À mesa com Rafael Bordalo Pinheiro e amigos na EHTO

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Notícias das Caldas
A fotografia do Grupo do Leão foi recreada um século depois | F.F.
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Meio dia e meia de quinta-feira, 12 de Janeiro. Na mediateca da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (EHTO) um grupo de alunos, acompanhados pelo actor José Ramalho, dão vida ao quadro “Grupo do Leão”, pintado por Columbano Bordalo Pinheiro em 1885 para decorar a cervejaria Leão de Ouro, em Lisboa. Estava assim dado o arranque para mais um “Afinidades”, que contou com uma ementa inspirada em Bordalo Pinheiro e nos seus amigos.

Bordalo Pinheiro (interpretado por José Ramalho) foi o elo de ligação dos eventos do último Afinidades. Saído do quadro pintado pelo seu irmão, Columbano Bordalo Pinheiro, o artista e caricaturista rumou, juntamente com os convidados, para o restaurante-escola, onde os esperava uma ementa inspirada em receitas dos artistas. Na sala, a decoração e a loiça era da Fábrica de Faianças Rafael Bordallo Pinheiro.
Um rim de caldeirada, receita de Azevedo Nunes, foi a entrada proposta para este repasto, que resultou de uma investigação de Isabel Castanheira, que se associou ao evento, organizado pelas formadoras Natacha Narciso (Técnicas de Comunicação), Catarina Rodrigues (Português) e Susana Esteves (Turismo). A confecção dos pratos foi coordenada pelos chefs Luís Tarenta e Tiago Costa, enquanto que o serviço de restaurante foi assegurado por Jorge Guilherme e João Dinis.
Seguiu-se uma sopa de peixe, uma receita original de Henrique Lopes de Mendonça, conhecido como o autor do Hino Nacional “A Portuguesa” e casado com a irmã de Bordalo Pinheiro, Maria Amélia.
Do próprio Bordalo, foi servida a receita “Eirós de Mar à Patriota”, que consiste numa espécie de enguia refogada. Um Bacalhau à Gomes de Sá, foi o prato que se seguiu, que resulta de uma receita que um empresário do Porto foi passando aos amigos.
Do escritor Fialho de Almeida foi confeccionado um arroz de perdizes e, para terminar o repasto, foi servido um bolo económico, da autoria de Batalha Reis.
Especialista em Bordalo Pinheiro, Isabel Castanheira, disse que “é mais do que notório” o interesse deste artista pela gastronomia. “Não só era um apreciador da arte do bem comer, como também a utilizou em alegorias no seu trabalho gráfico, principalmente as de carácter político, e como elementos decorativos na sua produção cerâmica”, disse.

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Tornar as Caldas na cidade de Bordalo

Isabel Castanheira disse ainda que este almoço é o exemplo de uma acção que pode ser realizada evocando o mestre e que as Caldas tem “a obrigação” de ser mais activa nesse sentido. “Já temos na cidade elementos em número suficiente a permitir estabelecer uma programação de actividades várias, que façam reviver as obras e a vida do artista que queremos indissociável do nome da cidade”, salientou.
Dirigindo-se ao vereador Alberto Pereira, pediu-lhe que a Câmara integre nos seus planos acções que valorizem o espólio bordaliano e que tornem, efectivamente, as Caldas na cidade de Bordalo.
Em resposta, o vereador realçou a vertente pedagógica dos almoços e que é passível de replicar por outras escolas. Acrescentou ainda que as visitas pela rota bordaliana devem ser repetidas.
Também presente no almoço, Nuno Barra, Administrador da Visabeira (empresa que detém a Fábrica de Faianças Bordalo Pinheiro), disse que a fábrica caldense está a afirmar-se cada vez mais a nível internacional. “O caminho é manter viva a obra de Bordalo Pinheiro e dar visibilidade nas suas várias facetas”, disse, acrescentando que irão contar com a colaboração de artistas nacionais e estrangeiros a interpretar a obra de Bordalo.
Um desses casos é o artista plástico Bordalo II, que também participou no almoço. O conhecido artista, que usa lixo urbano e muita cor para criar grandes instalações de rua, representando animais ou cenas urbanas, vai fazer um projecto em cerâmica para a fábrica.
“Será um trabalho em cerâmica dentro do universo Bordalo e reinterpretado pelo artista”, que deverá estar concluído no início do segundo semestre, disse Nuno Barra à Gazeta das Caldas.
Bordalo II considera que tudo o que tenha a ver com cerâmica “é um mundo viciante” e que, apesar de não trabalhar com esta matéria regularmente, basta-lhe “o barro para começarem a surgir coisas”.

sala
O almoço foi inspirado em Bordalo Pinheiro e amigos e servido em loiça da Fábrica de Faianças | F.F.
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