Preservar os moinhos tradicionais do Oeste e os saberes que lhes estão associados e valorizá-los é o objetivo do plano de ação divulgado pela OesteCIM e que deverá ser implementado a cinco anos
O Oeste concentra o maior número de moinhos de vento no país (876), alguns em funcionamento, outros inativos com condições razoáveis de preservação. Os dados são da EtnoIdeia, a empresa especializada em Desenvolvimento Rural, Molinologia e Etnoturismo, contratada pela OesteCIM como consultora na produção da iniciativa “Oeste, Moinhos com Futuro”, que integra o plano de Salvaguarda e Valorização dos Moinhos de Vento do Oeste, apresentado no passado dia 11 de março ao conselho intermunicipal.
Num horizonte de cinco anos, a iniciativa propõe-se a “ativar e capacitar” a comunidade moageira da região, envolvendo-a num “processo de cidadania participativa que permita dar continuidade e nova vida” aos moinhos de vento, preservando o fundamental dos seus valores materiais e imateriais, garantindo a sua transmissão intergeracional e conferindo-lhes novos usos e sentido. De acordo com o documento, pretende-se que não seja destruído nenhum moinho de vento num ano e que, em 18 meses, 12 moleiros e 36 aprendizes sejam envolvidos em processos de transmissão de saberes. Está, ainda, prevista a criação de uma unidade de missão “Oeste, Moinhos com Futuro” num horizonte de seis meses.
Ao nível da valorização social, cultural e económica, o plano prevê a realização de ações de valorização de, pelo menos, 12 moinhos de vento, bem como a identificação de boas práticas e soluções inovadoras.
O documento dá nota que a região concentra o maior número de moinhos de vento no nosso país, numa escala a que apenas se compara Lisboa da segunda metade do séc. XVIII.
Uma das metas do plano é que não seja destruído nenhum moinho de vento no prazo de um ano em toda a região Oeste
“A importância e representatividade dos moinhos de vento na história da ciência, da tecnologia e da indústria, por um lado, e na tradição e matriz identitária da região, por outro, colocam este importante ativo patrimonial entre os valores culturais endógenos com maior potencial para o desenvolvimento sustentável do território”, refere o plano. Nele é focada a necessidade de qualificar o ofício do moleiro e de inovar produtos e serviços e dado realce à importância da classificação deste património. Como ameaças, o documento identifica a escassez de moleiros a desenvolver atividade, tendo a maioria já ultrapassado a idade ativa, e a pressão urbanística, que leva a que muitos moinhos sejam transformados em residência, perdendo a sua funcionalidade original.
Os moinhos estão dispersos ao longo de todo o território de uma forma generalizada, exceto na zona sudoeste da Lagoa de Óbidos e na zona de transição entre o litoral e a Serra de Montejunto, onde se verificam menos exemplares.
O documento, agora apresentado aos autarcas, vai ser aberto à consulta pública, durante 60 dias. “Oeste, Moinhos com Futuro”, é uma ação integrada e regeneradora dos moinhos de vento da região, que ambiciona fomentar uma resposta adaptativa e sistémica destes moinhos aos desafios da modernidade.
“Trata-se de uma aposta estratégica musculada na proteção e valorização destes importantes elementos identitários do Oeste”, que marcam a paisagem e que “se pretende capitalizar para o desenvolvimento sustentável da região”, sintetiza a visão apresentada pela EtnoIdeia. ■