Investigadora Rita Pestana distinguida no Marie Curie Fellowship

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Turquelense trabalha no Centro de Microanálises de Materiais, em Madrid, em projeto internacional
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A jovem, natural de Turquel, está a tirar o mestrado em Engenharia Física e esta será a terceira experiência no estrangeiro

A investigadora Rita Pestana está a efetuar um estágio no Centro de Microanálises de Materiais, em Madrid, no âmbito do curso de Engenharia Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e ao abrigo do Marie Sklodowska – Curie Fellowship Programme, da Agência Internacional de Energia Atómica.
“Desde muito jovem que a Física e a Matemática me despertaram muito interesse”, explica a jovem, que terá agora a oportunidade de realizar a parte experimental da tese de mestrado.
“As minhas expetativas são que aprenda bastante e que consiga implementar o projeto que tenho vindo a desenvolver desde setembro. A par disso, espero desfrutar do ambiente da cidade e ter a possibilidade de conhecer melhor esta região de Espanha”, disse à Gazeta das Caldas.
A turquelense, que estudou na Benedita e nas Caldas, revela que a maioria das experiências que irá realizar neste estágio “estão relacionadas com a aplicação da terapia de protões para o tratamento de cancro”, mas “também existem estudos a decorrer com vista ao estudo de outras patologias, como por exemplo a doença de Alzheimer”.
O Centro de Microanálises de Materiais, instalado na capital espanhola, tem um acelerador de protões dedicado a estudos de física nuclear fundamental e aplicada e uma das suas aplicações é a realização de estudos pré clínicos de terapia de protões, isto é, irradiar células com diversas patologias e estudar os efeitos da radiação nas mesmas.
“Para realizar este tipo de estudos é crucial caracterizar o feixe em tempo real: saber quantos protões chegam às células e qual é a energia dos mesmos. O meu trabalho foca-se nesta parte, denominada dosimetria”, realça Rita Pestana, que se encontra a desenvolver um equipamento que “vai permitir medir a corrente de protões que chega às células enquanto são irradiadas”.
“Saber qual a dose que está a ser depositada nas células durante as experiências é essencial para caracterizar a experiência e perceber quais as condições em que a irradiação é benéfica”, alerta a investigadora, que sempre viveu em Turquel, até ir estudar para Lisboa. “Sempre que posso vou para Turquel, onde tenho a minha família, o Tico, que é o meu cão, e muitos dos meus amigos”, nota.
Rita Pestana estudou na Escola Primária de Turquel e, a partir do 5º ano passou a estudar na Benedita, no Externato Cooperativo da vila, onde completou o secundário. No percurso, conta já com duas experiências no estrangeiro: dois estágios de verão no Paul Scherrer Institute (PSI), um centro de investigação na Suíça. O primeiro foi em 2019 e o segundo em 2021.
“Estes estágios permitiram-me adquirir bastantes conhecimentos na minha área de estudo e ter experiências que não teria em Portugal”, refere a investigadora, observando que, “infelizmente, no nosso país os equipamentos científicos disponíveis para a investigação, por exemplo, aceleradores de partículas, são bastante limitados e em número reduzido”.

O amor à música
Atualmente no 2º ano do mestrado de Engenharia Física, a jovem diz que a nível profissional, gostava de seguir uma atividade na área de estudo, mas neste momento o foco é mesmo no projeto e na conclusão do mestrado. “Depois verei o que o futuro me reserva”, diz Rita Pestana, que até ao ensino secundário ainda tinha dúvidas se preferia uma vida ligada à Física ou a outra paixão, a música.
“Desde muito nova que me interessei bastante pela música e com 6 anos entrei na escola de música da Sociedade Filarmónica Turquelense, onde aprendi clarinete”, conta. “Quando era criança o meu sonho era tocar violino e concretizou-se aos 9 anos”, assinala. No 5.º ano entrou para a Academia de Música de Alcobaça no regime articulado, onde esteve até terminar o 5.º grau. “Quando iniciei o ensino secundário em Ciências e Tecnologias iniciei também os estudos no Conservatório de Caldas da Rainha, onde terminei o 8º grau de violino”, recorda.
A ligação à música é tão acentuada que, já durante os estudos universitários, Rita Pestana nunca abandonou a música e juntou-se à Orquestra Académica da Universidade de Lisboa “para não parar de tocar violino!”

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