
A Liga dos Amigos do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha (LACHCR) tem 33 novos elementos que pediram para ser voluntários nos últimos três anos.
Ao todo são já 70 pessoas que prestam auxílio aos doentes do hospital, ajudando-os na melhoria do seu bem-estar.
A LACHCR, que está a celebrar o seu 25º aniversário costuma ajudar o CHO na aquisição de equipamentos hospitalares e também os próprios doentes e/ou familiares que vivem com dificuldades, oferecendo roupa e bens para a casa que lhes são doados.
O que faz um voluntário no hospital? , responde Manuela Paula, uma das responsáveis da LACHCR.
A coordenadora explicou que há várias tarefas, desde conversar um pouco com o doente, ajudá-lo a tomar uma refeição, ou acompanhá-lo a exames ou análises noutras áreas do hospital.
A LACHCR também distribui aos utentes livros e revistas e faz o acompanhamento das crianças nas salas de espera, oferecendo-lhes papel e lápis coloridos para que se distraiam, antes de serem chamadas para as consultas.
Desde 2015 inscreveram-se 33 pessoas para ser voluntárias. No ano passado, apenas cinco elementos se mostraram interessados em pertencer à Liga, algo que Manuela Paula lamenta pois gostaria de poder contar com mais gente, sobretudo jovens.
Os novos voluntários tiveram formação nos dias 3 e 4 de Maio onde ouviram elementos do corpo directivo e clínico do CHO, da Liga e da autarquia. Na sessão do dia 3, membros da Liga dos Amigos do Hospital de Setúbal partilharam a sua experiência de voluntariado com os congéneres caldenses.
“Tudo o que é tratado aqui é muito importante”, disse a responsável Manuela Paula em relação à formação. Os novos voluntários aprendem, por exemplo, com uma dietista, como se deve dar comida ao doente acamado e com enfermeiros como se deve proceder à limpeza e desinfecção dos espaços onde ficam os utentes. Foi também dado a conhecer como deve ser a conduta e a postura mais correcta de um voluntário no hospital que não deve “dar nas vistas, nem falar demais”.
Segundo a coordenadora, neste momento não há falta de voluntários. Ao todo são 70 pessoas que prestam serviço no hospital das Caldas. No entanto Manuela Paula considera que o grupo “está envelhecido” – uma larga maioria já passou dos 60 anos e a responsável gostaria de ver gente jovem a interessar-se pelo voluntariado.
A Liga não se ocupa apenas dos doentes hospitalizados. São frequentes as doações para utentes que precisam de próteses ou de ajuda financeira para comprar um par de óculos. “Se somos amigos dos doentes, ajudamos os que precisam nas aquisições relacionadas com a saúde”, disse Manuela Paula, recordando que a Liga está a celebrar este ano o seu 25º aniversário.
Outras das áreas de intervenção do LACHCR é a doação de equipamento para o próprio CHO. Já ofereceram aparelhos que eram necessários para os serviços de Oftalmologia, de Medicina Física e de Reabilitação, assim como para a Pediatria. Estão atentos aos que os vários serviços lhes pedem, avaliam e vão fazendo dádivas de material diverso. Já deram um frigorífico que era necessário para a Cirurgia, compraram materiais para as aulas de preparação para os partos, assim como aquecedores de biberons para a Maternidade. Foi a Liga que substituiu alguns de televisores das enfermarias e deu subsídios para a realização de congressos.
SER PONTUAL E SABER OUVIR
Maria José Monteiro, 83 anos, é uma das voluntárias mais velhas da LACHCR que agora já não está a exercer. A professora do ensino básico, quando se reformou, sentiu que ainda tinha forças para ajudar e os doentes estão entre os que mais precisam de auxílio, tendo sido uma das primeiras a integrar a Liga.
Diz que o que mais gostava era de ouvir os doentes. Maria José Monteiro, muitas vezes, sentava-se e limitava-se a ouvir, sem dizer quase nada. “Às vezes significava mais do que um bom remédio ou tratamento”, disse a docente, natural de Vila Real, que trabalhou décadas em Óbidos, onde fundou a Telescola.
Na sua opinião há regras que um voluntário não deve esquecer: a pontualidade é fundamental pois o doente não deve ficar muito tempo à espera de alguém que o vai ajudar. Depois deve ouvir mais do que falar e “nunca passar cá para fora o que nos foi contado”, rematou.
Por seu lado, Joana Constantino, de 20 anos, é a mais jovem voluntária do grupo. Há muito que a caldense tinha interesse em estar ligada a algo que ajudasse as pessoas e por isso está muito satisfeita em poder “dar alguma alegria” aos utentes que estão hospitalizadas. Trabalha sobretudo na Pediatria e aprecia a dedicação dos profissionais de saúde para com as crianças.
Joana Constantino vai ao hospital uma vez por semana e fica com os petizes doentes enquanto os pais vão jantar ou dar um salto a casa.
A jovem estudou Teatro em Cascais e agora está de regresso à terra natal. Diz que vai continuar a ser voluntária e acha que para ajudar os outros é preciso “pensar positivo e perceber que há mais do que só a nossa vida”. Joana Constantino gostava que mais gente jovem pudesse integrar o grupo de voluntários da LACHCR.