“Malandrices e Melindrices” é o nome da exposição que a Confraria do Príapo apresenta na Casa dos Barcos. A mostra reúne fotografias de Zica Capristano e peças de cerâmica de Vítor Lopes, Joaquim Lopes e Cheila Peças.
A mostra fotográfica não é inédita. Já tinha sido mostrada em 2012 no CCC. Mas foi uma forma de voltar a lançar a Confraria, com um evento mais público e menos intimista do que o primeiro da nova direcção, na Toca da Onça.
As fotografias com referências fálicas estão expostas nas paredes do edifício e foram tiradas pelo caldense durante as suas viagens pelo mundo, nas quais pode conhecer várias culturas.
Ao centro, em cima das mesas, estão os falos de vários tipos, feitios e tamanhos, dos mais tradicionais aos mais modernos.
Ao fundo está exposta uma pintura (O Cogumelo Divino) e uma instalação feita propositadamente para esta exposição (A Vergonha). Ambas são de Cheila Peças, uma alcobacense que nunca tinha exposto os seus trabalhos.
O “Cogumelo Divino” retrata numa pintura a grandes dimensões um falo que entra na vagina e o nascimento de um novo ser. A instalação, em tons de cor de rosa, também representa o acto de gerar uma nova vida. As obras são acompanhados por poemas feitos pela própria.
Cheila Peças frequentou a Escola Atelier de Duran Castaibert, nas Caldas, entre 2006 e 2008, onde conheceu a actual presidente da Confraria do Príapo, Maria Dulce Horta. Formou-se em Artes Plásticas na ESAD e no mestrado mudou de rumo para o ensino de artes visuais. Seguiu-se o segundo mestrado, este em Educação Especial, interessando-se especialmente pela importância das artes no desenvolvimento humano. Depois voltou às pinturas e entrou em Belas Artes.
Devido ao seu fascínio pelos cogumelos – pelo desconhecimento, pelas formas e até pelas cores – acabou por escolher esse símbolo como seu alter-ego. Daí, foi um pulo até ao falo, até pela semelhança entre os dois. Toda a sua pintura é baseada nos cogumelos.
Acabar com os melindres
Maria Dulce Horta explicou que quando viu nas redes sociais a obra de Cheila Peças contactou-a de imediato para participar nesta mostra. A exposição é a herança da direcção da Confraria que cessou, mas optaram por não mostrar a totalidade do espólio. “Deixámos uma parte para uma futura exposição, que vai ser apresentada daqui a dois ou três meses, e que será muito mais engraçada, porque vai ter as malandrices”, explicou a dirigente, revelando ainda que num fim-de-semana de Maio também haverá um conjunto de malandrices promovida pela Confraria, num encontro que inclui palestras.
A nova direcção pretende quebrar tabus e unir a comunidade em torno de uma tradição que vem do século XIX, juntando artesãos, ceramistas e os poderes locais. “Ainda há aqueles melindres que vamos tentar que acabem e daí o nome da exposição”, contou, acrescentando que a mostra “não tem motivos para chocar ninguém”.
Maria Dulce Horta apelou ainda ao apoio camarário, porque a confraria tem poucos fundos para realizar projectos.
A exposição fica patente até 23 de Fevereiro. Na inauguração o contratenor João Paulo Ferreira apresentou um espectáculo musical a cantar música barroca. “Canto as músicas dos antigos Castrati”, explicou.