Pedia-se aos participantes que a indumentária fizesse “homenagem” aos 100 anos do jornal e houve propostas interessantes, no evento que se pauta pela diversão
Foi entre muitas gargalhadas e palmas, entre remadas e choques de barcos, entre “molhas” mais ou menos acidentais, que decorreu, na tarde do passado sábado, com um sol quente, mais uma edição da Regata da Gazeta das Caldas e Museu do Hospital e das Caldas, no Lago do Parque D. Carlos I.
Este ano o evento realizou-se apenas durante a tarde, embora logo de manhã existissem atividades a decorrer, como o xadrez, promovido pela Associação Peão Cavalgante ou os insufláveis dos Supimpa Kids, tal como a Rota do Voluntariado Local (ver texto ao lado) e as food trucks da Quick Food e do Poço do Zé.
Por volta das 14h00, em frente à Casa dos Barcos iam chegando as equipas, a maioria fardada a rigor. Foi o caso, por exemplo, da Auto Júlio, que participou com duas equipas e que acabou por ser considerada a equipa com a “Melhor Energia”, recebendo um voucher da Escola de Vela, para os participantes andarem de canoa na Lagoa de Óbidos. Mal chegaram, os da AJ Rent vinham de ardinas e começaram a distribuir um “jornal” feito de propósito para o evento. “É os 100 anos da Gazeta!”, anunciam em voz alta. E, mesmo durante a prova, prejudicando a sua prestação, cumprem a missão de entregar jornais ao público ao redor do lago. Ilustrado, claro, com o lago do Parque, onde decorre a prova, e os Pavilhões onde nasceu a Gazeta, este jornal recorda que “neste anno se celebra o centenário da fundação da Gazêta das Caldas, assim como o quinquagésimo aniversario do início da sua nova fase sob o signo da Democracia”.
“Ao longo de quasi um século, tem sido esta publicação talvez o único, e certamente o mais importante testemunho escripto da história das Caldas da Rainha, bem como, em menor escala, mas ainda assim de relevante significação, das povoações e concelhos circunvizinhos, de Óbidos a Alcobaça, incluindo a Nazaré, Peniche e mesmo outras terras mais distantes”, conta o jornal, notando ainda que “durante este largo período, apenas interrompido de forma mais prolongada no pós-bellum da segunda Grande Guerra e por alguns interregnos breves, em especial motivados por dificuldades no fornecimento de papel, a Gazeta das Caldas tem vindo a narrar a vida da cidade e do seu termo, registando os feitos dos seus principais vultos e dando merecido destaque ao seu património histórico”, prossegue. Numa segunda página mais humorística, encontramos por exemplo, a notícia de que “D. Leonor flagrou-se em estação de serviço a pedir gasolina com moedas de D. João II” e que a mesma, “após abastecer um automóvel da casa Auto Júlio com gasolina” pretendia pagar com moedas de ouro do tempo do rei. A notícia é ilustrada com a rainha ao volante de um moderno carro, descapotável de luxo. Nota ainda nesta página para uma fotolegenda: “Fiat 500 faleceu – R.I.P.”, com o carro a deitar fumo do motor.
Um dos ardinas é Henrique Ventura, que nos conta que este foi o terceiro ano em que participaram na prova, este ano também com uma equipa do departamento Energy. “Assim que acaba uma regata ficamos à espera da data da edição seguinte, já é uma tradição e é um dia bem passado, impecável, é cinco estrelas, trazemos um lanchinho e umas cervejas e a Gazeta está de parabéns pela iniciativa”, resumiu, explicando que dado o tema do concurso de indumentária, pediram à empresa de marketing para fazer o jornal. “Foi por isso que não ficámos em primeiro, porque os ardinas tinham que distribuir os jornais, são prioridades”, brincou, antes de referir que “a Gazeta é um jornal local que merece todo o apoio das empresas das Caldas”.
Entre as equipas que também traziam indumentária relativa ao jornal encontramos a Maré Alta, com fatos e chapéus produzidos com páginas de jornal e o E.Leclerc, que trazia laços feitos com páginas do jornal centenário.
Ao longo de três eliminatórias apuraram-se os seis finalistas para uma final, este ano disputada a apenas duas voltas. A apresentadora, Inês Castanheira, pedia com humor para os participantes não atropelarem os patos. Numa prova onde o mais importante é sempre a diversão, a vitória coube este ano ao barco do Museu do Hospital e das Caldas, e em particular, à remadora Dora Mendes, diretora da unidade museológica. “Andamos há10 anos a tentar e hoje conseguimos finalmente ganhar”, brincou, destacando um “evento que é mais do que a Regata” e realçando que “as equipas são a alma do evento”. Portanto, “encontramo-nos aqui no cais no próximo ano”.
O prémio para os vencedores foi um conjunto de entradas na Frutos, para o 2º lugar, os Bravos de 86, ficaram os passes para o Foz Beats e para o 3º, do Titanic, bilhetes para espetáculos no CCC. Para a melhor indumentária, a Ugu Construções (que trazia os capacetes das obras, que serviram para remar e que registou mais votos no Instagram), ficaram os bilhetes para o musical A Bela e o Monstro no Politeama.
O presidente da Cooperativa Editorial Caldense, José Luís Almeida agradeceu aos participantes “por uma tarde memorável”.
No final, cumpriu-se outra tradição: os Bravos de 86 mandaram o mergulho nas águas do lago, este ano com direito a nadar até à ilha.