
Um total de 13 mantas do projecto “Mantas Solidárias” estão
em exposição no Céu de Vidro do Parque D. Carlos I, nas Caldas da Rainha. A mostra itinerante das mantas, que são uma homenagem ao trabalho das costureiras de toda a região durante a pandemia, fica em exposição até meados do mês de Outubro
Treze mantas solidárias, que resultam do trabalho de cerca de 500 voluntários de Caldas, Lourinhã, Peniche, Torres Vedras e Aguada de Cima (Aveiro), estão expostas no Céu de Vidro do Parque D. Carlos I até 15 de Outubro. Estas são uma homenagem às costureiras que, durante a pandemia, produziram máscaras para oferecer.
“A ideia das mantas solidárias em rede surgiu para homenagear as costureiras pelo trabalho e esforço delas durante a pandemia”, contou Ana Macatrão, mentora da iniciativa. As mantas são feitas com a junção de vários quadrados de tecido, cada um de um voluntário ou associação. “Cada quadrado fala de cada voluntário”, fez notar.
O objectivo é que a exposição passe em todas as terras de onde houve voluntários a participar. Das Caldas da Rainha a mostra deverá seguir para a Lourinhã.
“A manta de Peniche apareceu queimada no final do primeiro dia”, revelou Ana Macatrão. Mas isso não tirou a força aos cerca de 80 voluntários penichenses, que fizeram de imediato uma segunda. Além da comunidade, a iniciativa envolveu também algumas associações.
Mas as mantas surgem para homenagear as costureiras que fizeram as máscaras. E essas máscaras foram uma iniciativa de Carlos Valeriano, da Lourinhã, que num vídeo que se tornou viral na Internet explicava como as fazer. Depois foi contactado por pessoas de vários locais e decidiu encontrar encontrar um coordenador para cada sítio de onde era contactado. Dessa forma passava os conhecimentos a uma pessoa que, posteriormente, os disseminaria na sua comunidade.
Quando o material chegava às costureiras era colocado em quarentena. O projecto espalhou-se por todo o país e por várias comunidades portuguesas noutros países. No total foram produzidas mais de 400 mil máscaras.
Um dos participantes na iniciativa foi a União de Freguesias de N. Sra. Pópulo, Coto e São Gregório. “Depois houve um projecto paralelo a este com as freguesias das Caldas e, com a soma dos dois, deveremos ter feito cerca de 40 mil máscaras”, revelou o presidente da autarquia de base, Vítor Marques. “Tivemos a felicidade de ter bastantes pessoas a dar contributos e mais de 80 costureiras voluntárias”, explicou.
Vítor Marques salientou ainda que “o facto de termos tido uma resposta relativamente cedo, em que não havia no mercado máscaras, foi bastante importante para não termos números tão altos como noutros países e acho que, indirectamente, teve a importância de fazer as pessoas valorizarem e se preocuparem mais”.
Já Maria da Conceição Pereira, vereadora com o pelouro da Acção Social na Câmara das Caldas, revelou que actualmente já se sente outro tipo de necessidades que não as máscaras. Disso são exemplo as batas e outras protecções corporais. “Está a ser feito um levantamento, porque são materiais muito caros”, especialmente em comparação com o custo das máscaras.
A autarquia está também a acompanhar outros pedidos de auxílio para materiais de higienização, manutenção e limpeza. “Sempre que possível e que somos solicitados lá estamos a ajudar porque sabemos que as associações não estão a ter uma vida fácil”.
Ao nível das necessidades sociais a vereadora revelou que “tem havido um aumento”, mas não particularmente acentuado. A responsável diz-se preocupada com o prazo final das moratórias, que leva a autarquia a estar atenta às várias situações. “As coisas poder-se-ão complicar” com a chegada desse prazo aliada à questão da evolução do desemprego.
“Estamos a auxiliar as instituições e a fazer a distribuição de alimentos, estamos a fazer o cruzamento de dados para chegar a mais pessoas, já tivemos casos de ajuda de rendas e de outros bens”, explicou a vereadora, esclarecendo que foi reforçado o fundo de emergência social, e dadas benesses na água, estando o município também a auxiliar em situações de electricidade e em medicamentos. “Notamos algum aumento, até porque há população que veio de fora, como da América do Sul e de África, que estava aqui há pouco tempo, que não sei se vai permanecer, com empregos temporários, com algumas dificuldades e que estamos a tentar ajudar e assegurar as primeiras necessidades”, contou Maria da Conceição Pereira.