Humberto Marques, presidente da Câmara de Óbidos, pediu ao ministro para revisitar as obras da primeira fase porque se vê um “grande assoreamento dos canais abertos em 2015” e porque teme que se corram “sérios riscos de estar a fazer um investimento grande no corpo superior e estar a quebrar a hidrodinâmica da Lagoa levando ao assoreamento do corpo inferior”.
O autarca lembrou que as populações defenderam sempre que a obra deveria começar no corpo superior e só depois no inferior (o que não aconteceu) e que as duas fases deveriam ser praticamente consecutivas, o que não se verificou. E discorda de quem critica o alto investimento feito na Lagoa. Em 20 anos gastaram-se 20 milhões de euros, ou seja, um milhão por ano. Mas nessas críticas não se tem em conta o Valor Acrescentado Bruto que a Lagoa gera e que segundo o edil ronda os 20 milhões de euros por ano.
O autarca obidense pediu ao ministro para manter a comissão de acompanhamento, que Nuno Lacasta, presidente da APA, descreveu como “um mecanismo indispensável que pode ser um exemplo no país”.
Este último comprometeu-se a accionar todos os meios legais (incluindo compensações financeiras) para ajudar os mariscadores e pescadores, caso estes sejam impedidos de exercer a sua actividade durante os trabalhos.
Questionado pela Gazeta das Caldas acerca da demora entre a primeira e a segunda fase das dragagens, Nuno Lacasta referiu a dificuldade em encontrar uma solução para os dragados. “Escolhemos um local, mas tinha um pomar e era um problema, depois pensámos em depositar nas pedreiras, mas não tinha condições”, revelou. A solução encontrada foi depositar os sedimentos (de grau 1 e 2, ou seja, “banais”, segundo o ministro) no mar, para que este os leve para a costa e reforce o areal entre o Gronho e Peniche.
O Ministro do Ambiente garantiu que a Comissão de Acompanhamento se irá manter.
O presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, fez uma intervenção curiosa baseada numa pesquisa que elencou as intervenções públicas sobre a Lagoa de Óbidos desde o início do séc. XIX.
Pescadores e mariscadores mostram preocupações
Antes do lançamento do concurso, a Associação de Pescadores e Mariscadores Amigos da Lagoa de Óbidos entregou uma lista de perguntas ao ministro onde questionavam se podiam continuar a trabalhar durante as dragagens e que medidas estão previstas caso sejam obrigados a suspender os trabalhos.
A associação perguntou ainda sobre a existência de estudos acerca dos impactos da dragagem nos bivalves, a calendarização da intervenção e quais os planos do Estado para acabar com o problema das águas residuais que entram na Lagoa por insuficiência das estações de tratamento e de descargas ilegais, especialmente no Rio da Cal.