Salir de Matos e Salir do Porto são as novas vilas das Caldas

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Na noite de 4 de outubro dezenas de pessoas juntaram-se, apesar da chuva, para celebrar a reelevação a vila em clima de festa e de orgulho

“É um dia histórico e de grande orgulho”, resumiu Flávio Jacinto, presidente da Junta de Freguesia de Salir de Matos, visivelmente emocionado, durante as comemorações da elevação a vila. “Vivemos numa era em que vemos Salir de Matos a crescer”, apontou, frisando que não é só uma questão de estatuto, mas também de orgulho. “Quando ouvi Salir de Matos, hoje, na Assembleia da República, até me arrepiei”, confessou.
Recordando o trabalho de todos os que tornaram possível este dia, Flávio Jacinto lembrou que Salir de Matos já havia sido vila e, até, sede de concelho, com o Foral de 1514.
Da extinção do concelho, no início do século XIX, até este dia da elevação a vila, “fomos evoluíndo” e “temos uma freguesia que é exemplar a nível nacional”, afirmou, salientando as fábricas, restaurantes, alojamentos e serviços (centro de saúde a funcionar, multibanco, farmácia, entre outros).
“Ainda tenho que me habituar a chamar vila à nossa terra”, brincou Flávio Jacinto.
O antigo presidente da Câmara, Fernando Costa, frisou que Salir de Matos foi elevado a vila pelos equipamentos que tem e pela qualidade de vida que proporciona, realçando o papel da Igreja na comunidade. Uma ideia partilhada pelo deputado Hugo Oliveira, que revelou que tinha prometido este desfecho, em 2019, ao presidente da Junta de então, quando foi eleito para a Assembleia da República. “A forma como as povoações vão crescendo depende de quem as dirige e de quem as constitui”, fez notar.
No final, depois do bolo e do champanhe, houve uma surpresa: um espetáculo de fogo de artifício, “algo que nunca tinha acontecido na agora vila”, referiu o autarca.
Aproveitamos para falar com José Caetano Luís, que foi o primeiro presidente da Junta de Freguesia em liberdade. Era secretário da Junta antes da Revolução dos Cravos e foi eleito em 1976, tendo feito dois mandatos.
“Já conhecia as dificuldades da freguesia que não tinha nada, não havia uma estrada que, no Inverno, se pudesse passar a pé enxuto, era tudo lama, tudo caminhos de carros de bois”, conta. “O cemitério tinha a venda dos covais proibida” e foi a primeira obra que realizaram: a compra de terrenos para a ampliação do cemitério, que foi feita pela própria população. “Só pagámos os materiais”, conta.
“Não havia água, não havia luz”, recorda. “Não havia lavadouros para lavar a roupa”, acrescenta. “Foi preciso um esforço muito grande”, realça. “Foram semanas a trabalhar, a colocar manilhas”, por exemplo.
“Nessa altura não passava pela cabeça de ninguém que Salir de Matos pudesse vir a ser vila, as nossas preocupações eram com a luz, com a água, com os caminhos, etc”.
A reelevação “foi um dia muito feliz”, com “pessoas de toda a freguesia e mais gente do que imaginaria. “Vieram manifestar a sua alegria e satisfação de passar a vila”, nota, deixando elogios aos seus sucessores e à própria população.
Silvino Dinis, com 77 anos, é da freguesia e não escondia a alegria. “É uma grande alegria e felicidade a nossa freguesia chegar a vila, que é uma coisa que já queríamos há muito tempo”, disse. “Toda a freguesia está muito feliz em viver um dia como o de hoje”, realça, notando que esta elevação “é uma grande publicidade para Salir de Matos” e que irá atrair a curiosidade. “Viver em Salir de Matos é bom, vivi cá a vida toda e gosto muito”, diz. “Que continue sempre a progredir como até aqui”, concluiu.
Também Armando Santos veio festejar. Quando soube da elevação sentiu “uma enorme alegria” e crê que será importante em termos de divulgação e também em termos turísticos. “Pode fazer com que as pessoas queiram investir mais na nossa vila”, diz, mostrando-se também esperançado de que possa ajudar a uma união cada vez maior das pessoas. “Não esperava ver tanta gente hoje, pensei que era uma cerimónia simbólica, mais pequena, porque foi espontânea, no próprio dia”, admitiu, mostrando-se esperançado numa grande comemoração do primeiro aniversário. ■

 

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A população juntou-se, na tarde de 5 de outubro, frente à coletividade de Salir do Porto para assinalar a elevação a vila, uma “reposição histórica”, que ansiava há muito. Houve discursos, bolo e música, mas também a garantia de que para o ano a festa será ainda maior

“A elevação é uma reposição histórica da importância que Salir do Porto teve e tem atualmente no concelho. Acho que estamos todos de parabéns, houve várias pessoas a trabalhar para que este dia fosse possível e, para o ano, iremos comemorar com mais dignidade”. Palavras do presidente da União de Freguesias de Salir do Porto e Tornada, João Lourenço, durante a festa que decorreu na tarde de sábado, na agora vila de Salir do Porto.
A festa decorreu no dia a seguir à votação, por unanimidade, no plenário da Assembleia da República, da elevação desta localidade a vila, concluindo assim o processo que começou no início do ano, logo que foi publicada nova legislação a permitir a elevação a vilas e cidades. Um grupo de cidadãos juntou-se e começou a reunir a informação necessária sobre a povoação que já tinha sido vila e, inclusive, concelho. “Nós salirenses temos a alegria de poder dizer que voltamos a ser vila, depois do concelho ter sido extinto em 1855”, recordou Arnaldo Custódio, recordando um pouco da história de Salir do Porto. “Fizemos a primeira reunião a 3 de março deste ano e a partir daí foi sempre a andar”, continuou antigo presidente da União de Freguesias de Tornada e Salir do Porto, lembrando o “papel fundamental” do deputado Hugo Oliveira, que apresentou, pelo grupo parlamentar do PSD, a proposta de elevação na Assembleia da República. O CDS-PP viria a subscrevê-la e, mais tarde, também o PS apresentou uma proposta para a elevação destas povoações.
Exemplos patrimoniais como as pegadas de dinossuaros, a antiga alfândega e a duna foram realçados pelo deputado socialista na Assembleia Municipal, Jaime Neto, que chamou ainda a atenção para a necessidade de reabilitação do Rio de Tornada e de melhores condições para a praia de Salir do Porto.
“É uma alegria muito grande participar na história de Salir do Porto”, reconheceu o deputado do PSD, Hugo Oliveira, que destacou o trabalho feito pelos sucessivos autarcas, e população, no desenvolvimento da terra, que permitiu também que a elevação fosse possível. Palavras também corroboradas pelo antigo presidente da junta, Abílio Luís, um “apaixonado” pela sua terra, que lembrou o trabalho feito e as pessoas que o acompanharam no executivo.
Também presente na cerimónia, o antigo presidente de Câmara, Fernando Costa, foi mais além e disse acreditar que, para além de vila, Salir do Porto, com a nova lei, “vai voltar a ter a sua autonomia em relação à união de freguesias”.
A união geográfica das freguesias, que agora também são vilas, foi assinalada pelo presidente da Câmara, Vítor Marques, que também realçou a “força e vontade que o povo de Salir tem em fazer coisas pela sua terra”. O autarca vincou ainda que, “com a união de freguesias em momento nenhum alguém perdeu a sua identidade” e deixou a garantia de apoio da autarquia às obras que são necessárias em Salir.
Entre elas estão a requalificação da escola do primeiro ciclo, que inclui o jardim de infância, que precisa de melhoramentos e mais duas salas. Também o desvio o rio está a danificar a duna. A Câmara já pediu estudos, que estão a ser elaborados pelo LNEC, mas o autarca João Lourenço gostaria que a intervenção fosse mais rápida, “se possível durante o inverno”.
Nascido e criado em Salir do Porto, Bernardo Louro, atualmente presidente da Assembleia de Freguesia, considera que esta elevação tem uma “extrema importância porque já fomos concelho e vila”. Para além desta valorização, garante que, no futuro, “o nosso objetivo é voltarmos a ser independentes como freguesia”.

Proposta de Tornada a vila
Atualmente Caldas da Rainha tem cinco vilas: A-dos-Francos, Foz do Arelho, Santa Catarina, Salir de Matos e Salir do Porto, e prepara-se para ter mais uma, Tornada. O processo está para tramitação na Assembleia da República e irá a uma das próximas reuniões da Assembleia Municipal para obter o parecer. “Na mesma união de freguesias a elevação ser comemorada no mesmo dia não faz sentido”, considera o deputado Hugo Oliveira, adiantando que o PSD e PS acabaram por propor o adiamento desta votação.
A festa contou com um lanche convívio com corte do bolo comemorativo e um concerto com Acordes no Páteo, integrado no Caldas Anima. ■

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