Quem integra o Orfeão Caldense não falta aos ensaios e mantém viva a tradição coral deste grupo que está a celebrar o seu 90º aniversário
O Orfeão Caldense assinalou o seu 90º aniversário com uma atuação realizada na Universidade Sénior, no sábado, 6 de julho. A plateia do auditório encheu-se de familiares e amigos que quiseram partilhar este momento especial com os orfeonistas, liderados pela maestrina Ruth Horta há 17 anos.
No concerto atuou, como convidado, o Grupo de Canto da Sociedade Filarmónica Carvalhense, liderados pela maestrina Maria João Veloso, amiga de longa data de Ruth Horta. Ambas lecionaram no Conservatório das Caldas.
Além da direção coral, as duas responsáveis acompanharam os seus grupos corais, à viola ou acompanhando as vozes ao som do acordeão.
O Orfeão Caldense teve início na década de 30 do século passado pois há imagens da estreia do grupo em 1932, no Teatro Pinheiro Chagas, que se situava na Praça 5 de Outubro. Chegou a ter uma Tuna e outros pequenos grupos musicais que mobilizavam os caldenses.
O grupo – que chegou a ter 140 executantes – teve grande vitalidade, muito devido à ação do seu maestro, Carlos Silva, que foi responsável pela criação deste e de muitos outros grupos musicais nas Caldas da Rainha ao longo de vários anos, logo a partir de 1916.
Era natural de Abrantes e, por isso, eram muitos comuns os intercâmbios culturais com esta localidade.

O primeiro de que há registo realizou-se em 1931. Estes intercâmbios culturais eram de tal forma marcantes que há em Abrantes a Rua da Cidade das Caldas da Rainha e vice-versa.
O Orfeão Caldense mobilizou muitos caldenses que viam na pertença do grupo uma forma de aprender a cantar e de conviver.
Ainda assim, o Orfeão esteve alguns anos sem atividade mas desde 2011 que ganhou nova dinâmica e desde então, os elementos que o integram, nunca mais pararam de cantar.
O repertório escolhido para a celebração dos 90 anos do grupo teve em conta temas que foram entoados ao longo do percurso deste grupo coral como o “Cantar dos Búzios” ou “Morte que mataste a Lira”, tendo o Orfeão terminado a atuação com “o Hino das Caldas”, canção da Revista das Revistas e que é um verdadeiro clássico deste grupo.
O grupo de canto da Sociedade Filarmónica Carvalhense entoou temas tradicionais do Bombarral como “Pisa a Uva” e “S. João”, uma canção tradicional de A-dos-Ruivos.
Presente na sessão de celebração esteve a veradora da Cultura, Conceição Henriques, que salientou que o grupo caldense, ao celebrar este aniversário, vive “uma juventude avançada”. Destacou também que uma instituição como o Orfeão faz parte da própria identidade local e regional”.
Para a autarca o grupo fez bem em celebrar o seu aniversário a cantar e por ter convidado o grupo do Bombarral para a celebração. A vereadora da Cultura espera que Orfeão Caldense “permaneça em atividade por, pelo menos, mais 90 anos”. Este mesmo desejo foi sublinhado pela representação da União de Freguesias de N. Sra. do Pópulo, Coto e S. Gregório.

Estatutos firmados em 2000
Atualmente o Orfeão Caldense possui 25 elementos e atua regularmente em várias iniciativas como o concerto de Reis ou a Celebração do 25 de Abril.
O diretor do grupo garante que o Orfeão Caldense está “de pedra e cal” e quer continuar o seu trabalho na área coral.
O atual diretor do Orfeão Caldense, Filipe Ferreira, contou à Gazeta das Caldas que o grupo inicial é de facto muito antigo mas não tinha sido possível encontrar os seus estatutos.
Como tal, a 7 de julho de 2000, foram criados novos estatutos, tal como se encontra publicado em Diário da República desde essa data.
Foi também pela sua mão deste dirigente que o Orfeão Caldense regressou a Abrantes, a 6 de abril de 2019, no âmbito do 90º Aniversário do Orfeão de Abrantes e que depois também foi recebido e atuou nas Caldas na altura do Natal desse ano.
Para o presidente da direção, o Orfeão Caldense “é um verdadeiro grupo de amigos que gosta muito de cantar”. Já sob a direção de Filipe Ferreira o Orfeão tem representado as Caldas em várias iniciativas noutras localidades como aconteceu,por exemplo, em Tábua.
Do longo historial deste agrupamento que teve vários interregnos, há um novo recomeço nos anos 30 do século passado e o grupo atual, herdeiro do Orfeão Caldense, considera que o grupo tem seguramente 90 (ou até mais anos) e, como tal, quiseram assinalar este especial aniversário de nove décadas.
Após o concerto seguiu-se a troca de presentes entre os grupos e um lanche convívio com coralistas e convidados que visou o convívio e a celebração a data. ■