Óbidos quer ser a “catedral” do chocolate em Portugal

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O protocolo entre a AHRESP e o município de Óbidos foi assinado a 24 de fevereiro
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Plataforma Nacional do Chocolate, que fica sediada em Óbidos, pretende contribuir para o conhecimento e valorização dos profissionais e das atividades económicas associados a este produto

A AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e a Câmara de Óbidos assinaram, a 24 de fevereiro, o protocolo para a criação da Plataforma Nacional do Chocolate, que ficará sediada nos Antigos Armazéns do Vinho, em A-da-Gorda. Óbidos foi escolhido para acolher a plataforma porque “é a catedral do chocolate”, destacou o presidente da AHRESP, Carlos Moura, lembrando que ali se realiza, há mais de duas décadas o festival do chocolate. De acordo com o responsável, estas estruturas, de âmbito nacional, têm por finalidades “puxar pelas atividades económicas que estão menos mediatizadas, como é o caso das pastelarias e chocolate”, mas também valorizar os profissionais. “Queremos ter a história do chocolate, a ciência do chocolate, como é que se aplica hoje o chocolate, como é que se fabrica hoje, mete-se sal, mete-se, enfim, muitos outros ingredientes”, explicou Carlos Moura, acrescentando que foi “todo um mundo de transformação e de inovação” que levou a associação a querer “ter uma história que, em qualquer altura, se possa contar sobre o chocolate”.

Chefs chocolateiros enalteceram a importância da formação

Na cerimónia, que decorreu no The Literary Man Hotel, o chef chocolateiro Abner Ivan e a sua equipa estiveram a trabalhar ao vivo com chocolate, “um exemplo de que vale a pena dignificarmos estas profissões porque senão vão morrendo, e são verdadeiros artesãos”, realçou Carlos Moura. “Quem sabe se um dia não teremos um verdadeiro curso superior de chocolate no país”, concretizou.

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A Plataforma Nacional do Chocolate é a segunda, de cinco a criar no país, a ser formalizada. A primeira, a funcionar há um ano, foi a Plataforma Nacional do Pão, em Mafra, e estão negociadas as plataformas da Pastelaria em Évora, do Vinho na Régua, e de Cozinhas do Mar nos Açores.

Cada plataforma vai ter um “gestor dedicado”. Trata-se de um profissional que ficará afeto à estrutura, em Óbidos, e que a quem caberá desenvolver atividades relacionadas com o chocolate e promoverá o alargamento a outros municípios e entidades interessadas em integrar a estrutura.

Óbidos foi convidado e aceitou “de bom grado” ser a sede do projeto, investindo este ano 50 mil euros e mais 25 mil em 2026, para lhe dar continuidade. O objetivo, de acordo com o presidente da Câmara, Filipe Daniel, é que a plataforma possa vir a integrar um conjunto de parceiros, tornando-a sustentável, do ponto de vista financeiro, e gerando oportunidades que vão desde workshops a bibliotecas dedicadas ao tema do chocolate. “Queremos, mais do que ter municípios aderentes a esta plataforma, ter um conjunto de privados, parceiros, que vamos de alguma forma alavancar com esta iniciativa”, explicou. O autarca já recebeu, inclusive, contactos do Brasil de interessados em possíveis parcerias, pois são fornecedores de cacau.

Escolha “estratégica e simbólica”
Para o mestre chocolateiro da Óbidos Chocolate House, Bruno Santos, a criação de “uma comunidade deste tipo vai valorizar o município e os negócios envolventes, assim como criar um alerta e consciencialização nos consumidores no que toca a esta matéria prima”. A valorização da região de Óbidos e a ligação já existente ao chocolate há mais de duas décadas foi realçada pelo munícipe e empresário local, Bruno Marques. O também professor da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (EHTO) espera que o projeto possa contribuir para um reforço em relação à boa formação de pastelaria que já existe e que “continuemos a ser procurados como um município ligado à pastelaria e aquilo que de bom se faz com chocolate”.

Para Francisco Siopa, curador do Festival do Chocolate, a escolha de Óbidos para sede da Plataforma Nacional do Chocolate “não é apenas estratégica mas também simbólica”.

O presidente da Câmara de Óbidos lembrou ainda a “valorização” que querem para o chocolate com a formalização, o ano passado, do protocolo com o Turismo de Portugal, para ali acolher a Academia Internacional do Chocolate, além do festival que se realiza desde 2002. Para além disso, a assinatura do protocolo com a EHRESP foi um “ponto de partida” para o que o município quer fazer em matéria de gastronomia, almejando ser uma Cidade Criativa da Unesco ao nível da Gastronomia. “Temos a célebre pera Rocha e a reconhecidíssima maçã de Alcobaça, mas temos também uma lagoa, com os melhores peixes e bivalves, as carnes de caça e de regime não intensivo”, exemplificou.

O presidente da AHRESP (à esquerda) explicou os objetivos da plataforma
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