As obras de ampliação da Santa Casa da Misericórdia das Caldas da Rainha continuam com um grande atraso na sua conclusão e, segundo o seu Provedor, Lalanda Ribeiro, só deverão estar terminadas a dentro de quatro meses.
Durante as cerimónias de comemoração do Dia da Cidade, as obras foram visitadas pelo secretário de Estado da Segurança Social, Agostinho Branquinho, ao qual Lalanda Ribeiro explicou que estas já deveriam estar concluídas em Novembro de 2013, mas permitido que o empreiteiro se atrase porque prefere que demorem mais do que não ser concluídas. “Eles têm andado devagarinho, mas vão fazendo”, disse.
O Provedor admitiu que preferem que a obra vá sendo feita com mais tempo do que acontecer como noutros casos em que os empreiteiros vão à falência e não terminam o que começaram. “Vamos apertando com eles, mas também não tomamos medidas radicais. O que queremos é que a obra esteja feita”, disse. Actualmente o volume de obra está a cerca de 50% do total, incluindo os equipamentos que fazem parte da adjudicação.
No entanto, o secretário de Estado terá percebido que o que estava em causa no atraso nas obras seria a situação financeira da Misericórdia, o que não é verdade.
Lalanda Ribeiro até elogiou o facto do programa Mais Centro estar a fazer atempadamente todos os pagamentos necessários, à medida que estes são pedidos pela empresa. “Nós apresentamos os autos de medição e passado 15 dias a três semanas já cá está o reembolso”, referiu.
“Neste momento não precisamos de pedir nada ao governo” disse Lalanda Ribeiro ao secretário de Estado, a quem convidou para a inauguração. Um convite que foi de imediato aceite.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreria, destacou o facto de terem decidido fazer aquela visita às obras no 15 de Maio, a seguir à homenagem à Rainha, tendo em conta que D. Leonor foi a fundadora das Misericórdias. Tinta Ferreira destacou o “excelente trabalho” que esta entidade tem feito nas Caldas, mas também a eficácia da rede social do concelho que “resolve aquilo que o Estado não consegue resolver”. Salientou ainda a forma voluntária como a grande maioria dos dirigentes destas instituições particulares de solidariedade social prestam este serviço.
Durante o seu discurso, Agostinho Branquinho revelou que brevemente haveria novidades sobre a forma de relacionamento entre o Estado central e o Poder Local. “Há coisas que não fazem sentido estarem centralizadas, quando há outros no terreno que o podem fazer mais barato e melhor”, afirmou.
O governante fez questão de dizer que ninguém quer acabar com o Estado Social, que é uma conquista civilizacional, mas sim com alguns desvirtuamento que fomos fazendo ao longo dos anos. Na sua opinião, é preciso voltar à matriz original do Estado Social e permitir que outras instituições (particulares) possam ter um papel no apoio social ,quando o fazem melhor, mais próximo e mais barato”.
Um processo conturbado
A primeira pedra da ampliação da Misericórdia foi lançada a 22 de Junho de 2013, com a presença do então secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, Marco António Costa, antecessor de Agostinho Branquinho.
Depois de um primeiro atraso de seis meses no seu arranque, devido a problemas com a empresa que venceu o concurso público, a obra continuou a atrasar-se e Lalanda Ribeiro dizia no final do ano passado à Gazeta das Caldas que esta estaria concluída em Março de 2014.
Como foi incluída no programa de regeneração urbana, a ampliação da Misericórdia terá um financiamento comunitário de 1,1 milhões de euros (numa obra que vale 1,45 milhões de euros).
A ampliação vai permitir a criação de novas instalações para 20 idosos “que neste momento estão alojados em condições que não são as melhores”, explicou Lalanda Ribeiro a Agostinho Branquinho. Os quartos são duplos e têm casa de banho privativa. O novo edifício tem também enfermarias e gabinete médico.
Para as novas instalações, com três pisos, serão também transferidos o Internato Feminino (que está no edifício central da Misericórdia) e o Centro de Acolhimento Temporário (num apartamento na Praça 5 de Outubro). A Misericórdia local irá passar a ter novas câmaras frigoríficas e lavandaria. A sala de estar actual vai ficar com mais do dobro da área. “Passa também a ter vista para a estrada da Foz”, referiu Lalanda Ribeiro. No terraço está a ser criado um espaço para as crianças poderem brincar.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt