Morreu Eduardo Lourenço, figura assídua do Folio

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O ensaísta e filósofo Eduardo Lourenço com Guilherme d’Oliveira Martins no Folio de 2017 | Fátima Ferreira
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Considerado o maior ensaísta da segunda metade do século XX, Eduardo Lourenço faleceu aos 97 anos

Eduardo Lourenço faleceu, na passada terça-feira, aos 97 anos. Considerado um dos maiores pensadores da cultura portuguesa, recebeu diversos prémios e condecorações e foi conselheiro de Estado.
O ensaísta e pensador foi presença assídua no Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos. Logo na primeira edição, em 2015, a construção da Europa através da literatura juntou à mesma mesa os prémios Camões Hélia Correia e Eduardo Lourenço, que começaram a falar de Miguel Torga e terminaram com Cavaco Silva. Os oradores falaram também sobre “a desilusão” do projeto europeu, muito marcado pela divisão entre os povos do Norte e os do Sul e lamentaram que não se estude a literatura europeia em Portugal.
No ano seguinte deu uma aula sobre Vergílio Ferreira e, em 2017, voltaria a Óbidos para, junto de Guilherme d’Oliveira Martins, encherem o auditório com as suas reflexões sobre o significado da palavra revolução e o facto das revoluções ocorridas entre os séculos XVII e XIX serem marcadas pela utopia e que as do século XX são de distopias. Nessa altura, o antigo ministro e administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, referiu-se a Eduardo Lourenço, como “o primeiro pensador português”, tendo refletido sobre a revolução russa e as implicações que teve na história contemporânea.

O ensaísta e pensador foi uma presença assídua no festival literário de Óbidos, tendo participado logo na primeira edição

Eduardo Lourenço, que faleceu esta semana, era conselheiro
de Estado

Em 2018, foi-lhe feita uma homenagem, através do documentário realizado por Miguel Gonçalves Mendes, denominado “Labirinto da Saudade”.
Eduardo Lourenço de Faria nasceu em São Pedro de Rio Seco (Beira Baixa), em 1923. Licenciou-se em Histórico-Filosóficas na Universidade de Coimbra, onde depois foi professor assistente. Foi Leitor de Língua e Cultura Portuguesa nas Universidades de Hamburgo, Heidelberg e Montpellier, e em Grenoble e Nice, onde se viria a jubilar.
O seu primeiro livro “Heterodoxia I”, foi publicado em 1949, em edição de autor. A sua produção ensaística abrange diversas áreas, desde a literatura e arte aos acontecimentos políticos contemporâneos, e distingue-o com vários prémios e distinções literárias e culturais, entre eles os Prémio Camões e o Prémio Pessoa. Eduardo Lourenço foi condecorado quatro vezes pela República Portuguesa, e três vezes pela República Francesa. Foi Doutorado Honoris Causa por quatro universidades diferentes.
O dia do seu funeral foi declarado de luto nacional.

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