Tradição iniciada em 1961 foi retomada por cerca de 30 profissionais depois de um interregno desde 2019
No sábado, dia 16 de novembro, realizou-se o 59º encontro dos viajantes e agentes comerciais, uma tradição iniciada em 1961 que foi retomada, após quatro anos de interregno, primeiro devido à pandemia, depois por motivos diversos.
Mário Araújo e Nelson Farinha, que há largos anos participam neste convívio, decidiram este ano retomar a tradição, para que não se perca, apesar das mudanças na profissão nos últimos anos, com a evolução da sociedade e, em particular, das tecnologias. Esse foi, aliás, um dos motes para este almoço. É que estas tertúlias remontam às décadas de 30, 40 e 50 do século passado, em locais como o Hotel Rosa, os Capristanos, a Pensão Cristina, o Café Central ou o Lusitano. Mas a primeira comissão organizativa dos almoços foi constituída em 1961 e era composta por Júlio Pessoa, Rozendo Teles, Jaime Nicolau, Francisco Verdasca de Sousa e Joaquim José Branco. Logo no segundo ano do almoço oficial, em 1962, reuniram-se 120 participantes.
À Gazeta das Caldas, António Próspero Parissi recorda a história destes almoços e a criação desta tradição. “As Caldas nesse tempo tinha 50 armazéns de revenda”, nota. “Sem contar com vendedores de outras casas do Norte, que viviam aqui, as Caldas eram uma terra comercial em grande força”, recorda. “É tudo diferente hoje em dia”, afirma o nonagenário, que começou a sua vida de vendedor na Drogaria Beleza, antes de abrir o seu próprio armazém. Dos tempos profissionais guarda “as amizades criadas com os clientes”.
Nelson Farinha, que vende tintas para automóveis e que vem a este almoço há 34 anos, salienta que “hoje em dia é quase tudo pela internet e pelos computadores, vai-se cada vez menos visitar os clientes”. Nelson Farinha marca “sempre este dia para vir ao almoço, é um momento importante para rever alguns colegas e conviver, é sempre uma alegria e um dia marcante”.
Depois do encontro em frente ao tribunal, como é tradição, os viajantes e agentes comerciais partiram em direção ao monumento que lhes foi erguido em 2011 (que simboliza o aperto de mão que sela o negócio entre cliente e vendedor), na rotunda na saída Norte da cidade. Aí, como é habitual, prestaram uma homenagem aos colegas já falecidos, antes de seguirem para o restaurante O Cortiço, onde se realizou o repasto. ■