Procura pelo arrendamento nas Caldas é muito maior que a oferta

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1998
Gazeta das Caldas - arrendamentos

O mercado de arrendamento nas Caldas tem uma procura muito grande e, por isso, quem precisa de casa tem muitas dificuldades em encontrar o que quer. Há falta de apartamentos com qualidade para arrendar e a oferta que existe no mercado é composta por edifícios antigos e com preços muito elevados.

O problema não é novo, mas tem-se agravado de há uns anos a esta parte. A procura pelo mercado de arrendamento continua elevada nas Caldas da Rainha, mas não há produto para as solicitações.
Norberto Isidro, agente imobiliário, diz que as listas de espera são grandes. “Quando aparece alguma coisa, temos em média cerca de 15 interessados”, diz.
Também agente imobiliário, Luís Capão acrescenta que o que está disponível no mercado “é muito antigo e os proprietários pedem muito dinheiro”.
O mercado do arrendamento continua a ter muita procura. Norberto Isidro refere que há cada vez mais pessoas que não se querem comprometer com um crédito à habitação, que é para a vida, até porque as profissões as podem levar para diferentes locais, seja no país ou mesmo para o estrangeiro. Mas procuram casas recentes, com bons níveis de comodidade, que são as mais difíceis de encontrar.
Luís Capão dá também como exemplo professores e médicos que são colocados na região por dois ou três anos, que se querem instalar na cidade por esse período através do arrendamento. “Por isso, faz falta produto bom e a prova é que quando aparece alguma coisa, sai rapidamente”, sustenta.
Este excedente da procura em relação à oferta faz os preços subirem e Norberto Isidro alerta para outro perigo, relacionado com as famílias com menores rendimentos. “Estas estão a ter dificuldades para arrendar casa, ou mesmo a perder a que têm porque os senhorios querem tirar mais rendimento dos imóveis”, explica. O agente imobiliário diz que o problema é geral e alerta que as autarquias devem pensar em soluções, como a habitação social, para dar resposta a este problema que poderá, no futuro, ser dramático.
Parte da solução para a questão da falta de oferta no arrendamento pode passar pela recuperação de edifícios antigos, o que já se verifica nas Caldas. Este processo de renovação do parque imobiliário mais antigo é lenta, mas vai beneficiar a médio prazo a própria cidade, que vai ficar com um centro histórico renovado. O estacionamento poderá ser, contudo, um problema a ter em conta, uma vez que muitos desses prédios não possuem garagens e essa é uma das exigências de quem procura casa nos centros urbanos.
Outra vertente que tem vindo a ter aumento de procura na região é o arrendamento turístico, através do alojamento local, o que tem sido aproveitado para as famílias obterem rendimento das suas habitações.

VENDAS E PREÇOS A SUBIR

Se o mercado do arrendamento atravessa alguns problemas, o de compra e venda tem vindo a melhorar. Tanto Norberto Isidro como Luís Capão referem que 2017 foi um bom ano para as imobiliárias e para quem comprou ou vendeu imóveis, e as expectactivas para 2018 mantêm-se elevadas.
“Desde Junho do ano passado sente-se uma viragem, a procura é ainda maior para compra e os preços continuam a subir gradualmente”, refere Norberto Isidro, acrescentando que esta procura é abrangente a todas as faixas etárias.
Na região, há equilíbrio entre os compradores nacionais e estrangeiros. Entre estes, os principais mercados têm sido França e Bélgica, apontam os dois agentes imobiliários.
O estado do mercado coloca os preços das habitações a níveis de 2010, ou seja, já há uma recuperação da baixa de preços que se verificou com a crise.
Em relação ao que os compradores mais procuram, são casas entre os 10 e os 15 anos, ou seja, a construção mais recente que existe, tendo em conta que, nas Caldas, há pouca construção mais recente que essa.
“Há uma grande falta de produto novo na cidade, por isso essas casas são as que estão a valorizar”, sustenta Norberto Isidro. O que surge de novo é rapidamente adquirido, quase sempre ainda em planta. Apesar disso, o agente imobiliário acredita que só dentro de dois anos poderá haver um arranque de construção nova mais palpável.
O crescimento da venda de imóveis surge associado a diversos factores. Há mais confiança por parte de quem compra, sobretudo pelo aumento da estabilidade do emprego, mas também do nível de rendimentos. E também se verifica uma abertura crescente da banca para o crédito habitação.
Apesar dos bancos ainda não estarem a financiar 100% do valor do imóvel, com a Euribor a negativo estão a conseguir-se contratos com juros na ordem dos 1,5% a 1,7%, o que se deve manter ainda por mais um a dois anos, “o que proporciona bons negócios”, observa Norberto Isidro.

A IMPORTÂNCIA DOS ESTRANGEIROS

Em alta na região continua também a procura dos estrangeiros, que vêm com orçamentos definidos a rondar os 200 mil euros, refere Luís Capão. Muitos continuam a preferir arrendar durante cerca de um ano para perceberem se gostam da região antes de comprar.
No entanto, Luís Capão nota que há uma nova a tendência a surgir. É que os estrangeiros que cá estão há mais tempo, em zonas rurais, começam a preferir vir para a cidade, onde têm todos os serviços mais perto.
Outro aspecto que Luís Capão observa é que as Caldas teria muito a ganhar com uma ferrovia mais eficiente. “Se Linha do Oeste funcionasse melhor, se viagem entre Lisboa e as Caldas fosse à volta dos 45 minutos, a cidade teria muito mais procura também no mercado imobiliário”, concluiu.