Ministério da Saúde e administração do CHO em silêncio sobre as obras nas urgências do hospital

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Adalberto Fernandes
O ministro da Saúde em Março do ano passado quando deu posse à administração do CHO e prometeu o que não cumpriu (Foto de arquivo)
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A promessa do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, de que a ampliação das urgências do hospital das Caldas estaria concluída no início deste Inverno está longe de ser cumprida e nem o seu gabinete nem a administração do CHO avançam com qualquer data sobre quando começam as obras.
Já a passagem do CHO a EPE (Entidade Pública Empresarial) é que deve estar para breve, o que permitirá resolver o problema dos precários e agilizar a gestão do centro hospitalar. Mas o novo estatuto jurídico do CHO vai implicar uma renomeação da sua administração, sendo uma oportunidade para a tutela definir se mantém ou não os mesmos administradores.

Quatro de Março de 2016. Adalberto Campos Fernandes, ministro da Saúde, visita o hospital das Caldas da Rainha no dia em que o governo assinalava os seus primeiros 100 dias. Na cerimónia de recepção, e diante dos administradores que recentemente havia nomeado, o governante diz que esperava voltar às Caldas da Rainha dentro de nove meses (em Dezembro) para inaugurar a nova urgência.
E foi precisamente em Dezembro que a Gazeta das Caldas contactou o Ministério da Saúde para saber, não quando será inaugurada a urgência, mas sim quando começam as obras. Do gabinete do ministro a resposta foi que a pergunta deveria ser dirigida à administração do CHO. Esta, por sua vez, também não respondeu.
Estes atrasos, que o nosso jornal apurou devem-se a questões burocráticas, à falta de uma atitude mais expedita por parte do CHO neste processo e às dificuldades colocadas pelo Ministério das Finanças, têm provocado um grande mal estar local. A concelhia do PS tem-se mexido para pressionar o governo a avançar com as obras, cumprindo – ainda que tarde e a más horas – a promessa do ano passado. Os outros partidos têm estado calados: uns por estarem comprometidos com a “geringonça” e outros por preferirem manter a fritar em lume brando uma situação da qual podem vir a obter dividendos políticos, sobretudo agora que se aproximam as autárquicas.

PATRIMÓNIO ATRASOU PASSAGEM A EPE

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Já mais adiantada está a passagem do CHO de Sector Público Administrativo (SPA) para Entidade Pública Empresarial (EPE), que deverá acontecer em Fevereiro. Este é, aliás, o único centro hospitalar generalista do país que ainda não tem este estatuto pois só restam três unidades SPAs: o Instituto Gama Pinto, o Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa e o Hospital Rovisco Pais.
Uma das razões que colocou o CHO no fim da lista para a passagem a EPE foi o seu extenso património (Hospital Termal, Parque, Mata e outros activos), assunto que está parcialmente resolvido com a passagem para a tutela da autarquia. No entanto, os torreenses não tiveram a mesma sorte dos caldenses: o Hospital do Barro, que funcionava num convento que data do séc. XVII, encerrou e tem vindo a ser alvo de furtos e de vandalismo.
Além da flexibilização da gestão, a passagem a EPE contribuirá para resolver o problema dos precários e ajudará na contratação de mais profissionais de saúde, sobretudo médicos. Estes últimos têm optado por aceitar trabalhar nos hospitais em redor (Leiria, Santarém, Loures, Tomar) porque têm mais facilidade em contratá-los, oferecendo-lhes condições que o CHO não pode oferecer.
Esta questão é tanto mais importante quanto se sabe que, por exemplo, actualmente 60% dos médicos que trabalham nas urgências do hospital das Caldas são subcontratados, não dispondo o Centro Hospitalar de um quadro clínico que permita assegurar tranquilamente, com os seus próprios recursos, o funcionamento das urgências.
E enquanto não há obras, o hospital das Caldas continua conhecido – até a nível nacional – pelo mau funcionamento das suas urgências, com tempos de espera desmesurados e os seus corredores atafulhados de macas.
Por fim, a mudança de estatuto jurídico implica uma nova administração do CHO, residindo aqui as maiores incógnitas sobre o seu futuro. A actual equipa não prima pela sintonia, sendo conhecidos alguns desentendimentos entre os seus membros acerca da gestão do centro hospitalar. Abusando das siglas, dir-se-á que a passagem de SPA a EPE poderá significar um novo …CA.

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