendido.
Durante a madrugada de 13 de Novembro a PSP das Caldas deteve dois indivíduos, de 32 e 42 anos, que conduziam sem carta. Durante a tarde foi também detido na Nazaré, pelo mesmo motivo, um jovem de 22 anos. Na Aldeia de Pescadores (Vau) a GNR deteve uma mulher de 27 anos com 1,86 gr/l. Nessa mesma noite, em Alcobaça, a polícia deteve um homem de 31 anos com uma taxa de álcool no sangue de 1,61 gr/l.
De 8 a 14 de Novembro a GNR das Caldas da Rainha registou na área do seu destacamento territorial um total de 32 acidentes, dos quais resultaram 21 feridos ligeiros.