Pão Nosso de Cada Terra juntou 14 nacionalidades

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Cidadãos de diversos países, que residem atualmente nas Caldas, partilharam a sua gastronomia
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Segunda edição do evento que pretende promover o diálogo intercultural decorreu na tarde de sábado, 5 de abril, na Casa dos Barcos

Na mesa colocada no centro da Casa dos Barcos, no Parque D. Carlos I, havia sabores muito diferentes, característicos de vários continentes. Aos 12 países representados na primeira edição, em outubro, juntaram-se agora a África do Sul e Peru. Dos golubci (prato tradicional ucraniano) à muamba de ginguba (Angola) ou à causa limeña (Peru) muitos foram os pratos e doces tradicionais que fizeram as delícias dos convivas.

Ana Pires, natural de Angola e residente nas Caldas há 25 anos, participou, pela primeira vez, no evento a convite de uma amiga, também angolana. “Adorei este convívio entre várias culturas, provei de tudo e gostei”, contou, acrescentando que gostaria de voltar para a próxima edição e contribuir com algum prato da sua terra natal, possivelmente, um calulu ou uma canjica.

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Yara Pernay, responsável da comunidade ucraniana nas Caldas da Rainha, participa no evento desde a sua primeira edição e percebeu que pessoas “já se conhecem e estão mais integradas”. Considera que estes encontros são muito importantes e lamenta que “as pessoas não adiram em maior número”.

Para além da gastronomia o Pão Nosso de Cada Terra tem também uma componente cultural, nesta edição dinamizada por um cidadão francês, com música e malabarismo e também por jovens de origem russa, ucraniana e sul africana, que declamaram poemas na língua materna e em português, além de terem explicado o significado das várias bandeiras. Estas jovens estudam na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro e participaram neste encontro, juntamente com a professora de Português e Português Língua não Materna, Fernanda Santos.

A docente soube do evento depois de uma sensibilização do CLAIM – Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes na escola e decidiu cativar os alunos a participar na atividade. Conseguiu reunir 10, naturais da África do Sul, Rússia, Ucrânia, Venezuela, Peru, Colômbia e Filipinas. No entanto, e de acordo com Fernanda Santos, há alunos de mais nacionalidades a frequentar aquele estabelecimento de ensino, nomeadamente da Letónia e Estados Unidos, que aprendem o português como língua não materna, mas também muitos jovens oriundos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Brasil.
A docente explica que a ESRBP procura saber se estes jovens estão integrados, tanto na escola como na sociedade. Quando, na escola, verificam que há problemas, tentar ajudar na integração, avisando o diretor de turma e também trabalhando as temáticas da solidariedade, integração e conviver com a diferença na disciplina de Cidadania.

O evento é promovido pela Unidade de Desenvolvimento Social através do seu CLAIM. A responsável pela unidade, Marta Tempero, explica que o objetivo é a promoção e integração da população estrangeira neste território, à mesa. Pretendem ainda fomentar o respeito pela diferença e diversidade, desconstruindo e desmistificando mitos relacionados com a população migrante e proporcionar um momento de convívio e de partilha de forma a enaltecer as diferentes riquezas culturais.

“Este convívio e a partilha que fizeram, em que voltaram a explicar as iguarias que traziam e agora também as bandeiras dos seus países é muito importante”, destacou, reconhecendo que ainda não conseguem chegar a todas as comunidades estrangeiras a residir no concelho, mas que estão “a trabalhar nesse sentido”.

No serviço da autarquia são acompanhados cerca de 600 agregados familiares de cerca de 30 nacionalidades. O Pão nosso de cada Terra – Uma Viagem pelos sabores culturais terá uma terceira edição ainda no ano de 2025, pretendendo a organização realizá-la num espaço “mais aberto, de rua”.

No CLAIM das Caldas da Rainha são acompanhados cerca de 600 agregados familiares de cerca de 30 nacionalidades

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