A Caimão foi fabricada na Holanda e tem uma capacidade de dragagem de 150 metros cúbicos por hora.
Em resultado das dragagens em curso na lagoa de Óbidos, as praias da Foz do Arelho (mar e lagoa) e do Bom Sucesso (na margem sul) vão ter muito mais areia já a partir do mês de Março. No caso da Foz do Arelho, o cordão dunar vai ser de tal forma reforçado que ficará mais alto em relação ao nível do mar, sendo mais difícil que, depois disso, durante as marés vivas as ondas atravessem a praia até à lagoa, como chegou a acontecer nos últimos invernos.
A existência de mais 350 mil metros cúbicos de areia nestas praias não é o objectivo último das dragagens, mas sim uma consequência (positiva) dos trabalhos de desassoreamento que estão a ser realizados e que pretendem abrir um canal da lagoa ao mar que permita uma maior fluidez das correntes e fixe a “aberta” num local preciso. “O objectivo é permitir a troca entre as águas fluviais e a água do mar para se poder regenerar a lagoa”, explica José Manuel Proença, do Inag (Instituto da Água).
A intervenção de emergência em curso custa 1,5 milhões de euros e prevê a extracção de 350 mil metros cúbicos de areia, o equivalente a um edifício do tamanho de um campo de futebol com cerca de 40 andares de altura.
Quando os trabalhos terminarem, em Março próximo, é suposto ficar aberto um canal que, mesmo com a maré vazia, terá cerca de dois metros de profundidade. Uma situação que contrasta com o ainda visível assoreamento da lagoa.
Painel de instrumentos de bordo. A dragagem é permanentemente monitorizada.
De momento a intervenção já resultou no fecho da “aberta” que estava a aproximar-se perigosamente do extremo sul e das casas do Bom Sucesso, ao mesmo tempo que se abriu outro canal de comunicação com o mar no local que o Inag pretende agora que seja definitivo (pelo menos tanto quanto a Natureza o permita).
As dragagens estão a ser realizadas por três dragas da Sofareias, que tem sede em Faro, e a quem a Irmãos Cavaco, SA (empresa de Santa Maria da Feira que ganhou o concurso do Ministério do Ambiente) adjudicou a realização deste trabalho.
Vale a pena conhecer as características destas três embarcações. A Portimão Mar é uma draga que veio dos Estados Unidos e tem uma capacidade de dragagem de 100 metros cúbicos por hora, a Locengue veio da Holanda e draga 120 metros cúbicos de areia por hora e a Caimão também é holandesa e tem a performance maior: draga 150 metros cúbicos por hora.
Estas dragas e respectivas tripulações trabalham 24 horas por dia. O parque de material afecto a esta obra inclui ainda cinco escavadoras hidráulicas, seis dumpers, um bulldozer e duas embarcações de apoio.
Quatro mil litros de gasóleo por dia
Os tubos ligados às dragas expelem 70% de areia e 30% de água
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Todas estas máquinas e as dragas consomem diariamente a módica quantia de 4 mil litros de gasóleo. Ou seja, ao fim de três meses de obras na lagoa, ter-se-ão gasto 360 mil litros de gasóleo.
Ao todo estão afectos a esta obra 25 trabalhadores, dos quais 15 asseguram trabalhos por turnos de 12 horas que vão das 8h00 às 20h00 e das 20h00 à oito da manhã.
Os trabalhos estão a ser acompanhados no terreno por Ana Cerveira, veio da Anadia. Para esta engenheira ao serviço da Irmãos Cavaco, SA esta é uma obra de rotina, tendo em conta sobretudo que já dirigiu trabalhos semelhantes na ria de Aveiro e na praia de Espinho.
Não se pode dizer que o bom tempo que se tem feito sentir seja decisivo para que a obra termine no tempo previsto. Afinal, com chuva ou com sol, frio ou calor, as dragas mantém a sua cadência de “aspirar” areia dos fundos e expeli-las para a superfície. Mas para o pessoal que nelas opera é mais agradável trabalhar com sol e céu azul. O pior mesmo são os turnos da noite, com o frio e a humidade que se entranha nos ossos. Mas a maior parte dos tripulantes das dragas estão habituados a isto porque, no fundo, parte da sua vida tem sido passada a trabalhar em zonas marítimas.
UMA VISITA À DRAGA
O mestre Edgar Loureço vigia a execução da dragagem em turnos de 12 horas a bordo da embarcação
A embarcação de apoio aproxima-se da Locengue, a maior das três dragas, que está neste momento a “escavar” o canal central. O termo mais correcto será “aspirar” pois, na prática, é isso que faz uma draga – “aspira” o fundo da lagoa e bombeia para o exterior um cocktail composto por 70% de areia e 30% de água.
Numa tarde de céu azul como a de hoje, até parece um trabalho agradável, mas com mau tempo e de noite, é uma profissão dura, esta de tomar conta desta máquina barulhenta e permanentemente suja de óleo e de salitre. O mestre Edgar Loureço tem 48 anos, é natural de Angola, mas vive em Olhão. Está agora na Foz do Arelho desde há três semanas e só vai a casa de 15 em 15 dias.
Como trabalhador da Sofareias, vive nas 12 horas diárias em que não está a bordo da draga, numa vivenda que a empresa alugou na povoação. E almoça num dos restaurantes da zona.
Ao mestre da Locengue compete-lhe vigiar a execução da dragagem, coisa que faz através do manómetro que indica as quantidades que estão a ser extraídas.
José Carlos Henriques é natural da Foz do Arelho. Como ajudante de motorista assegura o funcionamento dos motores nas entranhas da draga.
A draga conta ainda na sua tripulação com José Carlos Henriques, 65 anos, natural da Foz do Arelho, mas a residir no Campo. Este caldense já trabalhou como ajudante de motorista na Marinha Mercante e foi agora recrutado para fazer um biscate enquanto decorrem as obras na lagoa. É este homem que desce às entranhas da draga onde, sob um barulho ensurdecedor, assegura os níveis certos de temperatura, água, gasóleo e óleo nos motores.
E ali num espaço tão apertado trabalham em simultâneo um motor de 600 cavalos que é, no fundo, a bomba de aspersão da draga, e outro, de 380 cavalos, que comanda os hidráulicos e o funcionamento da embarcação.
Este trabalho é realizado em conjunto com Manuel Inácio Rodrigues, 64 anos, natural de Faro. Este mecânico já trabalha há 20 anos na Sofareias, mas conta no seu curriculum com vários contratos nas plataformas de petróleo na Venezuela.
Quanto mais compridos forem os tubos por onde são expelidos os sedimentos recolhidos no fundo da lagoa, maior terá de ser o esforço na bombagem. Por isso, há situações em que é preferível bombar para mais próximo da draga e contar depois com a preciosa ajuda das retroescavadoras e dos dumpers para transportar a areia para os locais previamente escolhidos.
Se dentro de dois anos avançarem as obras do Plano de Gestão da Lagoa de Óbidos, e se realizarem dragagens na zona dos braços da Barosa e do Bom Sucesso, a coisa já não será tão simples. Os sedimentos recolhidos pelas dragas não
O mecânico Manuel Inácio Rodrigues é natural de Faro e já trabalhaou nas plataformas de petróleo na Venezuela
poderão ter um tratamento tão simples quanto o da areia limpa que agora está a ser dragada. Devido aos níveis de poluição dessas lamas, deverão ser depositadas provisoriamente em locais que ainda não estão bem decididos e, depois de secas, depositadas em pedreiras ou noutros locais onde não provoquem danos ambientais.
Mas isso são questões que estão ainda para decidir. Para já, garantem os técnicos do Inag e da Irmãos Cavaco, estas dragagens estão a correr no prazo previsto e deverão estar concluídas em Março.
Está na hora de voltar ao estaleiro em terra. Não é fácil para o administrador da Sofareias, Cláudio Brás, que faz as honras desta visita guiada, manobrar a embarcação de apoio. Gazeta das Caldas teve a oportunidade de constatar o quão assoreada está a lagoa porque, às tantas, ficamos presos na areia e é preciso alguma arte – e muita técnica – para desencalhar a embarcação e regressar a terra, contornando os bancos de areia e as tubagens das dragas.
Responsáveis do INAG, da Irmãos Cavaco e da Sofareias acompanharam a Gazeta das Caldas na visita às dragas
Haverá mais uma hora de luz. O sol já vai muito baixo e, sem os seus raios, a temperatura desce abruptamente. Na lagoa as três dragas continuarão a laborar durante toda a noite.
NÚMEROS
350.000 metros cúbicos de areia serão extraídos do fundo da lagoa até Março
1.500.000 euros é o custo da empreitada adjudicada pelo Inag à Irmãos Cavaco SA
980 cavalos é a potência dos motores da draga Locengue
360.000 litros de gasóleo consumidos pelas dragas e restante maquinaria durante os três meses
24 horas por dia de trabalho – as obras decorrem de dia e de noite
a margem sul em vez de ter um canal,como o que estao a fazer na margem norte,nao.
ainda por cima estao a tapar os pequenos canais que existiam para fazer circulaçao de agua-espertos.
mas tambem ja ouvi dizer que no sitio da lagoa,na margem sul,iam construir mais um resort com campo de golf.
Chamo a isto “Construções na Areia” ou “Areia nos Olhos”, Onde está a Engenharia Portuguesa que foi célebre nos anos 60, 70 ? Que ajudou significativamente criar o LNEC ? É com tristeza que vejo que interessa (apenas) é a “aberta” e a praia. Tudo isto é insuficiente. Onde estão as dragagens a montante ? As pessoas devem exigir conhecer o plano de dragagens – não só até Março.
Está na altura de os responsáveis (?) autárquicos começarem rapidamente a pensar nas acções indispensáveis à revalorização de toda a área envolvente, no regresso racional e inteligente do FozBus, na limpeza do concelho (que continua ofensivamente emporcalhado, como aqui e aqui escrevi) e nas medidas indispensáveis à contenção da porcaria que a elite citadina, tipo Tinta Ferreira, ignora (por desconhecimento das realidades do concelho ou por hábito). o-das-caldas.blogspot.com/2012/02/foz-do-arelho-facam-alguma-coisa-de.html
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a margem sul em vez de ter um canal,como o que estao a fazer na margem norte,nao.
ainda por cima estao a tapar os pequenos canais que existiam para fazer circulaçao de agua-espertos.
mas tambem ja ouvi dizer que no sitio da lagoa,na margem sul,iam construir mais um resort com campo de golf.
Chamo a isto “Construções na Areia” ou “Areia nos Olhos”, Onde está a Engenharia Portuguesa que foi célebre nos anos 60, 70 ? Que ajudou significativamente criar o LNEC ? É com tristeza que vejo que interessa (apenas) é a “aberta” e a praia. Tudo isto é insuficiente. Onde estão as dragagens a montante ? As pessoas devem exigir conhecer o plano de dragagens – não só até Março.
Está na altura de os responsáveis (?) autárquicos começarem rapidamente a pensar nas acções indispensáveis à revalorização de toda a área envolvente, no regresso racional e inteligente do FozBus, na limpeza do concelho (que continua ofensivamente emporcalhado, como aqui e aqui escrevi) e nas medidas indispensáveis à contenção da porcaria que a elite citadina, tipo Tinta Ferreira, ignora (por desconhecimento das realidades do concelho ou por hábito).
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