Se ao passar pelo Palacete da Foz, ficou com curiosidade em saber que obras são as que ali decorrem, fique a saber que o chalet construído no início do século está a ser transformado numa luxuosa e moderna moradia. Pertence actualmente a uma sociedade anónima de compra e venda de bens imobiliários, cujo administrador único é Américo Sábio Tomás, um emigrante português no Canadá, que não quis falar com a Gazeta das Caldas.
Construído em 1904, o chalet Conde de Almeida Araújo – vulgarmente chamado de Palacete da Foz – continua em obras depois de ter sido adquirido em 2012 por Américo Sábio Tomás. Em 2013 entrou na Câmara das Caldas um projecto para tornar aquele espaço uma moderna moradia de luxo, com quatro quartos, ginásio, sauna e uma adega com zona de exposição de vinhos.
Mas a obra que mais chama a atenção é a escavação por baixo do edifício para ali criar uma zona de garagens e cave e para a qual foi preciso reforçar a estrutura do palacete com uma laje de betão armado, que é o tecto da garagem. Basicamente trata-se de escavar tudo por baixo do edifício, criar-lhe uma base de sustentação e, a partir daí, construir em baixo.
O palacete pertence à sociedade anónima Beyond Rainbow (com sede em Lisboa e cujo administrador único é Américo Sábio Tomás, um emigrante português no Canadá), que em 2012 o comprou à empresa Construtora do Desterro, Lda. O edifício terá, assim, cinco pisos, dois acima do solo e três abaixo.
No projecto inicial estava prevista a construção de uma piscina para adultos e outra para crianças, bem como um campo de padel. No entanto a primeira localização para as piscinas e para o campo de padel sugerida pelo novo proprietário não foi aceite pela Agência Portuguesa do Ambiente, que tem de ser ouvida porque o terreno se encontra inserido na área abrangida pelo Plano de Ordenamento da Orla Costeira e em Domínio Público Hídrico.
O projecto prevê também a construção de um lago biológico, uma estufa e uma lareira de fogo aberto no exterior.
O palacete terá, de acordo com o documento consultado pela Gazeta das Caldas na Câmara, uma “zona de congelados”, uma sala de comunicações (som e vídeo) e os pisos subterrâneos estarão preparados para receberem veículos pesados. Em nenhum ponto é referido que o edifício venha a ter uso comercial.
A construção está a cargo da Construções Pedro e Couto, Lda. (sedeada em Barrantes), sendo que esta obra já foi embargada duas vezes. A primeira em Junho de 2013 porque, lia-se no auto do embargo, “foram realizadas obras de alteração que implicam modificações na estrutura de estabilidade do palácio sem a respectiva licença administrativa”. A segunda, em Outubro de 2014, porque estavam a ser feitas obras na cave, também sem licença. O projecto foi alterado e aprovado por unanimidade em reunião de câmara em Abril de 2015
Gazeta das Caldas contactou, através da construtora, o dono do edifício, mas este nunca respondeu às perguntas.
Projecção nacional com série da RTP
O edifício foi construído em 1904, mas em 1930 foi atingido por um raio, que levou a um incêndio que destruiu grande parte do seu recheio, ficando só praticamente as paredes. Foi restaurado na década de 60, numa obra que manteve o traçado original.
Até 2011 foi habitado pela viscondessa Teresa Moraes, que faleceu em 2011 com 105 anos. Esta era esposa de José Joaquim de Almeida Araújo Pereira de Moraes (3º Visconde de Moraes).
Em 2014 o palacete teve projecção nacional por ter servido de cenário para numa escola de artes na série de Verão da RTP “Água do Mar”.