Incremento da Cirurgia em Regime Ambulatório pode poupar muito dinheiro ao Estado

0
685
- publicidade -

IMG_6193A Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória promoveu no passado dia 17 de Abril a terceira reunião nacional de Unidades de Cirurgia Ambulatória, que trouxe 110 participantes à antiga lavandaria do hospital das Caldas. A cirurgia ambulatória é qualquer caso de cirurgia em que o doente não permaneça mais de 24 horas no hospital. Actualmente, em Portugal, mais de metade das cirurgias realizadas são deste tipo, uma ordem de grandeza que também se aplica ao hospital das Caldas
A cirurgia em regime ambulatório é uma prática que tem vindo a crescer em Portugal, talvez pelo atraso que o país levava em relação ao resto da Europa. Os benefícios passam pela diminuição da factura ao utente, ao hospital e, consequentemente, ao Estado. Além disso, ao sujeitar o paciente a menos tempo de permanência nas instalações hospitalares, diminui-se o risco de infecção hospitalar.
Nas Caldas, numa reunião onde estiveram representantes de unidades de cirurgia ambulatória de todos os hospitais públicos do país, traçou-se um ponto da situação da cirurgia em regime ambulatório em Portugal. O que já foi feito, qual a realidade actual e quais as perspectivas de futuro, foram algumas das questões que se discutiram. Foram apresentadas percentagens e tipos de cirurgias realizadas sob este regime, foi explicada a diferença entre as cirurgias que obrigam a pernoita e as que não obrigam e foram revistos os critérios de inclusão.
A cirurgia em regime ambulatório não passa só por retirar sinais e quistos. Hoje em dia já são feitas cirurgias à tiróide, à hérnia discal e ao joelho, em regime de ambulatório. Para além disso, as cirurgias oftalmológicas são, em praticamente todos os casos, feitas neste regime. Para além destas, há ainda muitas especialidades, patologias e doentes que podem ser operados neste regime, aumentando a percentagem realizada em ambulatório.
A escolha das Caldas da Rainha para este encontro deveu-se ao facto de a APCA querer fazer o seu evento numa zona central, visto que no ano anterior havia sido em Gaia. “As Caldas é uma unidade onde já se faz cirurgia em ambulatório há muito tempo, com bons números, com muitas especialidades. Achámos que era um bom prémio”, disse à Gazeta das Caldas, Carlos Magalhães, presidente da Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória.
Apesar do convite feito pela organização, “infelizmente não esteve presente nenhum representante do Ministério da Saúde”, para esclarecer quais as linhas orientadoras para as próximas décadas. “Mas vamos tentar marcar uma reunião” afiançou Carlos Magalhães.

Uma unidade autónoma

As cirurgias em ambulatório funcionam de forma distinta de hospital para hospital. Em alguns casos a unidade de cirurgia ambulatória funciona separada da estrutura física do hospital, noutros é integrada. No caso das Caldas “a unidade é autónoma, mas está integrada na estrutura física do hospital”. Ou seja, “é autónoma em termos de recursos humanos da enfermagem, que são completamente autónomos. As enfermeiras que trabalham em unidade de ambulatório só trabalham no bloco de cirurgias de ambulatório. Os recursos médicos tanto trabalham no ambulatório como em cirurgias com internamento”, revelou Carlos Magalhães, escusando-se a revelar se, financeiramente, esta unidade é autónoma.
O presidente da APCA acredita que este tipo de cirurgia traz vantagens a todos. “O doente é bem tratado, com altos índices de qualidade, para os hospitais fica mais barato, para o Ministério da Saúde é vantajoso porque consegue poupar dinheiro”, afirmou Carlos Magalhães. “O facto de o doente passar pouco tempo no hospital e não pernoitar alivia muito os hospitais dos custos económicos associados ao internamento e diminui o risco de infecção do utente”.
Para além disso, as cirurgias em regime ambulatório permitem “libertar camas para outros doentes que precisam de ser internados. Nós sabemos que os nossos hospitais estão muito lotados, se conseguirmos libertar camas com doentes operados em regime ambulatório acho que isso é vantajoso”.
Os doentes operados neste regime não pagam taxa moderadora, sendo esta uma forma de que aceitem melhor a circurgia ambulatória.
Neste tipo de cirurgia, é sempre necessário que um adulto possa acompanhar o paciente durante as  primeiras 24 horas depois da cirurgia. Tendo em conta que, em Portugal, uma grande parte da população, sobretudo idosa, vive sozinha, esta é uma questão que ganha especial importância.
“Quando não se consegue reunir as condições para fazer a cirurgia em ambulatório, com segurança, o paciente acaba por ficar internado mais três, quatros dias, com as consequências que isso acarreta… Maior risco de infecção do paciente, maior despesa para o Estado e para o próprio utente…”. Para resolver este problema, a APCA está a “tentar que os Centros de Saúde tenham alguma intervenção”, apesar de saber que o apoio social aos Centros de Saúde “é muito deficitário”.

- publicidade -

 

- publicidade -