Mais de um milhão de alunos regressa à escola na abertura do ano letivo

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Há muita expetativa para o novo ano letivo, que se espera menos conturbado do que os últimos dois. Por estes dias, a ansiedade toma conta dos alunos e também das famílias, para que tudo corra bem

Por estes dias, mais de um milhão de alunos portugueses vive na ansiedade do regresso às aulas. Passadas as férias de verão, é tempo de voltar às rotinas e as saudades dos amigos e a vontade de aprender coisas novas e, assim, descobrir o mundo, impulsiona a motivação de muitos jovens de voltar à escola. Outros têm menos apetência pelo ensino, mas, ainda assim, terão de apresentar-se no estabelecimento de ensino, esperando-se que o interesse possa neles despertar com o decurso das aulas.
A caldense Maria Inês é um dos casos em que a ansiedade ganha protagonismo por estes dias. Mas pelos melhores motivos. Tem 10 anos e estuda no Colégio Rainha D. Leonor e o ano letivo 2021/22 encerra-lhe um grande desafio: embora se mantenha na mesma escola, deixa o 1º ciclo e entra no 5º ano de escolaridade, uma realidade distinta daquela que conhecia.
“Estou muito ansiosa”, assume a menina, que sonha vir a ser cirurgiã e que não vê a hora de reencontrar os amigos e conhecer os muitos novos professores. “Estava acostumada a ter apenas um professor, mas acredito que me vou adaptar depressa e vai tudo correr bem”, vaticina a praticante de hip-hop, que iniciou o percurso escolar na Escola do Bairro da Ponte, onde completou o 1º e 2º anos, antes de se mudar para o Colégio, onde finalizou o 1º ciclo. “No início, não queria sair da escola, porque tinha os meus amigos e na nova escola não conhecia ninguém, mas correu tudo muito bem”, recorda Maria Inês, enquanto a mãe explica as razões da mudança.
“Entendemos que era o mais adequado para o desenvolvimento dela e confirmou-se. Ela tinha apenas 7 anos, vinha de uma escola pública, foi para uma escola privada, mas teve uma adaptação boa”, salienta Elsa António, que tem acompanhado de perto a preparação do novo ano letivo e, sobretudo, a mudança de ciclo, em que a filha “vai ter de encontrar o seu método de trabalhar com vários professores”.
“Esta primeira fase vai ser muito importante para ela encontrar o espaço dela”, assegura a progenitora, notando que a família olha para a ida para o 5º ano com “grande naturalidade e ela também”.
“Apesar de ela ainda ser uma menina, já se sente mais crescida e quer muito ir para a escola dos maiores”, explica a responsável de qualidade numa empresa de área alimentar, que está muito “expectante” sobre o arranque das aulas.
“Temos vindo a prepará-la desde as férias para o que pode vir a acontecer”, sublinha Elsa António, para quem a preparação do ano letivo deve ser “uma atividade em família”. Nesse sentido, juntamente com o pai da menina, um engenheiro de qualidade na área da indústria automóvel, escolheram e compraram o material e até colaram “as etiquetas”, por forma a fazer sentir à Maria Inês que a escola é, no fundo, responsabilidade de toda a família.
“Tenho uma mochila toda cor de rosa, material escolar, lancheira e a bols para o telemóvel. Mas o que levo mais na mochila são sonhos, para aprender sempre mais”, assevera a jovem aluna, que gosta “muito de dançar”, já fez ballet, natação e agora pratica hip-hop.
Do lado dos pais há, ainda, a esperança de que este seja um ano letivo com a relativa normalidade que a pandemia permite.
“Estes últimos dois anos foram muito condicionados em termos de aprendizagem. Apesar do grande esforço que o Colégio fez e da disponibilidade dos professores, a verdade é que eles estiveram muito tempo com aulas à distância. Tenho algum receio que essa adversidade que todos tiveram como se vai traduzir na matéria apreendida”, assume Elsa António, que aderiu ao projeto de ensino “iCRDL”, que, segundo a diretora pedagógica do Colégio Rainha D. Leonor, Sandra Santos, pretende “levar os alunos a beneficiar do lado positivo das novas tecnologias”.
Tal como acontece em todo o país, para a direção desta escola a preparação do ano letivo começou há muito, mas a diretora tem “esperança que este seja um ano mais tranquilo, não só por causa da vacinação, mas porque a escola tem um ano de experiência e mais segurança para gerir as situações”.
Segundo Sandra Sousa, os procedimentos de segurança nas escolas “não acompanham o alívio de restrições da sociedade em geral”.
“Há muitas medidas que estavam em vigor e que continuam a manter-se válidas. Vamos aliviar algumas situações, mas questões como a divisão do espaço interior e exterior, o desfasamento dos horários para o almoço ou a desinfeção vão continuar a ter um olhar atento da nossa parte”, salienta a responsável, revelando que, ao contrário do que sucedeu no último ano letivo, as atividades extra-curriculares vão arrancar “no imediato”, o que é visto como mais um fator de estabilidade para a comunidade escolar.
Relativamente aos professores, Sandra Sousa destaca “a abertura e o diálogo”, que tem permitido “obter bons resultados”. “Têm sido anos complicados, mas a equipa motiva-se muito e os docentes ajudam-se uns aos outros. Além disso, o feedback dos pais é positivo e isso acaba por motivar os professores”, salienta a diretora-pedagógica, destacando as “várias novidades” que 2021/22 apresenta no Colégio. Desde logo, um novo curso profissional, de “Dança Contemporânea”, mas também o Science Lab, uma nova disciplina no 1º ciclo com uma componente em língua inglesa.
A cada ano letivo, as famílias são obrigadas a fazer investimento para dotar os jovens dos instrumentos necessários para as aulas. Mas, hoje em dia, o esforço parece menor do que em anos anteriores. De resto, segundo o estudo Observador Cetelem Regresso às Aulas, neste ano letivo as famílias com estudantes a seu cargo tencionam gastar em média 335€ no regresso às aulas, um valor em linha com o que foi gasto em 2020 (340€) e o valor mais baixo despendido pelas famílias para o período nos últimos anos. Em 2016 as intenções de gastos dos encarregados de educação no regresso às aulas eram de 455€, diminuindo para 399€ em 2017. Esta tendência de diminuição das previsões de gastos verificou-se também em 2019 (363€) – sendo apenas interrompida em 2018 quando eram de 487€. ■

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